A ex-senadora e ex-ministra Ideli Salvatti (Pt) não deve disputar as eleições de outubro, mas continua atenta às movimentações de bastidores e ativa na construção do palanque catarinense para a candidatura presidencial de Lula (Pt). A petista foi entrevistada na manhã desta terça-feira no Plenário Podcast e fez uma defesa enfática de que a disputa interna entre o senador Dário Berger (Psb) e o ex-deputado federal Décio Lima (Pt) pela vaga de governador não rache a frente em construção reunindo Pt, Psb, Pdt, Pc do B, Psol, Pv, Rede e Solidariedade.
– Todos os partidos que compõem a frente estão convencidos de que a nossa potencialidade é manter a unidade. Porque não temos como fazer um enfrentamento aqui no Estado de Santa Catarina com as candidaturas que ja estão colocadas se nós nos dividirmos. A frente democrática tem potencial de ir para o segundo turno por conta de dois fatores. Primeiro pela conjugação de esforços de oito partidos. E também porque tudo leva a crer que esta será uma eleição nacional, nacionalizada, polarizada e que tem inclusive a perspectiva de ser resolvida em primeiro turno em termos de presidência da República. Com a polarização nacional sendo transplantada e pelo menos quatro nomes colocado nos outros cantos – Moisés, Amin, Jorginho, Gean – e com dificuldade de se acertarem, tudo que nós não precisamos é a gente se desacertar.
A ex-senadora afirma que a situação em Santa Catarina está sendo acompanhada pela direção nacional do Pt e que a definição deve ser breve. Ressaltando, sempre, a necessidade de que o bloco esteja reunido para ter viabilidade eleitoral.
– Só temos chance juntos. Vai chegar uma hora que vai ter que decidir. Se rachar a frente, vão fazer o quê? Vão sair com duas chapas divididas no campo? Aí está fora, está fora do cenário, fora da disputa.
Questionada sobre o movimento de Dário Berger de deixar o Mdb e filiar-se ao Psb como forma de garantir a candidatura a governador na frente de esquerda, Ideli disse que não houve esse compromisso com as demais legendas da frente. Pondera, inclusive, que Dário teria mais força se tivesse continuado emedebista.
– Se prometeram algo em nome dos outros sete partidos, eu não tenho conhecimento. Inclusive, quando o Dário ainda estava no Mdb, eu dei uma entrevista em que coloquei que o Dário tem um peso político também correspondente ao partido em que ele está. Uma coisa é o Dário no Mdb, que é um partido com capilaridade, prefeitos, vários parlamentares federais e estaduais. O Dário no Psb, um partido que não tem essa proeminência, tem diferença. Não estou tirando a legitimidade do Dário pleitear a cabeça-de-chapa, é legítimo. Mas, na ponta do lápis, o partido que tem mais estrutura e capilaridade dos oito que estão compondo a frente, não é o Psb.
Ao final da conversa, Ideli falou do manifesto que assinou junto com mulheres dos partidos da frente questionando a predominância de homens na construção da chapa majoritária da aliança. Bem humorada, reclamou das fotos das reuniões das legendas.
– As mulheres da esquerda estão incomodadíssimas, todas nós. Porque você pega as fotos das reuniões da frente e é só homem, branco, velho e todos usam camisa azul (risos). Foi uma movimentação legítima para chamar atenção. Não é possível. A chapa majoritária tem várias posições, governador, vice, senado, suplências. Não é possível que a gente não dê visibilidade.
Sobre a foto em destaque:
Ideli Salvatti diz que são união não há solução. Foto: Facebook de Ideli Salvatti.