Há dissabor nas chapas majoritárias dos dois extremos que disputarão as eleições de outubro em Santa Catarina. À esquerda, o vereador por Florianópolis e candidato ao Senado Afrânio Boppré (Psol) utilizou as redes sociais para mostrar seu descontentamento com o fato de não ter marcado presença no palanque durante o comício do ex-presidente Lula, realizado na tarde de domingo. Já do outro lado, o ex-secretário nacional da pesca, Jorge Seif (Partido Liberal) foi criticado pelo presidente estadual do Ptb, Kennedy Nunes, em razão de uma suposta “blindagem” por ele feita à imagem do presidente Jair Bolsonaro (Partido Liberal). Kennedy também concorre ao mesmo cargo numa corrida por fora, buscando vincular sua imagem à de Bolsonaro.
No campo da esquerda, Afrânio aproveitou as vaias direcionadas ao candidato oficial da Frente, Dário Berger (Psb), durante sua apresentação e discurso durante comício, para fortalecer seu nome como opção verdadeiramente à esquerda ao Senado.
— Hoje, fui impedido de subir no palanque de Lula, por exigência de outro candidato. Mas isso não me abate. Lula e todo mundo sabe do empenho do Psol e da Rede Sustentabilidade pela sua vitória no 1⁰ turno. No meio do povo, fui recebido com muito carinho. Nossa aliança é feita na rua, nos movimentos, na resistência, nas urnas e nas redes. Ninguém larga a mão de ninguém! — Escreveu.
Procurado pela reportagem, o candidato do Psol disse não entender a razão do preterimento de seu nome em razão de Dário, relembrando decisões passadas do atual senador que não condizem com pautas da esquerda.
— Também gostaria de saber. Sou coerente. Jamais votaria no impeachment da Dilma, nas reformas anti populares de Temer e Bolsonaro (trabalhista, teto de gastos, previdência, armamentos etc… Sou de esquerda. Sou Lula. — Finaliza.
Por meio de assessoria de imprensa, a equipe de Dário diz que o procedimento é comum em campanhas nacionais.
— Afrânio não subiu no palanque porque é um procedimento padrão da campanha nacional. No Rio de Janeiro, [Alessandro] Molon, candidato do Psb (que está coligado na chapa estadual com o Pt) não subiu no palanque. Apenas Ceciliano (candidato oficial do Lula ao Senado subiu). O mesmo ocorreu aqui.
Na direita, o candidato do Ptb ao seado Kennedy Nunes também foi ao Instagram para acusar o também candidato Jorge Seif de usar a justiça para impedir que utilizasse espaço de propaganda eleitoral para pedir votos ao presidente Jair Bolsonaro.
— Adivinha. O carioca Jorge Seif, que apareceu agora em Santa Catarina está usando a Justiça para me proibir de pedir voto para o presidente Bolsonaro. Você chegando agora ao Estado e proibindo alguém que luta contra isso há muito tempo antes de você aparecer, contra os abusos do STF… Você não sabe nada Seif, sobre Santa Catarina. Em 2018, sofri uma ação interna no partido ao qual era filiado, o Psd, pois naquela época eu já pedia votos ao Bolsonaro. Se em 2018 eu enfrentei o partido para isso, não é agora que não vou pedir também — disse em vídeo.
Seif, por sua vez, nega que queira impedir Kennedy de pedir votos para Bolsonaro. Para o ex-secretário nacional da pesca, a solicitação judicial foi feita para tirar do ar um vídeo, vinculado em horário eleitoral, em que Kennedy o ataca.
— Nesse vídeo ele desqualificou a minha imagem e a do Bolsonaro. Foi isso. O que eu pedi foi para pararem com as ofensas, simples assim. A ação não pede e a decisão e não impede que ele peça voto para o presidente. É mais uma tática da velha política que ele tá usando.
O pedido de Seif foi acatado ainda na tarde de domingo.