No sábado, o Pt catarinense promoveu na Assembleia Legislativa o lançamento da pré-candidatura do ex-deputado federal Décio Lima (Pt) ao governo do Estado. O evento contou com representantes de todos os oito partidos que integram a frente de esquerda, inclusive do Psb, do senador e também pré-candidato Dário Berger, que promoveu encontro no mesmo horário em outro local. Na mesa, chamava atenção a presença do ex-deputado estadual Gelson Merisio (Solidariedade), que nas eleições de 2018 disputou o governo do Estado pelo Psd e ficou em segundo lugar – à frente de Décio Lima, quarto na ocasião.

O discurso de Merisio foi um dos momentos que despertou maior curiosidade no evento. Ele encarou sem cerimônia seu novo grupo político. Citou amizade com políticos do Pt nos 15 anos em que atuou como deputado estadual, encaixou temas caros à esquerda como agricultura familiar e o combate à miséria extrema, garantiu que a aproximação que culminou em um encontro com o ex-presidente Lula (Pt) em São Paulo foi feita sem pedir nada em troca. Admitiu que fez um gesto político brusco – especialmente para quem lembra que declarou voto em Jair Bolsonaro ainda no primeiro turno de 2018.

– Muitas pessoas ainda não compreenderam a natureza do movimento brusco que eu fiz. Todos sabem, eu disputei a eleição passada. Muito embora, tenha sido vitorioso no primeiro turno, no segundo fomos todos levados por uma onda que não desmerece quem ganhou, mas que nos tirou o debate necessário e profundo dos problemas reais de Santa Catarina. (…) É evidente que quem disputa uma eleição, vai para o segundo turno e não é vitorioso, desejaria repetir essa oportunidade. Eu sempre tive muita vontade de voltar a disputar a eleição. Mas compreendi que neste momento, mais importante que o sentimento pessoal, é a necessidade de união – disse Merisio.

Aplaudido pelos presentes, ousou ao dizer que a esquerda catarinense precisa perder o costume de perder as eleições. Quem a vitória passa por essa mudança de mentalidade.

– Nós precisamos ter a humildade de compreender que aqui, deste lado do rio em que agora me incluo, o lado esquerdo, nós precisamos agir com maturidade. Acostumar-se a perder é um vício que se tem também. A esquerda em Santa Catarina nunca foi governo. Eu sinceramente acredito que desta vez será. Talvez a nossa missão mais difícil seja fazer com que todos acreditem, a começar pelo nosso candidato Décio Lima, que será nosso candidato a governador. Ele precisa e tem que acreditar que é possível ganhar.

Merisio não deixou de falar da necessidade de composição dos oito partidos nas três vagas da chapa majoritária. Defendeu a candidatura de Décio Lima, não citou Dário e nem a si mesmo.

– Hoje são oito partidos e três vagas apenas na chapa majoritária. Há que se montar essa chapa de forma que nos dê garantias de estarmos, primeiro, no segundo turno. Depois, em um processo aberto, com grandeza de espírito, com compreensão com os que pensam diferente, podemos fazer a maioria de Santa Catarina para governarmos todos os catarinenses. Eu acredito que o Décio será capaz das duas missões. Primeiro, ir para o segundo turno. Depois, ganhar a eleição.


Sobre a foto em destaque:

O palanque eclético da frente de esquerda estava montado no lançamento da pré-candidatura de Décio Lima ao governo. Ia de Manoel Dias a Afrânio Boppré, passando por Gelson Merisio. Foto: Denner Ovidio, Divulgação.

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