Os planos traçados pelo PSDB catarinense para as eleições municipais do ano que vem passam pelo retorno às bases e aos municípios em que os tucanos têm lideranças consolidadas em busca de sucessão. A análise parte da deputada federal Geovânia de Sá, ex-presidente estadual do partido e atual presidente municipal em Criciúma. Segundo ela, a saída de nomes como o de Clésio Salvaro, em Criciúma, e Leonel Pavan em Balneário Camboriú – ambos rumados ao PSD, cria a necessidade de preencher essas lacunas com novas lideranças a serem mapeadas.

Em entrevista aos jornalistas Adelor Lessa, Maga Stopassoli e Upiara Boschi durante o Parlatório, na rádio Som Maior, a deputada explica que essa oxigenação parte de um diagnóstico feito por ela durante viagens pelo Estado, mediando as demandas municipais com a frente nacional do PSDB às vésperas das eleições.

– [Vejo] alguns municípios fortalecidos, prefeitos muito fortes, como em Novo Horizonte, Belmonte, de Pinhalzinho. Me parece que há, sim, uma vontade de botar um sucessor. Bem como nós temos municípios com alguma dificuldade, pois o próprio Estado, a região oeste tem uma força muito grande da esquerda, ainda fica naquela polarização e nós ficamos espremidos. Mas o PSDB realmente vem ganhando corpo e buscando lideranças.

Na medida que ganha lideranças, o PSDB também vem as perdendo. A exemplo dos tucanos do sul catarinense, que perderam o prefeito criciumense Clésio Salvaro para o PSD, e do litoral norte, que perdeu o ex-governador Leonel Pavan para a mesma legenda. Uma resposta para isso virá a partir da medição da temperatura eleitoral das lideranças e suas bases – e o partido não parece ter pressa para tal.

– Nós vamos buscar ver se lá em março os nomes que vão ficar no partido é que vamos ter uma leitura do cenário. Se esses nomes despontarem nas pesquisas, por que não serem candidatos? Temos que ter respeito ao prefeito Clésio, pois ele fez um caminho e nós temos que buscar outro. Se forem caminhos semelhantes, podemos continuar juntos.

Como um dos grandes nomes no sul catarinense, Geovânia não esconde a vontade de ser prefeita de Criciúma, própria cidade natal. A possibilidade de Carmen Zanotto (Cidadania) ser eleita em Lages e, assim, a titularidade a Geovânia, que ocupa a primeira suplência, dá mais segurança à tucana no jogo.

– Eu sempre me coloquei e nunca escondi a vontade de ser gestora da minha cidade. Todo político pode chegar ao Senado, à Câmara Federal ou Assembleia Legislativa. Mas ser gestor da sua cidade é o sonho de qualquer político. Se um dia vai se realizar, eu não sei, mas tudo tem sua hora.

Sendo do grupo político do prefeito Clésio Salvaro e não ter sido escolhida por ele para ser sucessora do projeto, Geovânia afirma que não se sente entristecida pela escolha de Arleu da Silveira (PSDB) como pré-candidato à prefeitura.

– Eu e o prefeito Clésio temos uma relação muito tranquila. Gosto de acreditar que ele gosta de me ter em Brasília para ser essa mediadora entre os prefeitos, vereadores, e está buscando um gestor. Respeito muito o Arleu, que é secretário, que é vereador da cidade. Disputei eleição com ele, e política é cenário, eleição é cenário.

Neste contexto, o PSDB tem a chance de lançar, em Criciúma, uma chapa pura envolvendo Geovânia e Acélio Casagrande (PSDB), ex-secretário municipal da Saúde, ou agarrar ao apoio do governador Jorginho Mello em lançar Acélio como vice de Ricardo Guidi (PSD). Questionada sobre qual possibilidade é mais factível, Geovânia afirma apenas que “tem respeito pelo próprio partido”.

– Vou respeitar meu partido. É o partido que estou e enquanto estiver nele, vou honrar. Tem que horar pai, mãe, o lugar que você está. E isso vamos honrar com certeza. Sempre digo: sempre com respeito.

Ainda, Geovânia comentou um momento de crise enfrentado por ela quando ainda era presidente estadual do PSDB, em 2021, quando enfrentou críticas por parte de evangélicos após classificar Eduardo Leite (PSDB) como “próximo presidente do Brasil” a uma plateia formada por conservadores mais alinhados ao bolsonarismo. A parlamentar afirma que se sentiu traída tanto por membros do partido quanto por membros da Assembleia de Deus – base eleitoral de Geovânia.

– Ser presidente do partido é um grande sacrifício. Tira o foco do seu mandato. Naquele momento, recebi o governador do Rio Grande do Sul e estava escolhendo alguém como gestor público, como um grande gestor. Só que toda a oportunidade, numa reunião fechada, eu me senti muito traída naquela situação. Sofri muito e isso fez com que não ficasse só na igreja que frequento. Foi de todos os lados, pessoas dentro da igreja que viram uma oportunidade.

Confirma na íntegra o Parlatório com Geovânia de Sá:

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