A redução da janela de plantio de soja de 140 para 100 dias faz parte de uma política de transição à sustentabilidade na agricultura, segundo o coordenador-geral do Desenvolvimento Agrário de Santa Catarina, José Fritsch (PT). O vazio sanitário adotado em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul na última semana estipula que os produtores têm, neste biênio, até o dia 29 de dezembro para semear a soja.
A fala é uma reação às críticas do deputado federal Rafael Pezenti (MDB), que vem cobrando do Ministério da Agricultura uma flexibilização da data em Santa Catarina. Segundo ele, o novo calendário prejudica produtores rurais que plantam soja no final das colheitas de cebola e fumo, que avançam para além da nova data limite.
O modelo foi adotado no Mato Grosso, através de ação do Ministério Público, para controlar doenças e fungos nas safras. A ampliação para demais Estados ainda partiria de uma série de estratégias da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e do ministério da Agricultura “em direção da agricultura sustentável”. Fritsch inclui, além do vazio sanitário, a ampliação no uso de bioinsumos – o que mexe no bolso de quem vende ou depende de agrotóxicos.
– Quando o período de plantação da soja avança demais dentro do calendário, temos crescimento exponencial de fungos bactérias na agricultura. Pra combater isso são necessárias altas cargas de agrotóxicos. A principal reação vem de empresas de vendas de agrotóxicos, que não tem interesse que isso vigore. Se tu plantas soja e depois milho, ou outra produção, ou mesmo grama de recuperação solo de rotação de cultura, isso diminui uso de veneno pra produção. Começa a ter equilíbrio na relação com fungos e insetos por conta que tem uma situação de alta concentração de produção.
Fritsch afirma que, frente ao crescimento não só da ferrugem asiática, mas de outras doenças em Santa Catarina nos últimos anos, a Embrapa teria pesquisado e solicitado o vazio sanitário para a soja; que permite outras culturas no lugar. Segundo ele, o aumento na produtividade tapa o buraco na arrecadação do produtor.
– Tem impacto direto, mas não pro cofre do Estado. Vai exigir dos produtores um maior planejamento dos plantios e da necessidade de plantar outras variedades para promover um maior equilíbrio nas lavouras. O que ganha é a saúde da terra, da agricultura e ganha a produtividade.
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Superintendente do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) em Santra Catarina, José Fritsch. Foto: Rodolfo Espínola/AgênciaAL