A formalização será ainda esta semana, em um ou dois dias, mas o senador Dário Berger já fala como ex-emedebista e como pré-candidato a governador pelo Psb, partido a qual deve se filiar até o final do mês e onde deve disputar a indicação para liderar uma ampla frente de esquerda em que daria palanque estadual à candidatura presidencial de Lula (Pt). Na manhã desta segunda-feira, entrevistado no quadro Plenário, da Rádio Som Maior, ele voltou a fazer críticas à forma como foi conduzida a escolha do pré-candidato do Mdb ao governo, Antídio Lunelli, pelo presidente estadual da sigla, o deputado federal Celso Maldaner, mas também olhou em frente e falou sobre as perspectivas e possíveis contradições de ser um homem de centro em uma frente de esquerda.

Primeiramente, Dário enfatiza que a composição em formação não é de esquerda. A lógica, segundo ele, é fazer em Santa Catarina o gesto ao centro que o ex-presidente Lula realiza ao convidar o ex-governador paulista, ex-tucano e ex-adversário Geraldo Alckmin para ser candidato a vice-presidente em sua chapa. No sábado, o senador participou do Congresso Estadual do Psb-SC, a convite do presidente estadual e ex-deputado federal Claudio Vignatti, entusiasta de sua candidatura. Hoje, a frente tem como pré-candidatos o ex-deputados federais Décio Lima (Pt), Fernando Coruja (Pdt) e Jorge Boeira (ex-Progressistas) e recentemente recebeu a adesão, ainda como apoiador, do ex-deputado estadual Gelson Merisio (ex-Psdb), segundo colocado na disputa pelo governo em 2018. Dário garantiu que se o grupo de partidos tiver um candidato mais competitivo, pode abrir mão.

Nós estamos discutindo a composição de uma frente progressista em Santa Catarina, uma frente ampla, democrática e participativa. Não é uma composição de esquerda. É uma composição muito além da esquerda. Porque eu não sou de esquerda, eu sou de centro. A ideia é fazer uma composição ampla, que possa defender os interesses de Santa Catarina, que possa trazer um palanque para o governo federal. Eu não quero vir como um problema, quero vir como uma solução. Se existir nessa composição um nome mais adequado, com mais força e mais possibilidade, eu estarei disposto a abrir mão e seguir junto na mesma direção – disse Dário.

Dário minimizou as dificuldades de conviver com antigos adversários na composição lulista – Pt, Pc do B e Psol fizeram oposição a sua gestão como prefeito de Florianópolis. Segundo ele, “a ideia é não olhar o retrovisor, fazer política olhando para frente”. Para o passado recente, no Mdb, Dário olha com cuidado para focar as críticas na direção e não na base, que pretende conquistar. Segundo ele, Celso Maldaner levou o partido para isolamento e abriu mão de uma aliança com oito partidos.

– Eu tenho muitos amigos no Mdb. Só perguntar aos prefeitos quem foi o senador que nos últimos anos mais ajudou. O meu desejo era ser candidato dessa frente ampla no Mdb. Certamente eu levaria a força e a capilaridade do Mdb para essa composição e as perspectivas de segundo turno e de vitória avançariam muito. Não aconteceu e eu quero manter o sentimento de carinho, não só com os prefeitos, mas também com as lideranças do Mdb. Com exceção dessa direção catastrófica que submeteu o Mdb ao isolamento completo. Eles preferiram abrir mão da minha candidatura em uma composição democrática e participativa que poderia reunir oito partidos, para estar isolados agora. Quem vai coligar com o Mdb hoje? O Mdb ficou sozinho. Ou vai de chapa pura, com muita dificuldade até de formar uma chapa, ou vai ser vice do Moisés ou do Gean.

O quase ex-emedebista garantiu que não terá dificuldades de apoiar a candidatura presidencial de Lula e resgatou uma das principais obras de sua gestão em Florianópolis, feita em parceria com o governo federal petista.

– O presidente Lula foi muito importante para Santa Catarina e sobretudo para Florianópolis. O primeiro Plano de Aceleração do Crescimento (Pac), ele lançou aqui no aterro da baía sul, um grande evento, uma obra de mais de R$ 100 milhões em 17 comunidades do Maciço do Morro da Cruz, o maior projeto social de Santa Catarina. Envolvendo 25 mil pessoas. Levando dignidade, urbanização, humanização, educação, meio ambiente, casas, rede de esgoto, creches, muros de arrimo e redes de proteção. Na época, ele não olhou se eu era de outro partido. Essa é uma demonstração de que podemos caminhar juntos.

Ouça a íntegra da entrevista:


Sobre a foto em destaque:

Dário Berger, ainda emedebista, discursou como futuro filiado no Congresso Estadual do Psb, realizado sábado em Florianópolis. Foto: Sérgio Vignes, Divulgação.

Compartilhar publicação: