O deputado federal Ricardo Guidi (Psd) terminou o ano de 2021 exultante. Com habilidade e articulação, conseguiu aprovar a emenda que prorroga até 2040 a compra de energia de usinas térmicas que usam carvão mineral como combustível. A medida, sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro (Pl), viabilizou a continuidade das operações do Complexo Terméletrico Jorge Lacerda, localizado em Capivari de Baixo e com forte impacto econômico no Sul do Estado.
O tema é polêmico, porque as usinas a carvão estão sendo desativas em diversos países por questões ambientais. Se não fosse aprovada a emenda de Ricardo Guidi que criou o programa Transição Energética Justa, o governo federal só seria obrigado a manter a compra de energia das termelétricas até 2027. O complexo Jorge Lacerda garante 20 mil empregos diretos e indiretos e movimenta R$ 6 bilhões por ano nos 15 municípios da região.
A emenda contou com uma verdadeira força-tarefa parlamentar. Guidi aproveitou um projeto do senador Esperidião Amin (Progressistas) já aprovado no Senado sobre subsídios a companhias de eletrificação rural, que aceitou hospedar a emenda inserida na Câmara dos Deputados. Lá, o texto foi relatado pela deputada federal Geovânia de Sá (Psdb) e contou com a ajuda da deputada federal Angela Amin, coordenadora do Forum Parlamentar. Quando a proposta voltou para o Senado por ter sido alterada, foi a vez do deputado federal Carlos Chiodini (Mdb) entrar em campo para sensibilizar o corregionário senador Veneziano Vital do Rego (Mdb da Paraíba), relator do projeto, a aceitar a modificação.
Ainda no clima dessa vitória política e de articulação parlamentar, Guidi me recebeu em seu escritório em Criciúma – que tem na decoração os painéis com as principais obras do pai, Altair Guidi, nos dois mandatos como prefeito da cidade no final dos anos 1970 e 1980. Além da proposta para o setor cabonífero, o deputado federal defendeu que o Psd tenha candidato a governador em 2022 e que esse nome seja definido logo. Quando conversamos, o prefeito chapecoense João Rodrigues ainda não havia anunciado a desistência da disputa interna com o ex-governador Raimundo Colombo e o ex-prefeito blumenauense Napoleão Bernades. Elogiou o governador Carlos Moisés (ex-Psl), mas disse achar “muito improvável” que o Psd apoie sua reeleição.
Separei alguns trechos da nossa conversa:
Entendo que o Psd tem que definir isso o quanto antes, não esperar muito, deixar para o último momento. A gente tem três bons pré-candidatos, cada um com o seu perfil, mas acho que o partido tem que definir isso. Não tenho dúvida nenhuma de que o caminho melhor para o Psd é ter candidato a governador, fazer uma composição em que tenha condições de ganhar a eleição. Eu acho que vai ser definido o nome que tiver mais condições de vitória.
Sobre a decisão do Psd em relação às pré-candidaturas de Raimundo Colombo, Napoleão Bernardes e João Rodrigues.
Em política, nada é impossível, mas acredito que seja improvável. É muito mais provável que o Psd tenha um projeto próprio ao governo. Isso é muito importante, principalmente para os partidos continuarem existindo.
Chance de apoio do Psd à reeleição de Carlos Moisés (ex-Psl).
Um governo que por conta das inúmeras circunstâncias, sejam elas da pandemia ou de alguns ajustes, está com uma sobra de recursos bastante alta e tem feito inúmeros convênios com os municípios, mas que ainda está tendo dificuldade para chegar na cabeça da população. As pesquisas que a gente acompanha dizem claramente isso. Mas é um governo que tem ajudado os municípios. Muitos municípios nem imaginavam repasses tão vultosos. Nem nunca fez parte da realidade de Santa Catarina.
Um elogio a Moisés.
Eu acho que Santa Catarina perdeu uma oportunidade, quando o governo do Estado fez aquele aporte de R$ 465 milhões de reais, era o momento em que teria que se negociar uma contrapartida por parte do governo federal. O mesmo tanto ou, na pior das hipóteses, o abatimento da dívida. Infelizmente, isso não aconteceu.
Uma crítica a Moisés.
Eu acho que até por conta do tamanho da nossa bancada, uma bancada pequena, 16 deputados, Santa Catarina tem sido não só ao longo deste governo, mas de vários governos, sempre passada para trás. Mesmo sendo um dos Estados que mais arrecada. Se isso vai prejudicar (Bolsonaro)? O natural é que prejudique, mas a gente só vai saber no ano que vem, com os resultados.
Sobre a relação de SC com o governo federal e possível efeito contra Jair Bolsonaro em 2022.
Acho que é um quadro muito preparado, tem competência, uma pessoa que sabe unir as diferenças, tem feito esse trabalho no Congresso Nacional e acho que tem um perfil muito bom para para comandar o nosso país. Não tenho dúvida de que ele seria um grande presidente, pelo perfil que ele tem. Agora tem que ver se vai cair no gosto da população. Nem sempre é o melhor candidato que vence a eleição. A gente tem que trabalhar também baseados nas candidaturas que estarão postas e na viabilidade de cada uma.
Avaliação da pré-candidatura de Rodrigo Pacheco (Psd de Minas Gerais), presidente do Senado, à Presidência da República.
Sobre a foto em destaque:
O deputado federal me recebeu em seu escritório em Criciúma no final de 2021. Foto: Caio Marcelo, Divulgação.