Com o direito de concorrer nas eleições cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é visto como um cabo eleitoral de luxo pelos dirigentes do PL – Waldemar da Costa Neto à frente – que esperam vê-lo rodar o país em 2024 para concluir nas eleições municipais o salto dado pelo partido ano passado. À reboque da campanha de Bolsonaro, derrotado pelo presidente Lula (PT) no segundo turno, a legenda tornou-se a maior da Câmara dos Deputados. Em 2020, ainda sem o ex-presidente, foi apenas o sexto partido em número de prefeitos eleitos pelo país – 345 dos 5.568.
Um ensaio dessa disposição foi a passagem de Bolsonaro por Santa Catarina no último final de semana. O ex-presidente não vinha ao Estado desde a véspera do segundo turno contra Lula, quando recebeu 69,2% dos votos válidos dos catarinenses, mas amargou em plano nacional a derrota por menos de dois pontos percentuais. Os roteiros pelo Mercado Público de Florianópolis e pela Festa do Agricultor e Motorista, em Ituporanga, mostram que sua popularidade continua em alta por aqui.
Foi ovacionado e tietado em ambos os locais e animou quem espera continuar contando com ele para subir os elevadores da política. Em Santa Catarina, o principal beneficiário é o governador do Estado e timoneiro do PL local, Jorginho Mello. O governador abriu as portas e os quartos da Casa d’Agronômica para hospedar Bolsonaro e sua comitiva. Foram dois dias suficientes para colocar a conversa em dia e mostrar ao eleitor bolsonarista que continua grudado ao líder. Na mesma, em 2019, o então governador Carlos Moisés (Republicanos) – eleito também pela Onda Bolsonaro – começava a dar a entrevistas a veículos nacionais em que se apresentava com um perfil político mais light do que cabo eleitoral. Movimento que lhe custou a rejeição do eleitorado bolsonarista e o desprezo do ex-presidente. Nada que esteja nos plano de Jorginho conquistar.
Aqui no Estado, o PL teve um desempenho aquém do esperado em 2020. Diante do desgaste dos partidos tradicionais e da implosão do PSL, o partido abrigou lideranças bolsonaristas dispostas a concorrer nos municípios. Elegeu 27 dos 295 prefeitos, ficando em quinto no ranking de legendas sempre liderado pelo MDB (96). No período, conquistou alguns nomes, como o prefeito de Balneário Camboriú, Fabrício de Oliveira (ex-Podemos) e chegou a 38 prefeituras. A meta, com Bolsonaro no time, é passar de 100. Para isso, o capitão precisará estar em campo.
Sobre a imagem em destaque:
Jorginho Mello leva Jair Bolsonaro para o teste de popularidade surpresa no Mercado Público de Florianópolis. Foto: Eduardo Valente, Secom-SC.