Bruno Souza começou a chamar atenção ainda vereador em Florianópolis pela defesa ideológica contundente do liberalismo e pela capacidade de fazer suas ações reverberarem nas redes sociais. Ainda pelo socialista Psb, na época ligado em Santa Catarina ao ex-deputado federal Paulo Bornhausen (hoje no Podemos), ele conseguiu chegar à Assembleia Legislativa graças a um empurrãozinho dos eleitores do Novo, que na época lançou apenas chapa de deputados federais. Levou quase um ano para que Bruno Souza conseguisse largar o socialismo formal e tornar-se, na prática, o deputado estadual do Novo.
Embora um pouco mais comportado nas redes do que nos tempos de vereador, o deputado estadual manteve o discurso liberal na agenda e o plenário, onde é um dos nomes mais assíduos. Em junho, levou para acompanhá-lo em um discurso uma inusitada bandeira preta com uma mapa do Brasil pintado pelas bandeiras estaduais. Era uma defesa da proposta de emenda à Constituição Federal que dá mais autonomia aos Estados, a Pec do Federalismo. Aprovada em Santa Catarina e mais seis Estados, o projeto precisa do aval de outras seis Assembleias Legislativas para começar a tramitar no Congresso Nacional.
Essa bandeira está no gabinete de Bruno Souza, ao lado da catarinense e de uma inusitada bandeira verde amarela com uma cascavel contraída e a frase em destaque “don’t tread on me” (não pise em mim). É a bandeira criada pelo general e político norte-americano Christopher Gadsden na época da revolução que levaria à independência dos Estados Unidos. A cascavel, descrito como um animal vigilante e magnânimo, mas que ataca fatalmente se provocado ou desafiado, era um símbolo das colônias americanas. Na conversa que tivemos, fiquei atento ao recado e tentei não pisar sem cuidado nos temas que envolvem o mandato, o Estado e próprio Novo.
Bruno Souza meteu a colher na polêmica sobre o peso do Icms no valor dos combustíveis, disse que apesar de estar na moda criticar o socialismo ainda são poucos os que defendem o capitalismo, defendeu a candidatura presidencial do cientista político Luiz Felipe D’Ávila, fundador do Centro de Liderança Pública. Garantiu que o Novo não é nem bolsonarista e nem propriedade de João Amoêdo, candidato do partido à Presidência em 2018.
– Nós não temos nenhum bolsonarista no Novo, isso é um mito que se criou nas redes sociais, assim como também não somos o partido do Amoêdo, isso também não existe.
Leia a íntegra da entrevista:
Deputado, o senhor é o representante do Novo aqui na Assembleia Legislativa de Santa Catarina. Chegou eleito pelo Partido Socialista Brasileiro (Psb) e teve que se livrar dessa espécie de camisa de força, porque já defendia ideias liberais. Como se sente hoje, sendo o deputado do Novo na Alesc?
Muito tranquilo, muito bem. Estou na minha casa, um partido que tem as ideias que eu defendo. Aliás, eu também sempre tive afinidade de ideias com o Novo, então foi muito natural essa transição. Quando eu precisei de uma nova casa, o Novo me acolheu justamente porque temos ideias, propostas e visões de Estado, Brasil, muito parecidas
O Novo é um partido com uma postura bastante ideológica, em defesa do liberalismo. Como defender essas questões na Assembleia Legislativa, onde o espaço para esse tipo de debate é mais limitado, pelo próprio perfil dos temas da Alesc?
É muito difícil, mas em todas as instâncias no Brasil é difícil defender a liberdade econômica. Nós, até hoje, não temos muita defesa, realmente, da liberdade econômica. São poucos parlamentares no Brasil, infelizmente, que defendem isso.
Eu vejo muita gente criticando o socialismo, que virou moda, mas eu vejo pouquíssimas pessoas defendendo o capitalismo. Você ataca um lado, mas esquece a outra parte, de dizer qual seria a opção, o livre mercado, a liberdade econômica. Isso pouca gente defende, o que é uma pena, porque o Brasil precisa de um choque de liberalismo.
Os países que prosperaram adotaram o caminho da liberdade. No Brasil, por motivos políticos, de formação social e dos grupos de pressão, nós não temos liberdade nenhuma, econômica, liberdade para as pessoas tentarem inovar, nada disso. E aí o que nós temos é um país travado. É uma pena porque essas ideias precisam ser urgentemente tratadas no Brasil. Como dizia Roberto Campos, existem três saídas no Brasil: Cumbica, Galeão e o liberalismo.
O senhor entrou no Novo depois da eleição de 2018, o Novo focou na eleição de deputado federal e conseguiu fazer uma cadeira. Como é sua relação com o partido desde aquele momento, o senhor já era camufladamente do Novo?
Não, não era camufladamente do Novo. Eu era do partido que eu estava, entretanto, minhas ideias eram muito próximas.
Mas foi bastante votado entre eleitores do Novo pela ausência de candidaturas a deputado estadual do partido naquela eleição…
Sim, acredito que fui a opção de muitas pessoas que têm uma visão de mundo próxima da minha. O que aconteceu é que para aqueles que defendem também a liberdade, eu era uma opção possível para eles. Eu estive em 15 ou 20 cidades durante a campanha e fui votado em 252 cidades. Então isso significa que tinham muitos liberais, que defendem a liberdade, ou que gostavam do meu trabalho em outros lugares. Eu já conhecia a maior parte dos mandatários, eu já conhecia, como falei, não são muitas pessoas, e eram menos ainda em 2016, em 2018 eram menos ainda. Gostamos de brincar que cabíamos em uma Kombi. Então todos se conheciam.
Teve um encontro recente em Joinville que, apesar do partido ter crescido, não foi diferente disso….
Isso, não foi. Eu tive a felicidade de organizar esse encontro em Joinville junto com o prefeito Adriano Silva, que é o dono da casa, quem nos recebeu. Foi um encontro muito bom, onde nós tivemos a oportunidade de renovar nossas energias, nossa esperança em um futuro mais livre e também de reafirmar nossa união, nós conseguimos reforçar muito isso. É muito importante esse contato pessoal, faz muito tempo que não nos encontrávamos, então isso dá energia, dá liga a um partido.
O Novo em Santa Catarina tem uma condição privilegiada em relação ao próprio Novo nacional. Tem um deputado federal, um deputado estadual e tem o prefeito da maior cidade. O que o Novo espera ter depois das eleições após 2022 em Santa Catarina?
Esperamos ter o governador do Estado, dois ou três deputados federais e quatro ou cinco deputados estaduais em Santa Catarina. Esse é o nosso plano. E como bem falaste, em Santa Catarina conseguimos ter um posicionamento, um trabalho bem sólido, um trabalho que tem firmeza, temos um grande grupo de pessoas filiadas que defendem o Novo, entendem nossas ideias e nos ajudam a ter muita força dentro do estado.
É um plano ousado. Em 2018, o Novo elegeu o deputado federal na repescagem da sobra. Essa regra mudou para 2022 e, por ela, Gilson Marques não teria se elegido. O senhor entrou na Alesc, mas não pelo Novo. E o partido não teve candidato a governador na última. Qual é a base para ele dar um salto tão grande?
Sim, é um salto considerável. Bom, nós saltamos de quatro vereadores para 52 mandatários. Então nós tivemos já um salto muito bom de uma eleição para a eleição seguinte. Na última eleição tivemos mais um prefeito, um governador, tivemos, enfim, nós conseguimos ter avanços muito claros. Mas a base mesmo são os filiados, cada filiado do Novo eu costumo brincar que ele vale 300 de outros partidos. Todo mundo no Brasil paga para financiar partidos, o único partido que ninguém financia obrigatoriamente é o Novo porque nós não usamos o fundo partidário. O nosso filiado, além de financiar os outros partidos, ele decide financiar o Novo. Então, a decisão dele é uma decisão consciente, uma decisão por acreditar na ideia; Ele está ali porque faz questão de estar ali. A força desse filiado no seu núcleo, na sua família, no seu entorno, é enorme. Ele é um líder, ele influencia muita gente. E nós também temos uma base de valores muito claras e isso é muito importante em política. Quando você vive do voto de opinião, é muito importante você ter coerência. E isso dá força, conforme o tempo passa as pessoas percebem que você é coerente.
Não acha que pode prejudicar essa disputa nacional entre a linha do João Amoêdo, mais crítica ao presidente Jair Bolsonaro e defendendo o impeachment, e uma linha mais próxima do presidente, como a do governador Romeu Zema, de Minas Gerais?
Nós não temos ninguém, no Novo, que tenha essa linha mais próxima do presidente Jair Bolsonaro. Não é isso, nós temos algumas pessoas que não defendem o impeachment neste momento, acham que não há razão para fazer agora, ainda mais numa eleição que se avizinha, então não seria o mais conveniente para agora. Nós não temos nenhum bolsonarista no Novo, isso é um mito que se criou nas redes sociais, assim como também não somos o partido do Amoêdo, isso também não existe. Isso ficou muito claro recentemente quando o João tentou retornar ao partido e o diretório nacional limitou essa tentativa dele, disse não, e foi respaldado por quase totalidade dos diretórios estaduais.
Em quem que o senhor quer votar para presidente da República? Eu sei que você quer votar no 30, mas em quem?
Quero votar no 30. O Novo fez uma carta-convite ao Luiz Felipe Dávila e ele deve passar pelo processo seletivo, hoje ele é pré-candidato do Novo…
Ele aceitou?
Ele aceitou o convite pra se filiar e vai ter que passar pelo processo…
Não vão passar o gabarito por baixo da mesa?
Não, o Novo não tem isso. Tanto que a gente recusa muita gente, o Novo é curioso, ele faz umas coisas engraçadas. Os outros partidos estão sempre querendo mais candidatos, ir com a chapa cheia. Ás vezes nós escolhemos ir com menos candidatos, o que nos prejudica muito, porque nós acreditamos que eventualmente algumas pessoas ali podem não representar os nossos valores. Então se a gente não está confiante de que possa nos representar, nós não deixamos a pessoa concorrer. E o Luiz Felipe é um nome conhecido nacionalmente, um autor estudioso, que pode agregar muito no debate político brasileiro.
E para o governo do Estado, já tem candidato?
Olha, não temos ainda um nome divulgado. Temos conversas muito boas, mas ainda não estou autorizado a divulgar ainda esses nomes porque as conversas não estão finalizadas ainda.
O Novo tem uma questão interessante: quem tem mandato não é dirigente e quem é dirigente não tem mandato. Está funcionando isso?
Está funcionando. Nós, claro, é novo isso. É novo, assim como o Novo, mas estamos tendo que aprender esse modo de fazer política. A grande vantagem é que a maior parte dos mandatários do partido também nunca tiveram envolvimento político, então eles nunca estiveram experiência de estar num partido onde eles davam as cartas. Então, experiência nova para nós, seria nós interferirmos nos diretórios. Pra gente isso seria inusitado porque a maior parte se elegeu pelo Novo, então nunca viu uma outra forma de fazer política. Então tá funcionando. Nós, claro, temos que ajustar algumas coisas, os mandatários também precisam, a opinião é importante, nunca interferir, mas também ter espaço para ser ouvido. Isso é normal. Aqui em Santa Catarina funciona muito bem, temos uma conversa muito boa. A conversa que nunca pode ser interrompida. O diretório de Santa Catarina funciona muito bem e geramos bons resultados porque também temos essa conversa muito aberta e isso gera uma legitimidade muito grande, no grupo, na nossa defesa, nas decisões do nosso diretório estadual.
O seu projeto é concorrer a federal na próxima?
Eu vou concorrer a federal. Esse é o projeto inicial, serei candidato a federal. A não ser que o partido mude por alguma ideia, por alguma situação, ou o partido possa achar que eu serei mais útil e ajudar mais em outra posição. Novamente, para nós, o mais importante é defender a ideias que nós defendemos, mas a minha vontade agora é ser deputado federal.
O senhor entrou no Novo num período pré-eleitoral da eleição municipal passada. Existe uma expectativa de que poderia ser candidato a prefeito de Florianópolis, acabou não acontecendo. O Novo teve um desempenho muito bom em Joinville e Blumenau. Elegeu prefeito, quase foi ao segundo turno em Blumenau, elegeu bancadas de vereadores. E aqui em Florianópolis elegeu a vereadora Manu Vieira, mas teve um desempenho aquém em relação a essas duas maiores cidades. O Novo errou em Florianópolis na escolha da sua candidatura a prefeito?
Não, não acredito que errou. O Novo enfrentou um candidato (Gean Loureiro) que era muito forte, muito habilidoso, que trabalhou quatro anos defendendo sua plataforma e conseguiu fazer isso muito bem, então era uma eleição muito difícil para qualquer um que viesse a disputar aquela eleição.
Um tema que tem chamado bastante a atenção do Estado e o senhor tem se envolvido, é a questão do preço dos combustíveis. O Icms dos combustíveis. A narrativa dos bolsonaristas é de que o combustível está cara por causa da sanha arrecadatória dos governadores. Os governadores dizem que a culpa é da política de preços da Petrobras atrelada ao dólar, que aumenta o preço do combustível. Quem está certo?
Os governadores estão certos. O aumento da gasolina não é devido aos governos estaduais, até porque o Icms não muda. Há oito, 10 anos, são os mesmos 25%.
Entretanto, na minha opinião e o que eu tenho defendido, é que os Estados poderiam tirar o pé do acelerador. Nós estamos tendo um bônus arrecadatório muito grande por causa desse aumento, ou seja, o preço da gasolina não aumentou por causa dos governos estaduais, entretanto, os governos estaduais estão tirando muito proveito também desses preços, da inflação.
Porque os governos estaduais cobram impostos em cima do preço dos produtos, então a inflação, quando a energia aumenta, quando o combustível aumenta, isso beneficia o as contas dos governos estaduais. E o que eu condeno é que nesse momento os governos estaduais poderiam parar um pouco de arrecadar, tirar o pé, reduzir um pouco as alíquotas para deixar mais dinheiro no bolso do pagador de impostos.
É o perfil do Secretário Paulo Eli tirar o pé do acelerador?
De jeito nenhum. Ele não tem esse perfil, pelo contrário, ele é muito competente naquilo que ele se dedica, que é aumentar a arrecadação. Então, ele está sempre buscando uma nova forma de aumentar a arrecadação, a base arrecadatória, a base tributária, tentou fazer isso na semana passada, através do aumento das hipóteses de incidência do Itcmd, que foi uma inovação, na minha opinião ilegal. Tentou fazer isso num momento em que o estado está batendo recorde de arrecadação, a secretaria tentou criar uma nova forma de tributar as pessoas, inclusive sobre a distribuição de lucros. Isso é o que ele sabe fazer, é a perspectiva deles, para eles o indicador de sucesso é a arrecadação. Para eles, a Secretaria da Fazenda faz um bom trabalho quando consegue arrecadar mais.
Qual deveria ser o indicador de sucesso?
A prosperidade das pessoas, dos negócios, desenvolvimento econômico. A economia não cresce para abastecer o Estado, mas para abastecer as pessoas. Nós não vamos ter um país próspero porque o Estado é próspero, nós precisamos ter um Estado que vai bem à consequência de pessoas prósperas, de negócios prósperos. Aqui no Brasil a gente inverte as coisas, a gente quer ter um Estado próspero em uma sociedade em crise.
Quando o senhor se elegeu deputado estadual, o seu primeiro grande embate foi a CPI da Ponte Hercílio Luz, que lhe antagonizou com o ex-governador Raimundo Colombo (Psd). E hoje eu vejo, nessa questão do Icms, a fala de vocês está muito parecida. Ele é um dos principais críticos a esse ponto do governo Moisés. Como vê a posição do ex-governador nessa questão?
Dificilmente eu sou antagonista de pessoas, eu antagonizo ideias. Eventualmente pessoas que eu antagonizei com algumas ideias, pode defender alguma coisa que eu concorde. Acredito que acontece isso nesse caso. Ele como ex-governador conhece bem a máquina, e neste caso, tem razão em defender que o Estado deveria segurar um pouco a sua arrecadação. A cada mês, a cada bimestre, aumenta a projeção de gastos do Estado. Nós arrecadamos mais, gastamos mais, gastamos mais, precisamos arrecadar mais. No fim das contas, a sociedade perde. E é isso que eu condeno.
O seu relatório da Cpi da Hercílio Luz era pelo indiciamento do ex-governador Raimundo Colombo na questão das obras da ponte, o senhor acha que a Cpi errou em retirar o governador do relatório final?
Não, eu acredito que, enfim, não era minha opinião. Eu tinha um relatório, não foi esse o relatório aprovado e logicamente, qualquer decisão diferente do que eu propus, na minha opinião, na minha verdade, está equivocada. Ele deveria, sim, estar incluído porque na minha opinião, como está bem escrito no relatório, que nós nos dedicamos muito pra fazer, um relatório extenso, quase 2 mil páginas só de relatório, fora os documentos anexos, que mostram claramente que haviam motivos para ele responder também por tudo que aconteceu na Ponte Hercílio Luz.
O senhor tem uma defesa do federalismo, da maior autonomia dos estados, tenta fazer uma Pec avançar em Brasília pelo apoio das assembleias legislativas… No que se baseia, o que traria na prática para autonomia dos estados essa Pec?
Traria a decisão para perto das pessoas. Uma frase que eu gosto muito é que só quem bebe da sua água poderia estar administrando a sua vida. Hoje em dia no Brasil é o contrário disso, quem decide sobre as nossas vidas, às vezes pode nem conhecer o Estado para o qual ele está tomando aquela decisão que terá consequências naquele Estado. Santa Catarina tem 16 deputados federais entre 513 deputados federais, isso significa que nós somos administrados por 497 deputados federais de fora de Santa Catarina, que decidem pelo catarinense. Na minha opinião isso não faz muito sentido, quando nós trazemos a decisão para perto das pessoas, não é que nós vamos resolver o problema, nada disso, mas nós vamos ter um incentivo maior para racionalidade na decisão política.

Bruno Souza levou para o plenário ao bandeira que destaca os Estados no mapa do Brasil para defender a Pec do Federalismo. Foto: Bruno Collaço, Agência AL.
Que tipo de decisões ficariam no estado e não iriam para Brasília?
A maior parte das decisões, desde contravenções, aquilo que são pequeno potencial ofensivo, direito administrativo, licitações, direito notarial, mais registros para os estados, uma grande parte do direito civil, direito ambiental…
E em termos arrecadatórios, concentração do dinheiro?
Essa Pec eu chamo de Federalismo 1.0, é uma primeira tentativa. Não muda nosso sistema arrecadatório, não muda a divisão dele. Infelizmente, porque se fossemos mudar tudo, seria provavelmente muito difícil aprovar agora. Nós temos que dar o primeiro passo para depois iniciarmos a discussão de sobre como Santa Catarina é espoliada e deixada de lado em nosso pacto federativo.
O senhor dá a entender que é a favor da independência de Santa Catarina. Santa Catarina um país… é isso que o senhor vê?
Eu sou a favor da autodeterminação dos povos, todos que defendem a liberdade e a não-violência, devem respeitar a autodeterminação dos povos. Se um povo decidir por si próprio que não quer fazer parte de algum conjunto jurídico, nós devemos respeitar. A alternativa a isso seria colocar tanques nas ruas e obrigá-lo a fazer parte de um arranjo que ele não quer, então eu sou a favor da autodeterminação, um povo tem que decidir qual arranjo institucional que quer fazer parte.
E como o povo decide?
Olha, esse é uma das questões mais antigas no debate sobre a democracia moderna. Como aferir a vontade do povo e como respeitar as liberdades individuais, como não tiranizar as minorias através da vontade da maioria. Esse é um dos assuntos mais debatidos quando o assunto é democracia liberal, democracia moderna. Muito difícil, mas o povo pode decidir através de uma cultura, através de métodos eleitorais, decisões como plebiscitos e a votação direta, mas não é só. É necessário também uma consolidação de valores, a sociedade precisa entender aquele como um caminho óbvio, fazer parte da União, não fazer parte da União, estar aqui, estar ali, esse tem que ser um valor sólido em uma sociedade. Você não pode impor os valores, o que a sociedade acredita como certo, natural.
O senhor acredita na urna eletrônica?
Eu acredito, acredito na urna eletrônica, o sistema pode ser sempre aprimorado, aliás, esse debate todo fez o TSE pensar mais em descentralização, em transparência e acredito que nós podemos aprimorar, não tem nenhum motivo para não acreditar hoje na urna. Mas, acredito que o sistema pode ser sempre melhorado.
Sobre a foto em destaque:
Bruno Souza me recebeu em seu gabinete na Assembleia Legislativa. Foto: Cláudia Xavier, Divulgação.