O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) viveu um dia de pré-campanha eleitoral em Santa Catarina neste sábado. Não apenas a dele, mas a de praticamente todas as lideranças estaduais que pretendem disputar as eleições majoritárias de 2022 à esteira do bolsonarismo. Nesse sentido, quem mais capitalizou foi o prefeito de Chapecó, João Rodrigues (Psd), anfitrião do presidente em eventos desde sexta-feira. O dia de pré-campanha contou inclusive com um comício em que o presidente atacou a CPI do Covid, criticou o Supremo Tribunal Federal, as urnas eletrônicas e bateu forte no provável adversário da disputa do ano que vem: Lula (Pt).
No primeiro dia, Bolsonaro esteve cercado por políticos catarinenses na visita às obras da Arena Condá – onde há dinheiro federal através de emendas parlamentares – e um evento com empresários no Centro de Cultura e Eventos Plinio Arlindo de Nes. Lá, o presidente estava ao lado de pelo menos quatro nomes mais ou menos cotados para disputar o governo do Estado em 2022: os senadores Jorginho Mello (Pl) e Esperidião Amin (Pp), a vice-governadora Daniela Reinehr (sem partido) e o próprio João Rodrigues. Além deles, diversos postulantes ao Senado e vagas de deputado federal estavam ao redor.

Bolsonaro e quatro possíveis candidatos a governador: João Rodrigues, Daniela Reinehr, Jorginho Mello e Esperidião Amin. Foto: Alan Santos, Presidência da República.
Mas o grande ato foi realizado na manhã deste sábado, a motociata que levou o presidente, apoiadores e militantes no trajeto de ida e volta entre Chapecó e Xanxerê – onde inaugurou uma agência da Caixa. João Rodrigues fez o trecho na garupa da motocicleta pilotada por Bolsonaro. Ao final do trajeto, o presidente discursou por cerca de 10 minutos – destacou o apoio de Jorginho Mello no Congresso e chamou João Rodrigues de “velho amigo”.

João Rodrigues foi o anfitrião de Bolsonaro em Chapecó e conquistou o lugar mais desejado pelos postulantes do governo de SC em 2022: a garupa do presidente. Foto: Isac Nóbrega, Presidência da República.
A fala trouxe uma forte reação aos acontecimentos da noite de sexta-feira na CPI da Covid, quando o deputado Luís Miranda (DEM-DF) e seu irmão, o servidor do Ministério da Saúde Luís Ricardo Miranda, afirmaram que houve pressão para acelerar a importação da vacina indiana Covaxin e que o próprio Bolsonaro havia sido alertado dos indícios de irregularidades.
– Não adianta provocarem, inventarem, quererem nos caluniar 24 horas por dia, porque não conseguiram. Só uma coisa me tira de Brasília: o nosso Deus. Não vai ganhar no tapetão ou inventando narrativas – disse Bolsonaro.
O presidente atacou os grupo de senadores oposicionistas da CPI e relacionou à investigação à intenção de, segundo ele, beneficiar a candidatura de Lula.
– Temos uma CPI de sete pilantras que não querem investigar quem recebeu o dinheiro, apenas quem mandou o dinheiro. Lamentavelmente, o STF decidiu pela CPI e decidiu também que governadores estão desobrigados de comparecer à mesma. Querem investigar o quê? No tapetão não vão levar. Tem eleições ano que vem e se Deus quiser, com apoio do parlamento, com voto auditável. Vamos botar um fim, no mínimo, na sombra da fraude que deve acontecer, com toda certeza, a cada eleição. Tiraram um vagabundo da cadeia. Tornaram esse vagabundo elegível. Querem agora torná-lo presidente pela fraude. Não conseguirão – disse Bolsonaro.
Lula foi chamado por Bolsonaro de “vagabundo” e “ladrão maior”, enquanto a ex-presidente Dilma Rousseff (Pt) foi citada como “múmia indicada pelo Lula”. Disse que o atual governo está concluindo obras, “porque o PT só concluía obras fora do nosso país”.
– Nós não estamos fazendo campanha, estamos mostrando algumas coisas e dizendo à população que nós temos hoje em dia um presidente está ao lado de seu povo – disse Bolsonaro, em tom de campanha.
Sobre a foto em destaque:
Motociata liderada pelo presidente Jair Bolsonaro reuniu nesta sábado apoiadores no trajeto de ida e volta entre Chapecó e Xanxerê. Foto: Isac Nóbrega, Presidência da República.