O senador Dário Berger (Psb) gosta mesmo de desabafar na Rádio Som Maior. Entrevistado no quadro Plenário desta sexta-feira, ele trouxe à tona todo seu descontentamento com a disputa interna contra o ex-deputado estadual Décio Lima (Pt) e o ex-deputado estadual Gelson Merisio (Solidariedade) pelo protagonismo na composição de oito partidos – Pt, Pdt, Psb, Pc do B, Psol, Rede e Solidariedade – que daria palanque às candidaturas presidenciais de Lula (Pt) e Ciro Gomes (Pdt).
Dário admitiu as conversas e a possibilidade para rachar a frente, formando com o Pdt um palanque específico para Ciro em Santa Catarina.
– Essa possibilidade existe. A conversa com Manoel Dias e Rodrigo Minotto foi muito boa. A vida da gente é uma sucessão de batalhas. Quando não se abre uma porta em determinado local, Deus é justo e generoso e abre uma janela. É o que está acontecendo. Se a frente ampla não se concretizar, eu tenho disposição de ser candidato a governador em uma parceria com o Pdt, abrindo uma nova frente para oferecer ao povo de Santa Catarina uma nova alternativa. Eu me sinto preparado para os desafios que se apresentam no momento. Se para isso nós precisarmos seguir outro caminho, fazer uma nova frente, apoiar outro candidato a presidente da República, que é o Ciro Gomes (Pdt), eu estou disposto.
Nessa alternativa, fica claro o descontentamento com a articulação de Décio e Merisio. Na quinta-feira, ambos divulgaram que o ex-deputado estadual aceitaria ser vice na chapa do petista. Ambos disputaram o governo em 2018, quando Merisio ficou em segundo lugar e Décio em quarto. O movimento foi uma forma de reagir aos movimentos de Dário junto ao Pdt. O senador ironizou a composição dos candidatos da eleição passada.
– Eu não posso é ficar aguardando a composição de uma chapa feita em gabinete. Que, diga-se de passagem, é a chapa dos sonhos. Mas a chapa dos sonhos dos nossos adversários. Uma chapa que nasce certamente derrotada.
Dário fez questão de focar na dupla as dificuldades para emplacar como pré-candidato a governador do chapão esquerdista. Foca a crítica especialmente em Merisio.
– Não é a frente que me rejeita. Quem está criando problema para mim é o Décio e o Merisio. Há muito tempo que o Merisio entrou em campo, não para construir, mas para desconstruir a frente ampla e fazer sobrar uma vaga para ele na majoritária. Isso não está fechado ainda, tem muita água para correr debaixo dessa ponte.
O senador disse que procurou o presidente nacional do Psb, Carlos Siqueira, e o ex-governador paulista Geraldo Alckmin (Psb), que será candidato a vice-presidente na chapa de Lula, para falar do impasse local e para ser “liberado para encontrar uma alternativa”.
– Falei com o presidente Siqueira e também com o governador Alckmin. Deixei bem claro para eles que eu fui para o Psb porque fui convidado. Eu não me ofereci. Eu fui convidado porque o Psb tinha como prioridade o governo de Santa Catarina, já existia um entendimento amplo muito antes com o próprio Pt para que eu fosse o candidato da frente. Eu nunca quis impor essa condição, porque eu achava que tinha condições de convencer os partidos da frente de que eu seria o melhor candidato. Mas o tempo foi passado e faltou compostura ética, sensibilidade política, comprometimento com o grupo e a equipe. Não houve sinceridade e lealdade nas negociações e encaminhamentos. Isso acabou do jeito que está acabando. O projeto político quando começa errado tende a terminar errado. É possível ainda corrigir a caminhada. Entretanto, já perdeu uma parte do encanto.
Ouça a íntegra da entrevista no Plenário da Som Maior:
Sobre a foto em destaque:
Dário Berger diz que pode sair da frente. Foto: Divulgação.