Diante da movimentação do defensor público estadual Ralf Zimmer para apresentar um novo pedido de impeachment contra o governador Carlos Moisés (ex-Psl), desta vez baseado em dois itens que integraram o pacotaço de projetos aprovados no final do ano passado, a Associação das Defensoras e Defensores Públicos do Estado de Santa Catarina (Adepesc) correu para avisar: não tem nada a ver com isso. O presidente da entidade, Tiago Queiroz da Costa, assinou uma dura nota em que critica a “insistência em criar fatos que lhe possam trazer dividendos políticos em detrimento de todos os demais profissionais que atuam na Defensoria Pública”.

Ralf Zimmer foi o autor do primeiro pedido de impeachment contra o governador Carlos Moisés, no início da 2020. Na época, questionou a equiparação salarial dada aos procuradores do Estado em relação aos que atuam na Assembleia Legislativa. Inicialmente arquivado, o pedido acabou resgatado e começou a tramitar no parlamento após o tensionamento das relações entre Moisés e o Legislativo à época sob comando do deputado estadual Júlio Garcia. Com Moisés e a vice Daniela Reinehr como alvos, o processo tramitou mais rapidamente que o pedido de impeachment focado no caso dos respiradores fantasmas – que atingia apenas o governador. A Assembleia autorizou a abertura do processo e o Tribunal Misto abriu o processo contra Moisés, descartando Daniela. Esse cenário levou à conciliação entre Moisés e Júlio Garcia e ao arquivamento do processo com mudança de posição dos deputados estaduais que integravam o Tribunal Misto.

Desta vez, Ralf questiona a nova regulamentação da indenização para uso do próprio veículo e a transformação do cargo de contador em “auditor estadual de finanças”. Como não há nenhuma crise política no horizonte, deve ficar por isso mesmo.

Leia a nota da Adepesc:

A Associação das Defensoras e Defensores Públicos do Estado de Santa Catarina (Adepesc) esclarece que as posturas individuais do defensor público Ralf Guimarães Zimmer Júnior não representam os interesses da carreira.

Zimmer não é associado à Adepesc há mais de dois anos e não tem o respaldo da carreira para a tomada das decisões recentes a respeito da insistência em criar fatos que lhe possam trazer dividendos políticos em detrimento de todos os demais profissionais que atuam na Defensoria Pública.

A Adepesc lamenta profundamente que novamente o nome da carreira seja arrastado para o centro de uma discussão política que só corrói a imagem da Instituição.

A Adepesc repudia o uso desmedido do cargo de defensor e da notoriedade adquirida por Zimmer, quando exerceu, há cerca de cinco anos atrás, o mais alto e importante cargo da Defensoria Pública, para fins eleitorais personalíssimos mesmo diante de todos os prejuízos inegavelmente experimentados pela Defensoria em razão de suas ações.

Tiago Queiroz da Costa
Presidente da Adepesc

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