O ex-governador Eduardo Pinho Moreira acha que o Mdb errou ao transformar em disputa interna o que deveria ser a construção de um projeto para 2022. Em entrevista à Live Parlatório, da Rádio Som Maior, o emedebista negou que a informação de que um acerto havia sido firmado entre os colegas de partido Antídio Lunelli, Celso Maldaner e Dário Berger para formarem uma chapa pura encabeçada pelo prefeito de Jaraguá do Sul nas eleições de 2022.

– Eu tive o cuidado de ligar para o Ari Vequi (prefeito de Brusque). Ele disse que a reunião havia sido em Brusque e terminou sem entendimento, quando Dário, Antídio e Celso entraram em seus carros e foram ao seus destinos – disse Moreira, que chamou de “amadorismo” o anúncio do suposto entendimento.

Na entrevista aos jornalistas Upiara Boschi, Adelor Lessa e Everaldo Silveira, o ex-governador avaliou que o nome de Antídio Lunelli já esteve mais forte no Mdb e que o senador Dário Berger tem chance de ficar com a vaga, desde que mobilize “seu time”. Sobre a chance de que o Mdb apoie a reeleição do governador Carlos Moisés (ex-Psl) – dentro ou fora do partido – disse que já achou essa opção menos possível do que hoje. Ele também falou sobre a espera pela confirmação da nomeação para compor a diretoria do Banco Regional do Extremo Sul (Brde) feita em agosto por Moisés e ainda em avaliação no Banco Central. Garantiu que a indicação não não está atrelada a apoiar o projeto de reeleição do governador.

– O Moisés, quando me convidou em agosto, disse que respeita meu partido e que a decisão que tomaremos lá na frente é uma, mas que o convite era para ajudar ele a fazer um bom governo agora – garantiu Pinho Moreira.

O ex-governador admite que a confirmação de seu nome para o banco estatal demorou mais o que o previsto, mas continua otimista. O nome de Pinho Moreira foi enviado pelo Brde ao Banco Central em 24 de agosto, quando foi aberto um prazo público para contestações. Por lei, o Banco Central tem 60 dias de prazo para avalizar a indicação feita pelo Estado. O ex-governador disse que lhe foi informado pelo Brde que o prazo começou a contar apenas no 13 de outubro, quando foi entregue a documentação completa ao Banco Central.

Não deveria demorar tanto. O comitê de elegibilidade da Casa Civil disse (em agosto) que eu não tinha formação acadêmica para o cargo de diretor do Brde. Demorou 20 dias aqui em Florianópolis. Aí eu fui almoçar com o secretário da Casa Civil, Eron Giordani, e ele informou que essa não era uma decisão de governo. Então, liguei para o diretor do Brde do Paraná, Luiz Carlos Borges da Silveira, e ele me informou que sua formação também era em medicina. Depois, liguei para o Otomar Vivian, diretor do Brde do Rio Grande do Sul, e ele informou que sua formação era em educação física. Foi um equívoco no comitê de elegibilidade da Casa Civil. Aí ok, mandaram para o Brde e em oito ou nove dias o comitê aprovou minha nomeação, agora está no Banco Central aguardando aprovação – explicou Eduardo Pinho Moreira.

A possibilidade de assumir o Brde não muda os planos de concorrer a deputado estadual em 2022. Ao comentar a decisão de disputar vaga na Assembleia Legislativa depois de ter sido governador do Estado, Pinho Moreira admitiu que existe uma atual concentração de poder no parlamento estadual que influenciou na escolha, mas que o maior peso foi por uma questão de espaço regional. Não sobrou espaço para a vaga de deputado federal porque os atuais deputados estaduais emedebistas Ada de Luca e Luiz Fernando Vampiro (licenciado para ocupar a Secretaria de Educação) já se lançaram para disputar cadeiras em Brasília.

– Eu imaginava lá atrás que a minha experiência permitiria um perfil para deputado federal. Já fui deputado duas vezes, conheço Brasília. Essa é uma condição que eu imaginava, mas a Ada e o Vampiro se lançaram e o espaço ficou ocupado – justificou Pinho Moreira.

Mesmo sendo um nome do Sul do Estado, Pinho Moreira planeja executar uma campanha estadualizada. Acredita que a experiência no Brde, mesmo que curta, será importante nessa construção e defendeu de antemão a implantação de uma agência da instituição em sua região – a única do Estado, segundo ele, em que a instituição está ausente.

– Eu vou ser diretor do Brde porque é uma experiência interessante. Acho que a razão de Moisés ter me convidado é justamente essa representatividade que o Brde de Santa Catarina precisa ter. E eu conheço o banco porque eu fui presidente do Codesul, o dono do Brde (O Conselho de Desenvolvimento e Integração Sul é sempre presidido por um dos governadores que formam a instituição: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul). Eu quero estar no banco para conhecê-lo durante cinco, seis, sete meses, o período que for necessário – ressaltou Pinho.

Na entrevista, Pinho Moreira também fala sobre as eleições de 2018, quando estava no comando do Estado e desistiu de concorrer a governador para não criar um racha com o então deputado federal Mauro Mariani, que acabou sendo o candidato do Mdb e ficou em terceiro lugar. O ex-governador afirmou que hoje avalia que errou ao decidir não enfrentar a disputa interna. O emedebista acredita que teria sobrevivido à Onda 17 que levou o desconhecido Moisés ao segundo turno contra Gelson Merisio (ex-Psd, hoje no Psdb).

– O segundo turno teria sido entre eu e o Gelson Merisio. Eu tenho certeza. Políticos comentem erros. Em 2010, não. Ali eu desisti depois de ganhar a prévia do Dário, mas o Luiz Henrique (da Silveira, ex-governador) me deixou pendurado no pincel. Mas em 2018 talvez tenha sido um dos erros que eu posso ter cometido na política – afirmou.

Veja a íntegra do Parlatório com Eduardo Pinho Moreira (Mdb):


Sobre a foto em destaque:

Crítico das prévias para escolha do candidato do Mdb ao governo do Estado, Eduardo Pinho Moreira discursa em evento do partido. Foto: Facebook de Eduardo Pinho Moreira.


* Conteúdo produzido por Jefferson Carvalho, estudante de Jornalismo da Univali, com supervisão, edição e texto final de Upiara Boschi.

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