O prefeito de Chapecó, João Rodrigues (Psd), deixa claro que não desistiu de ser candidato a governador. A decisão, no entanto, está condicionada à construção de uma forte aliança e o vínculo com a candidatura à reeleição do presidente Jair Bolsonaro (Pl), desvinculada do palanque armado pelo senador e pré-candidato a governador Jorginho Mello (Pl). Para isso, é fundamental a posição do empresário Luciano Hang, das Lojas Havan, pré-candidato a senador. Em entrevista ao quadro Plenário, na Rádio Som Maior, João Rodrigues garantiu que não vai “trair o povo de Chapecó por uma aventura”.
Amigo de Luciano Hang há mais de 20 anos, o prefeito chapecoense diz que tem conversado quase diariamente com ele sobre as eleições deste ano. Ressaltou que apoiará sua candidatura ao Senado e que gostaria de estar na mesma chapa, como candidato a governador. Nesse caso, com o empresário longe do Pl.
– Eu acho que a tendência do Luciano deverá ser algum partido que possa agregar ainda mais para a eleição do presidente Bolsonaro. Necessariamente, não seria o Pl. Estamos aguardando a definição dele e fazendo a escolha para um dos partidos que nós estamos aliados, com possibilidade do Pp (Progressistas), acho que é meio caminho andado para formarmos uma grande chapa. É uma opção pessoal do Luciano. O meu candidato a senador é ele. A questão de estarmos no mesmo palanque é possível, mas depende dele.
Na entrevista a Adelor Lessa e Upiara Boschi, o prefeito de Chapecó foi veemente ao descartar estar junto com Jorginho Mello na eleição estadual.
– O grupo no qual eu faço parte não será aliado do senador Jorginho Mello. Não estará no palanque. Nada contra a pessoa, muito pelo contrário, é questão de pensamentos divergentes com o que se refere a política. A aliança com o Jorginho inexiste. Não será possível. Se tem alguém que tem uma posição bolsonarista, e não é de agora, eu sempre tive quando era deputado federal. Eu não sou o político da moda. Presidente Bolsonaro deverá ter 70% do palanque de Santa Catarina para ele.
A ligação com Bolsonaro será mantida mesmo que o Psd lance candidatura própria à Presidência da Republica. Comandante nacional da sigla, Gilberto Kassab negocia a filiação do governador gaúcho Eduardo Leite (Psdb) para encarar a polarização entre Bolsonaro e o ex-presidente Lula (Pt). João Rodrigues, no entanto, deixou claro que o gaúcho não cabe em seu palanque.
– O jogo é muito aberto. O meu apoio ao presidente da república não está em discussão. Ele é aberto e público. No primeiro e segundo turno ao presidente Bolsonaro. O palanque do PSD de Santa Catarina em que eu estiver será do presidente Jair Bolsonaro. A minha posição é essa, e creio que 90 ou 100% do PSD de Santa Catarina deverá seguir o mesmo caminho.
Em relação ao ex-governador Raimundo Colombo, também pré-candidato ao governo pelo Psd, João Rodrigues informou que terá uma conversa com ele na próxima segunda-feira. Elogiou o colega de partido e disse que a definição deve ser sobre quem tem potencial de agregar mais alianças.
– A liderança do senador Raimundo Colombo, o apoio dele é fundamental para uma eleição de governo. Eu já o apoiei em dois momentos. Será tranquilo, não haverá problema algum.
Sobre o governador Carlos Moisés (Republicanos), o prefeito chapecoense elogiou a gestão – especialmente após a entrada do aliado Eron Giordani na Casa Civil. Disse que poderia apoiar sua reeleição caso não seja candidato.
– Eu tenho um carinho e respeito pelo governador Carlos Moisés. Eu sou muito grato ao governador. Não teria nenhum problema em apoiá-lo, só não o apoiaria se eu fosse o candidato ao governo.
Questionado se sua chapa dos sonhos teria, além de Luciano Hang ao Senado, o prefeito Gean Loureiro (União Brasil), de Florianópolis, como vice, João Rodrigues mudou a conversa rumo ao Sul e citou o prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro (Psdb). O tucano garante que não renunciará ao cargo para concorrer este ano.
– A chapa dos sonhos é tão grande que caberia mais pessoas. Estar com Luciano Hang na chapa já é 90% do caminho andado. A composição depende muito do entendimento dos partidos. Eu não não escolher ninguém até porque nem eu fui escolhido. Já pedi pro Clésio Salvaro ser candidato a governador. Pela amizade e carinho que tenho por ele seria maravilhoso se a gente pudesse formar tudo isso junto. Mas, temos que respeitar o sentimento pessoal do prefeito Clésio Salvaro.
Perguntado por Adelor Lessa sobre a angústia de ter que renunciar ao cargo de prefeito até dia 2 de abril para poder concorrer, João Rodrigues condicionou o gesto à construção de uma forte aliança.
– A pior decisão que a gente tem que tomar é essa. Eu estou preparado para isso desde que seja para o bem de Santa Catarina. É uma decisão que é necessária caso isso acontecer. É angustiante, mas não tenho esse medo não. A decisão não está tomada. Se os partidos entenderem que o meu nome seja o nome para encabeçar essa chapa, efetivamente, acabarei renunciando. Não estou condicionando nada a ninguém. O que eu não posso é trair o povo de Chapecó por uma aventura.
Ouça a íntegra da entrevista:
Sobre a foto em destaque:
Registro do apoio de Luciano Hang a João Rodrigues nas eleições para prefeito de Chapecó em 2020. O pessedista quer o empresário em sua chapa este ano. Foto: Facebook de João Rodrigues.