Pela primeira vez, há representantes de Santa Catarina no Conselho Superior de Cinema (CSC). São eles a cineasta Cíntia Domit Bittar, sócia da Novelo Filmes, a produtora Luiza Lins, realizadora da Mostra de Cinema Infantil; e Alfredo Manevy, professor de cinema da UFSC. Atuantes no setor nacionalmente tanto no campo da realização quanto da política audiovisual, elas reforçam o CSC nesta formação histórica de retomada e com paridade de gênero.

O Conselho vem com atribuições inéditas e traz doze cadeiras do governo mais doze da sociedade civil, todas com suplentes. Cíntia está entre titulares; Luiza, suplentes. O CSC terá, ainda, um colegiado da sociedade civil com paridade de gênero. A nova composição ainda será marcada pelas participações inéditas de duas mulheres negras e de um representante da região amazônica.

O esforço em prol da paridade e da diversidade foi encabeçado pela secretária do Audiovisual do Ministério da Cultura (MinC), Joelma Gonzaga, que há meses se debruça sobre a reestruturação do órgão responsável pela formulação de políticas para o cinema nacional.

Gonzaga buscou entender, por exemplo, se o CSC poderia encaminhar ao Congresso Nacional propostas de legislação voltadas ao mercado audiovisual. A ideia foi proposta pela secretária e aprovada pela Casa Civil, que recomendou a incorporação da Advocacia-Geral da União (AGU) ao conselho para a sua efetivação.

Ao todo, 12 pessoas irão compor a ala da sociedade civil do Conselho Superior do Cinema. As outras 12 serão indicadas por ministérios do governo, como é o caso das pastas da Fazenda, Planejamento e Direitos Humanos, além do próprio Ministério da Cultura.

Biografias:

A cineasta e ativista Cíntia Domit Bittar (1986) cresceu no interior de Santa Catarina e vive em Florianópolis desde 2002. Formou-se em Cinema (2007), iniciou a carreira como montadora e fundou a Novelo Filmes (2010), produtora independente de sócias mulheres, onde atua também como produtora, diretora e roteirista. Desde 2011, suas obras têm presença constante em festivais como Festival do Rio, Tiradentes, Gramado, Cartagena, Oberhausen, Biarritz, Hong Kong, entre outros. Seu curta mais recente, “BAILE” (2019), foi finalista do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro e qualificado ao Oscar ao vencer o 60º FICCI – Fest. Int’l de Cine de Cartagena de Indias. Além de realizadora, integra entidades de classe desde quando era universitária e construiu uma trajetória ativa na defesa e desenvolvimento das políticas culturais e audiovisuais. Atualmente, exerce o terceiro mandato da API – Associação das Produtoras Independentes do Audiovisual Brasileiro, da qual é uma das fundadoras; e segundo mandato como vice-presidenta do Santacine – Sindicato da Indústria Audiovisual de Santa Catarina. Integra o + Mulheres Lideranças do Audiovisual Brasileiro, a Cinemateca Catarinense – ABD/SC, a elaSCine – Mulheres do Audiovisual Catarinense e o Fórum Setorial Audiovisual Florianópolis. De 2018 a 2022, esteve Conselheira no Conselho Municipal de Política Cultural de Florianópolis.

Luiza Lins é catarinense e realizou os seus estudos na cidade do Rio de Janeiro. Trabalhou como atriz no programa infantil Revistinha, da TV Cultura de São Paulo, como dubladora profissional na empresa Álamo SP, e em várias peças teatrais.

Em 2002, criou a empresa Lume Produções Culturais e idealizou e realizou a primeira Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis, evento pioneiro no Brasil que promove a inclusão social, a educação através do cinema e o desenvolvimento do cinema infantil nacional. Atualmente realiza a 22ª edição do evento. Foi presidente da Cinemateca Catarinense – ABD/SC e participou na equipe de curadoria infantil da Programadora Brasil/MINC. É roteirista, diretora e produtora de 3 curtas metragens para crianças, dois vencedores de edital Curta Criança do MINC e um do Prêmio Catarinense de Cinema.

Participou da Comissão formada pelo MINC e MEC para estudar a regulamentação da Lei 13.006, que obriga duas horas mensais de cinema brasileiro nas escolas. Produziu o Circuito de Cinema Infantil em SC e em outras cidades do país e faz a curadoria para a programação do Cineclube Infantil em Florianópolis. Foi produtora local da Mostra de Cinema e Direitos Humanos e recebeu o Prêmio Pontinho de Cultura do Ministério da Cultura pelo trabalho de divulgação e circulação de filmes infantis brasileiros por todo o país. Realizou o 1 Encontro da Indústria Criativa da Região Sul – Animação, Games e Conteúdo Infantil e o o Mercado Internacional de Audiovisual Infantil – o MIF.KIDS. É a atual vice presidente do Fórum dos Festivais.

Alfredo Manevy possui doutorado em cinema na ECA-USP, pós-doutorado na Babelsberg Universitara (Alemanha) e é professor de cinema da UFSC, além pesquisador em políticas culturais, tendo coordenado com outros professores o Mapeamento do Audiovisual Catarinense. Foi secretário executivo no MinC no governo Lula (2008-2010) e coordenou a implantação da Spcine, ligada à prefeitura de SP, e foi presidente da empresa (2014-2016). Na sua gestão foram criadas a Sao Paulo Film Commision e o circuito Spcine de cinema. Dirigiu Lupicínio Rodrigues: Confissoes de um Sofredor (2022), documentário longa-metragem, exibido em mais de 15 festivais, e que foi premiado em Portugual como melhor filme do público no Festin.

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