Se alguém quiser arrancar um sorriso tímido do ministro Tarcísio de Freitas em meio a um ainda confusa e pouco previsível paralisação de caminhoneiros pelo Brasil, basta avisar que a Assembleia Legislativa catarinense aprovou o aporte de mais R$ 115 milhões de recursos estaduais para obras nas rodovias federais BR-470 e BR-285. Frutos de um acordo feito entre o ministro e o governador Carlos Moisés (sem partido) durante a audiência pública promovida pelo Senado para discutir os investimentos federais em infraestrutura no Estado, os dois projetos de lei adequando o Plano Plurianual (Ppa) e a Lei de Diretrizes Orçamentárias (Ldo) foram aprovados com apenas uma semana de tramitação no parlamento estadual.
O governo estadual já tinha autorização legislativa para destinar R$ 350 milhões para obras em rodovias federais, R$ 200 milhões deles na duplicação da BR-470. Os recursos extras foram oferecidos pelo governador Moisés para encerrar o impasse sobre o uso dos recursos pelo Ministério da Infraestrutura – que pretendia pulverizar metade dos recursos previamente aprovados nos lotes nos lotes 3 e 4, entre Blumenau e Indaial, enquanto o governo estadual queria a concentração do dinheiro nos trechos mais avançados da obra, os lotes 1 e 2, entre Navegantes e Gaspar. Com os R$ 100 milhões extras, ambas as intenções foram atendidas. De quebra, Moisés ofereceu R$ 15 milhões para retomada das obras de pavimentação da BR-285, no trecho da Serra da Rocinha, no Sul do Estado.
A tramitação relâmpago mostrou que o tema estava pacificado no parlamento. Presidente da Alesc, Mauro de Nadal (Mdb) estava presente na audiência pública em Brasília e se comprometera com a aprovação do aumento do repasse de recursos. Como envolviam apenas questão orçamentária, os dois projetos precisaram passar apenas pela Comissão de Finanças, onde receberam parecer favorável do deputado estadual Júlio Garcia (Psd). Os único votos contrários se repetiram na comissão e no plenário: Bruno Souza (Novo) e Jessé Lopes (Psl). Ambos alegaram que o governo estadual não deveria repassar recursos para obras de competência federal.
A aprovação rápida da questão das obras na BRs dá o tom da continuidade da vida política catarinense enquanto a política nacional convulsiona em Brasília, nas rodovias e nos postos de gasolina – afetados pelas paralisações de caminhoneiros. O governador Carlos Moisés havia mantido a agenda desta quinta-feira em Lages, onde faz visita de inspeção nas obras de reforma e ampliação do Hospital Nossa Senhora dos Prazeres e anuncia investimentos em reunião na Associação Empresarial de Lages (Acil). Na noite de quarta-feira, anunciou o retorno do público em eventos esportivos a partir de 15 de setembro e a abertura das inscrições na sexta-feira para o Edital Aldir Blanc SC 2021.
A crise política foi ignorada por Moisés em suas redes sociais. Os atos de 7 de setembro foram tema em plenário da Alesc nas falas dos deputados bolsonaristas Kennedy Nunes (Ptb), Jessé Lopes (Psl), Tiago Frigo (Psl) e Sargento Lima (Pl), que elogiaram as manifestações e fizeram críticas ao ministro Alexandre de Moraes.
Sobre a foto em destaque:
Manifestações de 7 de setembro foram citadas em discurso de deputados bolsonaristas, mas foco do parlamento do dia seguinte aos discursos do presidente Jair Bolsonaro foi a aprovação do repasse de mais recursos do Estado para obras federais em Santa Catarina. Foto: Daniel Conzi, Agência AL.