Depois de ocupar os holofotes da política catarinense, a vice-governadora Daniela Reinehr (sem partido) admitiu o distanciamento com o governador Carlos Moisés (sem partido) após o retorno da segunda tentativa de impeachment. Em entrevista a Upiara Boschi e ao jornalista Adelor Lessa, na Rádio Som Maior, ela ainda comentou sobre os R$ 33 milhões gastos com respiradores fantasmas – tema de um do pedido de cassação do governador arquivado em maio e de uma denúncia do Ministério Público de Santa Catarina apresentada semana passada contra empresários e ex-integrantes do governo estadual.
– Até aquele momento [segunda posse como governadora interina] ninguém tinha ido atrás dos R$ 33 milhões. Quem acionou a Procuradoria Geral do Estado para a recuperação dos R$ 33 milhões e repatriação dos recursos, criou uma força-tarefa dentro da PGE para localizar esses valores e fez esse processo de recuperação dos valores fui eu. Tinha muitas coisas que não iam acontecer e que eu busquei fazer – afirmou a vice-governadora.
Ao assumir o governo interinamente de março a maio deste ano, Daniela modificou boa parte das secretarias e montou seu próprio time no Executivo – incluindo nomes como a deputada federal Carmen Zanotto (Cidadania) na Saúde e o ex-deputado federal Leodegar Tiscoski (Progressistas) na Infraestrutura. Apoiadora do presidente Jair Bolsonaro, ela ganhou incentivo de grupos bolsonaristas enquanto esteve a frente do Estado, embora tenha recebido críticas de lideranças como o deputado estadual Jessé Lopes (Psl) por não ter flexibilizado medidas de restrição implantadas para combate à pandemia do coronavírus. De volta ao cargo de vice, ela acusa Moisés de ter se afastado do projeto inicial, que o elegeu dentro da Onda Bolsonaro em 2018.
– Ele acabou, na verdade, se afastando do que a gente se comprometeu a fazer, se afastando do projet. Ele tem um pensamento totalmente diferente do meu.
Escanteada por Moisés, a vice-governadora diz que continua buscando recursos diretamente no governo federal e garante que negocia a continuidade de obras paradas no Estado, como o trevo da BR-282 em Pinhalzinho, no Oeste, onde a vice afirma ter participado da liberação para a conclusão do projeto.
Já na mira das eleições de 2022, Daniela pretende continuar na política. As decisões de sua gestão interina e o time montado quando assumiu o governo apontam para uma candidatura muito próxima à chapa bolsonarista. Hoje, o nome cotado para disputar o governo por esse grupo é senador Jorginho Mello (Pl).
– Ainda não tenho bem definido a que cargo vou concorrer, mas eu pretendo continuar na política. Eu tenho conversado muito com lideranças, com partidos, para definir em conjunto de que forma eu participo com maior eficiência nesse processo. Eu devo definir nos próximos dias o que eu farei na próxima eleição.
Ouça a íntegra da entrevista:
Sobre a foto em destaque:
A vice-governadora Daniela Reinehr diz que não quer deixar a política após o fim do mandato. O Congresso Nacional é uma das opções. Foto: Maurício Vieira, Secom.
* Conteúdo produzido por Jefferson Carvalho, estudante de Jornalismo da Univali, com supervisão e edição final de Upiara Boschi.