Passando pela suspensão das exportações do frango catarinense ao Japão até os bastidores do Universidade Gratuita, o governador Jorginho Mello (PL) analisou os primeiros seis meses de gestão durante o quadro Plenário, na rádio Som Maior, nesta quarta-feira. O fato que marcou o fim do período foi a suspensão, por parte do governo japonês, da compra de aves vivas e carne de frango do Estado após a identificação da gripe aviária em uma ave de Maracajá.

Jorginho esteve em Brasília junto a uma comitiva para tratar deste e de outros assuntos relativos à economia catarinense. Segundo o governador, a preocupação com a suspensão das exportações do produto foi levada ao Ministério da Agricultura e Pecuária como assunto prioritário.

– Os protocolos nos impõem, quando isso acontece, que se suspenda o fornecimento. A importância do mercado japonês é muito grande. É nosso segundo maior comprador. Depois, a maioria dos donos dos aviários são pequenos, da agricultura familiar. Fomos tratar com o ministro Carlos Fávero (PSD) e ele já tem uma missão para o Japão agora, na sexta-feira. O assunto para ser levado na pauta como primeiro assunto, são esses embargos de 18 dias feitos pelo governo japonês.

Resoluções para o Porto de Itajaí também estiveram em debate na Capital Federal. Classificado como “às moscas” pelo governador, Jorginho afirma que o porto itajaiense – cuja administração é municipal, caminha na contramão dos portos administrados pelo Estado – de Imbituba e São Francisco. Jorginho disse ter se posto à disposição para costurar soluções, o que não significa que haja tentativa de puxar a estrutura para o seio do governo do Estado. Em março, o ministro Márcio França (PSD) sinalizou que Itajaí manteria a administração do porto, que aguarda movimentações de Brasília para liberação de edital definitivo.

– Hoje o porto é municipal e temos que respeitar. Sempre estive ao lado do prefeito Volnei para ajudá-lo. Agora, como a coisa empacou, fui lá dizer ao ministro que eu quero ajudar na solução do encaminhamento que será dado, que será presidido pelo ministério de Portos e Aeroportos, eles que vão dar o caminho de como será feito, se será concessão, o que será feito. O que não pode é ficar como está.

A agenda administrativa não vai deixar Jorginho alheio das questões políticas e da preparação do PL para as eleições de 2024. Presidente estadual do partido, ele diz que não deixará o cargo.

– Temos uma bancada de 11 deputados estaduais, seis deputados federais, senador e governador. Temos que saber regional por regional os pontos fortes e pontos fracos, pois vamos atuar. Temos funcionários, executivos que trabalham. Já fiz reuniões com as bancadas diversas vezes para falar sobre crescimento e lideranças para trazer visando as eleições do ano que vem. Todo dia eu tenho solicitação de alguém para filiação no partido.

Jorginho evitou avaliar as projeções de lideranças do PL que estimam que a legenda pode eleger mais de 100 prefeitos com a força da máquina do governo e o ex-presidente Jair Bolsonaro como cabo-eleitoral. Acenou a partidos como MDB, PSD e Progressistas com possibilidade de alianças e coligações, lembrando que os partidos têm representantes no governo estadual.

– Com um arco de alianças desse tamanho, você tem que respeitar a individualidade de cada partido. Se em determinado município tem lideranças com melhores condições, por que não fazer uma composição para que quem ganhe seja a cidade? Temos 38 prefeitos, podemos fazer muito mais. Não faço número, mas quero crescer.

Durante a entrevista, Jorginho aproveitou para comemorar a aprovação do programa Universidade Gratuita, aprovado na última semana com apenas dois votos contrários na Assembleia Legislativa – de Marquito (PSOL) e Matheus Cadorin (Novo). Tido como o carro-chefe da campanha, o texto foi aprovado a muitas mãos; com 155 emendas propostas pelos deputados.

A mais relevante foi a divisão dos percentuais. De 80% a 20% respectivamente às instituições particulares sem fins lucrativos e particulares com fins lucrativos, o número passou a 75% e 25% para satisfazer as mantedoras das segundas. O governador categoriza a Alesc como parceira da proposta.

– Não pensei em retirar [os textos] da Assembleia porque a conversa sempre foi boa. A Assembleia tem o dever e a prerrogativa de avaliar, emendar, enfim. Esse é o processo Legislativo. E foi através do diálogo e da conversa. Essa discussão foi muito produtiva, muito republicana.

Por muitas vezes, o protagonismo na defesa do Universidade Gratuita partiu de parlamentares de outros partidos que não os de Jorginho – e que disputaram diretamente contra ele as eleições do ano passado; como é caso de Júlio Garcia e Napoleão Bernardes, ambos do PSD; Luciane Carminatti (PL), Camilo Martins (Podemos) e o presidente da Casa, Mauro de Nadal (MDB). O governador aplica à experiência de cada deputado a capacidade de articular em prol da matéria, sem tirar mérito da própria base do governo no Legislativo.

– A participação de todos deputados se dá conforme a experiência do parlamentar. Deputado de primeiro mandato está reconhecendo terreno. E tem deputados experientes, que têm muitos mandatos de parlamento e conhecem como ninguém. Procurei fazer com que a liderança do governo tivesse conversas francas, francas, conversasse com todos os partidos. Tínhamos que conseguir o objetivo que era esclarecer pontos que tinha dúvida. Foi uma construção coletiva.

Por outro lado, o Plano Carmen, que também foi uma promessa de campanha, não alcançou a meta. A ideia era zerar a fila das cirurgias eletivas acumuladas em seis meses, período que estourou neste mês de julho. Até agora, foram realizados 56 dos 105 mil procedimentos – pouco mais de 50% do total. Jorginho minimiza, afirmando que do total, a fila oncológica, ao menos, está zerada; assim como outras especialidades.

– Ninguém pode esperar quando tem câncer. Zeramos o cateterismo infantil, também. Agora estamos na parte ortopédica. Já operamos 60% do que tinha. Zerou as doenças mais graves. É um trabalho constante. A fila nunca vai acabar porque sai um e entra outro. Mas que fique um período muito curto de espera para que a doença não se estabeleça.

O fato não significa que a idealizadora, a secretária de Estado da Saúde Carmen Zanotto (Cidadania), não corresponda às expectativas do governador; nem muito menos os outros 22 nomes que compõem o secretariado do Estado – aos quais categorizou como “time de Pelés”. Compondo o elenco, o deputado federal Ricardo Guidi (PSD) assumirá o Meio Ambiente e Economia Verde no dia 1 de agosto.

– Escalamos um time de Pelé, que sabe jogar, tem ficha limpa. Alguns se destacam mais, outros menos. Algum problema nós ainda temos na questão de Administração Prisional, que é um lugar muito sensível e difícil de trabalhar.

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