O União Brasil, composição entre o tradicional Democratas e emergente Psl, deu o mais importante passo para se tornar realidade na quarta-feira. Em convenção conjunta, os partidos aprovaram a fusão das duas legendas, que agora precisam apenas do aval do Tribunal Superior Eleitoral (Tse) para se tornarem uma só. O encontro em Brasília produziu uma fotografia do novo partido que vai além das figuras do caciques Luciano Bivar (Psl) e ACM Neto (Democratas), presidentes nacionais do Psl e do Democratas, e que indica para onde vai a nova legenda. Essa fotografia mostra claramente que o prefeito florianopolitano Gean Loureiro (Democratas) é o rosto do União Brasil em Santa Catarina.

Pré-candidato a governador, Gean Loureiro é o único catarinense entre os dirigentes nacional do União Brasil. Ele foi incluído entre os 16 membros titulares da executiva do partido, ao lado de nomes como Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, e Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro da Saúde. Como anunciado previamente, o novo partido terá Bivar como presidente e ACM Neto como secretário-geral, mas é nítida a predominância do Democratas na cúpula – sintoma, provavelmente, do maior número de quadros de densidade política do partido que tem como ancestral o antigo Pfl.

Nos próximos dias serão definidas as posições estaduais do União Brasil. Não foi anunciado, mas está definido que Gean será o presidente estadual do partido. Nas condições postas pelo Democratas para fechar a fusão estava que nos Estados onde o partido tivesse pré-candidato a governador ele seria o comandante local. Em Santa Catarina, o Psl tem como presidente estadual o deputado federal Fábio Schiochet, que apresentava como prioridade para 2022 a composição de chapas para deputado federal e estadual. Conversou com Gelson Merisio (Psdb) e Jorginho Mello (Pl) para alianças nas eleição para governador, mas acertou tranquilamente os ponteiros com Gean logo que surgiram as primeiras conversas sobre a fusão. Os projetos não colidem.

A situação de Schiochet deve ser equalizada, com a indicação para outra função. A prioridade do parlamentar é a reeleição. Enquanto isso, Gean ganha uma carta importante no jogo da sucessão estadual. O União Brasil – apesar desse nome genérico – passa a ser o maior partido do Congresso Nacional. Terá o maior tempo no horário eleitoral, as maiores fatias de fundo partidário e eleitoral. Por mais que em Santa Catarina seja a soma de duas legendas com pouca capilaridade – prefeitos e vereadores -, Gean melhora suas condições na mesa de negociações com outros partidos para aliança e ganha condições melhores para atrair candidato a deputado federal e estadual. Nos próximos meses veremos sua habilidade no uso dessa carta, especialmente quando for composta a chapa para as eleições proporcionais.

Em nível nacional, o União Brasil ainda titubeia nas posições. O mais relevante na convenção dupla foi segurar o ímpeto do grupo bolsonarista, liderado pelo ministro Onix Lorenzoni (Democratas do Rio Grande do Sul) que queria uma posição favorável ao presidente na reunião. Não conseguiu, mas deve ficar na legenda com a garantia de que poderá concorrer ao governo gaúcho apoiando a reeleição de Jair Bolsonaro. Como se vê, o União Brasil herda do Democratas certo pragramatismo e do Psl uma simpatia pelo bolsonarismo. O fruto não cai longe do pé.


Sobre a foto em destaque:

Convenção conjunte do Democratas e do Psl encaminhou fusão que dará origem ao União Brasil. Foto: Flickr da bancada federal do Democratas, sem indicação de autoria.

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