A confirmação ainda precisa de ajustes na composição da chapa de deputados federais e de uma conversa com a direção nacional em Brasília, provavelmente na quinta-feira, mas a verdade é que o governador Carlos Moisés já escolheu seu destino partidário. É o Republicanos, com quem flerta desde 2020 e já teve uma tentativa frustrada de filiação em outubro do ano passado. A conversa avançou nos últimos dias, especialmente depois que o empresário Luciano Hang, das Lojas Havan, desmarcou a entrevista marcada para dia 10 de março, quando anunciaria a filiação à legenda. Os termos do acordo estão muito próximos e indicam que Moisés vai optar pelo próprio instinto em vez de seguir a construção política feita para que migrasse para o tradicional Mdb ou para o emergente Podemos.

Moisés e o presidente estadual do Republicanos, deputado estadual Sérgio Motta, tiveram uma longa conversa na quinta-feira que avançou à madrugada. O governador quer o 10 e o parlamentar quer garantir a eleição de deputados federais e a própria reeleição. Com a indefinição de Luciano Hang, ele voltou os olhos para os pré-candidatos a governador. Antes de encontrar Moisés, ouviu do senador e pré-candidato do Partido Liberal (Pl), Jorginho Mello, quer tinha nomes para oferecer à chapa, mas que precisava de mais algumas semanas para equalizar as questões internas do partido. Assim, Motta focou no governador.

Ao contrário de outubro, agora Moisés abre mão de exigir o comando estadual do partido. Assim, as conversas focam a definição das chapas. Inicialmente, o Republicanos queria que dois nomes mapeados pelo governador para concorrerem a deputado estadual fossem deslocados para a chapa federal: Luciano Buligon, ex-prefeito chapecoense e atual secretário de Desenvolvimento Econômico, e Lucas Neves, ex-vereador lageano e hoje assessor especial da Casa Civil. Com eles no time se somando ao deputado estadual Coronel Mocellin e o secretário Claudinei Marques, da Assistência Social, o Republicanos acredita que garante a eleição de um deputado federal e belisca a segunda vaga.

Antes, o nome mais forte que Moisés oferecia era o do secretário Lucas Esmeraldino, da Articulação Nacional, que continua no pacote. A mudança na chapa não foi definida ainda e até a possibilidade de que o deputado estadual Ismael dos Santos (Psd), que vai concorrer a deputado federal, migre para o Republicanos, foi colocada na mesa. O parlamentar admite que foi chamado a conversar, mas que a movimentação não foi além disso.

O que facilita o acordo entre Moisés e Motta é o temor do deputado estadual de esperar por uma definição de Hang e acabar na xepa. Camilo Martins, presidente estadual do Podemos, também andou pela Casa d’Agronômica durante a semana. Nas últimas semanas, o grupo mais próximo do governo Moisés dentro do partido enfrentou as resistências da ala liderada pelo ex-deputado federal Paulo Bornhausen e construiu as condições – nacionalmente e no Estado – para adesão ao projeto de reeleição do governador. Uma construção liderada pelo secretário da Casa Civil, Eron Giordani e pilotada no coração do governo. A ideia era a filiar Moisés no Mdb ou no Podemos e fazer a composição que somasse os dois partidos, o Republicanos e o Psdb.

Entre o instinto e a construção que lhe caiu no colo, Moisés preferiu seguir o primeiro. Resta saber quais as possíveis consequências dessa decisão, já que ao seguir rumo ao Republicanos o governador desdenha de uma articulação que rachou o Mdb, maior partido do Estado, e que arrancou da oposição o arredio Podemos. Ficou claro que não importa o que aconteça ao redor, Moisés comanda seu destino político. E agora, o comandante Moisés vai ter que lidar com suas escolhas.


Sobre a foto em destaque:

Júlio Cavalheiro, Secom.

Compartilhar publicação: