As eleições de 2018 colocaram na berlinda o peso do horário eleitoral gratuito na decisão do voto. Jair Bolsonaro, à época no nanico Psl, precisou de oito segundos na televisão – e de uma ampla e bem organizada rede de WhatApp – para chegar aos eleitores e virar onda em Santa Catarina, catapultando o então desconhecido Comandante Moisés, com os mesmos oito segundos na telinha, para o segundo turno. As eleições municipais, em meio à pandemia do coronavírus, sinalizaram algum retorno à normalidade, mas a epidemia de reeleições de prefeitos pode ter mascarado os resultados.
Assim, 2022 é um teste de fogo para antiga força área da campanha eleitoral.
Nesse contexto, as eleições para o governo do Estado devem apresentar um equilíbrio maior entre as candidaturas mais robustas. As alianças mais pulverizadas se refletem na estimativa do tempo com que cada candidato vai contar nos programas eleitorais e – especialmente – nas inserções durante a programação de emissoras de rádio e televisão. Quatro candidatos ao governo vai dominar a telinha e as ondas radiofônicas com 83% dos espaço no horário eleitoral.
Na frente, está o ex-prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro (União), que terá direito a cerca de 2 minutos e 25 segundos em que cada bloco de 10 minutos nos programas eleitorais – e o equivalente nas inserções. Logo depois, aparece o ex-deputado federal Décio Lima (Pt) com 2 minutos e 14 segundos. O governador Carlos Moisés (Republicanos), candidato à reeleição, crava 2 min, enquanto o senador Esperidião Amin (Progressistas) alcança 1 minuto e 41 segundos.
O tempo dos quatro candidatos reflete as alianças conquistadas. Depois deles, surgem os candidatos de partidos isolados, todos com menos de 1 minuto em cada programete. O senador Jorginho Mello (Partido Liberal) terá 45 segundos, pouco mais que os 39 segundos do ex-deputado federal Jorge Boeira (Pdt). O promotor Odair Tramontin, do Novo, terá 16 segundos. Os candidatos Leandro Borges (Pco) e Professor Alex Alano (Pstu) não estarão presentes no horário eleitoral porque seus partidos não elegeram deputados federais em 2018.
Também registrado como candidato a governador na Justiça Eleitoral, o defensor público estadual Ralf Zimmer (Pros) aguarda decisão judicial sobre quem fica com o comando nacional do Pros – se o grupo ligado à candidatura presidencial de Pablo Marçal ou se o grupo que pretende coligar com o ex-presidente Lula (Pt). No momento, está no controle da legenda o grupo lulista – em Santa Catarina, o partido foi registrado na coligação de Moisés.
Se recuperar o comando da legenda, Zimmer mexe pouco no tempo de televisão. Ele teria os mesmos 16 segundos de Tramontin, enquanto Moisés perderia cerca de 10 segundos e os demais candidatos ficariam com um segundo a menos.
O cálculo do tempo no horário eleitoral leva em consideração o número de deputados federais eleitos pelos partidos em 2018 e o tempo de 10 minutos para os candidatos a governador em cada programa eleitoral. Desse período, 9 minutos são divididos de acordo com a proporção partidária e 1 minuto é repartido por igual entre os candidatos.
Veja como fica a estimativa do horário eleitoral:
Gean Loureiro (União, Psd e Patriota):
2min25s
Décio Lima (Federação Pt/Pc do B/Pv, Psb e Solidariedade)
2min14s
Moisés (Republicanos, Mdb, Podemos, Avante, Psc, Pros e Democracia Cristã)
2min00s
Esperidião Amin (Progressistas, Federação Psdb/Cidadania e Ptb)
1min41s
Jorginho Mello (Partido Liberal)
45 segundos
Jorge Boeira (Pdt)
39 segundos
Odair Tramontin (Novo)
16 segundos
Obs: Se Ralf Zimmer (Pros) tiver a candidatura homologada pela Justiça Eleitoral terá 16 segundos. Sem o Pros e com a redistribuição do tempo igualitário, Moisés ficaria com 1min50s.
Sobre a imagem em destaque:
Em A Persistência da Memória, Salvador Dalí mostrou relógios que derretiam. O horário eleitoral em 2022 vai provar na prática se derrete como quatros anos atrás ou se volta a ter o mesmo peso na definição do voto.