A campanha eleitoral está oficialmente nas ruas desde 16 de agosto, mas a arrecadação dos candidatos a governador começa agora a ganhar a dimensão de uma disputa pelo poder em Santa Catarina. Até a noite de domingo, o site de divulgação de candidaturas do Tribunal Superior Eleitoral (Tse) indicava que os sete principais postulantes na disputa pelo governo estadual já haviam arrecadado R$ 15,2 milhões. Os três líderes em arrecadação têm muito a agradecer a seus partidos – e aos polêmicos fundos partidário e eleitoral.
O líder disparado em arrecadação neste começo de campanha eleitoral é o candidato Jorginho Mello (Partido Liberal). Até agora, ele recebeu 11 doações que somam R$ 6,14 milhões. A maior parte desse valor veio da direção nacional do Partido Liberal (Pl), que remeteu R$ 6 milhões para Jorginho encarar a disputa pelo cargo de governador. Os recursos vêm todos do fundo partidário – o valor que as legendas recebem anualmente da União para custear suas despesas, não apenas em período eleitoral, criado por lei federal de 1995. Além da generosidade do Pl, também chamam atenção nas doações os R$ 6,9 mil do próprio Jorginho e os R$ 100 mil de outro candidato da majoritária: o empresário Adrian Censi, da Blukit, que é segundo suplente de senador na chapa de Jorge Seif (Pl).
Entenda a diferença entre fundo partidário e fundo eleitoral neste texto do Tse.
O segundo colocado na corrida da arrecadação é o candidato Gean Loureiro (União/Psd/Patriota), também vitaminado por recursos públicos. Ele tem, por enquanto, R$ 3,37 milhões para a campanha eleitoral, divididos em quatro doações. Gean recebeu, em dois repasses, R$ 3,35 milhões da direção nacional do União Brasil – recursos do fundo eleitoral. Além disso, outros R$ 10 mil vieram do diretório estadual do União, originários do fundo partidário.
Na terceira posição, está Esperidião Amin (Progressistas/Psdb/Ptb). Até agora, ele tem apenas uma doação, feita pelo diretório nacional do Progressistas, no valor de R$ 2,34 milhões. Os recursos também são do fundo eleitoral.
O governador Carlos Moises (Republicanos/Mdb/Podemos/Avante/Psc/Dc) aparece em quarto na lista de arrecadação até agora, com R$ 1,89 milhão. A maior parte desses recursos, no entanto, foram doados por dois empresários do Sul do Estado. O empresário Ricardo Brandão, da Brametal, doou R$ 1 milhão para a candidatura – valor o que colocou nas listas de maiores doadores do país. A segunda doação foi de Alexandro Willeman, da Delupo, com R$ 500 mil. Brandão e Willeman integravam o grupo de empresários do Sul de Santa Catarina que foram recebidos pelo governador para um jantar em 6 de julho, quando declararam apoio à reeleição de Moisés.
Além deles, o empresário paulista Rubens Ometto Silveira Mello, da Cosan – que atua nas áreas de energia e gás natural – doou R$ 100 mil para a campanha. Em recursos públicos, Moisés recebeu até agora R$ 260 mil do diretório estadual do Republicanos, provenientes do fundo partidário. A campanha do governador ainda negocia com a direção nacional do Republicanos o repasse de recursos – conversas tensas, de acordo com informações de bastidor.
Quinta colocada em recursos arrecadados até agora, a campanha de Décio Lima (Pt/Psb/Pc d B/Pv/Solidariedade) também foi irrigada pelo fundo eleitoral. A campanha do petista tem, até agora, apenas uma doação, feita pelo diretório nacional do Pt, no valor de R$ 1,25 milhão.
Longe do milhão, aparece em sexto lugar Odair Tramontin (Novo). O candidato do Novo recebeu até agora R$ 142,6 mil em 33 doações. As duas maiores vem do próprio Novo, mas não tem como origem os recursos dos fundos partidários e eleitoral. É bandeira da legenda não utilizar recursos públicos para custear a burocracia do partido e campanhas eleitorais. Assim, o diretório estadual do Novo repassou R$ 22,4 mil a Tramontin, originários de uma doação do empresário Wolfgang Rudolph. O diretório do partido em Blumenau encaminhou outros R$ 20 mil, doados pelo empresário Jorge Censi.
Por fim, quem menos arrecadou recursos para a campanha até agora foi Jorge Boeira (Pdt). Empresário do setor metalmecânico, até agora ele é o financiador da própria campanha. Dos R$ 98 mil arrecadados até agora, R$ 88 mil foram doados por ele mesmo. O restante, foi a filha.