Durante o mês de abril, a vice-governadora Daniela Reinehr (Pl) viveu uma forte disputa nos bastidores pelo poder em Santa Catarina. Ela assumiu o governo interinamente com o segundo afastamento de Carlos Moisés (ex-Psl) para responder ao processo de impeachment sobre o caso dos respiradores fantasmas. O julgamento em 7 de maio definiu a volta do titular ao cargo – faltou um voto para a consumação da deposição. Desde então, a relação entre governador e vice – que já era fria e distante – deixou de existir. Procurei Daniela Reinehr para uma conversa sobre seu atual momento no governo e seu futuro político, agora no Partido Liberal (Pl) do senador e pré-candidato a governador Jorginho Mello. Separei algumas respostas:

“É uma relação de um lado só. Eu sempre tratei todo mundo com muito respeito. Sempre fui muito firme nas minhas críticas, mas com respeito, com razões. Sempre critiquei fatos e nunca pessoas. Mas esse respeito e essa relação institucional que eu tenho não é recíproca, tanto que a figura da vice-governadora, é ignorada pelo governador. Isso é público e notório.”

Daniela Reinehr, sobre a relação com Moisés.

“Acredito que esse rompimento se deu logo no início, quando houve um afastamento declarado. Houve uma objeção minha muito clara com alguns nomes, que era o evidente que iam dar confusão. E esse afastamento da proposta que sempre teve a minha contrariedade.”

Daniela Reinehr, dizendo que a relação era ruim antes dos impeachments e deixando uma farpinha para o ex-secretário Douglas Borba, da Casa Civil.

“Hoje eu vejo que sim e foi o que eu pedi ao senador nas nossas conversas: ‘qual é o seu alinhamento, qual é o seu pensamento para o governo?’. E ele se comprometeu a resgatar tudo isso e dar seguimento. Vendo a postura dele no Senado durante esse mandato, ele sempre defendeu o empreendedor, o empresário, tentou fazer esse resgate e sempre acompanhando e defendendo o presidente Bolsonaro.”

Daniela Reinehr, acreditando que Jorginho Mello pode resgatar a proposta da campanha Moisés/Daniela de 2018 de ter um governo estadual extremamente alinhado ao presidente Jair Bolsonaro.

“A gente perdeu uma grande oportunidade de ter o Estado e o governo federal alinhados. Fluiria muito melhor se não tivesse essas picuinhas desnecessárias, que são constantemente alimentadas. Então, eu tento melhorar essa conversa. Aproveitar esse acesso que eu tenho para ajudar o Estado, além de trazer coisas pequenas. É uma prefeitura que precisa de uma escola, vai lá no FNDE.”

Daniela Reinehr, lamentando o desalinhamento e explicando o que faz sendo uma vice esvaziada no governo.

“O que eu sei é que eu quero continuar na política. O que a gente tem falado hoje, com essa minha vinda para o PL também, é a a expectativa de que eu vá a deputada federal. Tem muitas mudanças que a gente esperava e que não foram feitas até agora e eu gostaria realmente de fazer parte. Por outro lado, nosso Estado é muito bom de se viver. Estar mais presente aqui também seria algo sensacional, eu gosto muito da ideia. Mas possivelmente eu vá a deputada federal.”

Daniela Reinehr, projetando candidatura a deputada federal em 2022.

“Acredito que ela tem o voto mais ideológico e eu tenho um voto mais mais generalizado e mais voltado ao setor produtivo, ao agronegócio. Mas acredito que seja mesmo um complicador ter duas candidatas ali. Não sei qual é o destino que ela vai tomar, enfim. Hoje a gente tem um cenário muito confuso.”

Daniela Reinehr, sobre a sobreposição regional com a deputada federal Caroline de Toni, que também negocia filiação ao Pl.


Sobre a foto em destaque:

A vice-governadora me recebeu em seu gabinete há duas semanas. Foto: Talita Yoná, Divulgação.

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