Palco frequente de desastres naturais ligados a fenômenos climáticos, Santa Catarina marcou presença na sessão de debates temáticos realizada na quinta-feira pelo Senado para tratar do assunto com autoridades e especialistas de todo o Brasil. Proposto pelo senador Esperidião Amin (PP), que presidiu a sessão, o encontro teve a participação do senador Jorge Seif (PL), da deputada federal licenciada e secretária estadual da Saúde, Carmen Zanotto (Cidadania), do secretário estadual de Defesa Civil, Coronel Armando (PL), da secretária estadual de Articulação Nacional, Vânia Franco (PL), do deputado estadual Pepê Collaço (PP) e do prefeito de Coronel Freitas, Delir Cassaro (PSD).
Em sua participação, Pepê Collaço expressou sua preocupação com os impactos em Santa Catarina e alertou sobre as enchentes em Tubarão e a necessidade de redragagem do rio. Além disso, revelou a possibilidade de alocação de 0,5% do orçamento estadual, como forma de duodécimo, para desastres naturais nos municípios em situação de emergência. A proposta de emenda à Constituição Estadual foi apresentada pelo deputado estadual Camilo Martins (Podemos) e está em tramitação na Assembleia Legislativa. A ideia é inovadora e auxiliaria em momentos difíceis como as enchentes em dezenas de municípios catarinenses deste ano.
Esperidião Amin ressaltou que o ano de 2023 já garantiu lugar de destaque nos registros de evolução do clima no planeta, tendo em vista a ocorrência de eventos climáticos extremos em algum lugar do mundo, com a ocorrência de chuvas intensas, secas extraordinárias, temperaturas anormalmente altas ou excessivamente baixas.
— No Brasil não foi diferente. Em fevereiro, 64 pessoas morreram por causa das fortes chuvas no litoral norte de São Paulo. Em junho, também por causa das chuvas, mais de 16 mil pessoas ficaram desabrigadas no Sul do país. Em abril, as chuvas castigaram o Acre e a Bahia, e assim foi ao longo do ano, sem excluir o meu estado, que fica na região sul, Santa Catarina.
Em contraste, lembrou o senador, a região amazônica está passando agora por uma seca sem precedentes. Em meados deste ano, a medição do Rio Negro, em Manaus, registrou o ponto mais baixo desde 1902, de 13,59 metros, ressaltou.
— As imagens que foram veiculadas são impressionantes, pelo contraste com a abundância de águas que sempre associamos à Amazônia. Quanto às temperaturas, este ano tivemos o Inverno mais quente dos últimos 62 anos no Brasil. No Hemisfério Norte, o Verão de 2023 foi o mais quente jamais registrado.
As razões desses fenômenos são complexas, envolvendo tanto os fatores climáticos, que são cumulativos e de longo prazo, relacionados a mudanças climáticas, quanto fatores cíclicos e mais pontuais, como o conhecido El Niño, combinado com o aquecimento anormal das águas do oceano Atlântico, que foi observado este ano e pode ter parte de culpa na seca que afeta a Amazônia, disse Esperidião Amin.
— É necessário refletir sobre propostas que possam aprimorar ferramentas de prevenção e de reação, a fim de diminuir os efeitos negativos causados pelos desastres naturais que tantas vezes se seguem a esses fenômenos climáticos extremos. E quando consideramos a nossa capacidade de respostas aos desastres naturais, não devemos olhar apenas para eventos pontuais, devemos também começar a nos preparar para enfrentar desafios ainda mais graves associados com as mudanças climáticas, sejam elas determinadas por fatores mais estruturantes do clima planetário, sejam elas causadas por efeitos cíclicos como o El Niño — afirmou.
Ainda entre os catarinenses, Vânia Franco registrou que o Estado está sendo assolado e passa por situação extremamente difícil nos últimos 20 dias em decorrência dos desastres naturais, enquanto Carmen Zanotto disse que o tema saúde precisa estar agregado nas questões dos fenômenos climáticos, tendo em vista a tendência de ocorrência futura de momentos mais complexos que o atual. Seif falou que é preciso educar a sociedade e ajudar os prefeitos a dragar os rios, visto que muitas enchentes e catástrofes que ocorrem e afetam a população catarinense “são por conta das cheias dos rios que estão muitas vezes com sofás, com carros e lixo”, o que compromete a vazão das águas.
Em vídeo exibido durante a sessão, o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços Geraldo Alckmin afirmou que as mudanças climáticas já são uma realidade que afeta a vida de milhões de pessoas, causando perdas humanas e materiais. Em todos os quadrantes do globo, a ocorrência desses fenômenos vem desafiando a capacidade de resposta e da sociedade tanto na prevenção de desastres como na mitigação de seus danos, afirmou.
— De um lado precisamos descarbonizar, por meio de uma arrojada agenda de desenvolvimento sustentável que inclui transição energética, combate ao desmatamento ilegal, organização de um mercado global de créditos de carbono e o estímulo ao florescimento de negócios baseados na bioeconomia, reduzindo as emissões de gases de efeito estufa. De outro, é necessário aprimorar a capacidade de resposta de nossos territórios às mudanças do clima. Nos centros urbanos, precisamos fortalecer a resiliência de nossas infraestruturas, estimular a mobilidade coletiva, proteger as áreas de encostas, investir no saneamento básico e implementar bons projetos habitacionais. No campo, recompor áreas degradadas, estimular a integração pecuária/lavoura/floresta e atender especialmente os nossos pequenos agricultores, que põem comida na mesa dos brasileiros todos os dias e que são os que mais sofrem com as quebras de safra – afirmou.
Sobre a imagem em destaque:
Esperidião Amin apresenta o deputado estadual Pepê Collaço ao senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS). Foto: Bela Rodrigues, Divulgação.