Se um petista acha difícil votar no ex-emedebista, ex-tucano e ex-pefelista Dário Berger (Psb) para o Senado, talvez viva um sentimento semelhante ao eleitor do Pmdb em 2006, quando Luiz Henrique da Silveira e Jorge Bornhausen costuraram a tríplice aliança e botaram pelo primeira vez o antigo Pfl no palanque dos peemedebistas em primeiro turno. Na época, o nome escalado para disputar o Senado na chapa construída para reeleger LHS governador era o pefelista Raimundo Colombo (hoje no Psd). A costura para fazer o eleitor do 15 topar, pela primeira vez, o 25(5) foi escolher um nome muito ligado à história do Pmdb como primeiro suplente. O escolhido foi o ex-governador e ex-senador Casildo Maldaner.

Passados 16 anos, o Pt catarinense ensaia repetir a fórmula para engajar o eleitor petista na reeleição de Dário. Ex-deputado federal, ex-prefeito de Chapecó e duas vezes candidato a governador pelo Pt, José Fritsch deve ser o primeiro suplente de Dário Berger. Ele já sinalizou a aliados próximos que recebeu a oferta e a aceito. Ele estava inscrito inicialmente para concorrer a deputado federal nas eleições deste ano. A última vez que Fritsch encarou as urnas foi em 2008, quando tentou retornar à prefeitura de Chapecó e ficou em segundo lugar na disputa vencida por João Rodrigues (Democratas na época, hoje Psd). A fórmula pode até ser ser reforçada com outra petista histórica na chapa: a ex-senadora Ideli Salvatti é cotada para a segunda suplência.

Em 2006, em outro contexto e a bordo de uma coligação que quase matou de inanição as demais alianças, a fórmula de LHS para Colombo foi um sucesso. O peemedebista dizia que o lageano não foi eleito, foi nomeado senador. Mas, nos comícios, Luiz Henrique era enfático ao dizer, mirando os peemedebistas mais fanáticos, que quem não votasse em Colombo para o Senado não precisava votar nele para governador. Pois Colombo fez até mais: teve 1,73 milhão de votos, uma vantagem de 900 mil votos sobre a segunda colocada, Luci Choinaki (Pt) e pouco mais de 100 mil votos mais que o próprio LHS na disputa pelo governo. Até hoje é o recorde de votos de um candidato a senador em Santa Catarina nas disputas com apenas uma vaga.

Em 2022, o cenário estará fragmentado com as presenças de candidaturas ligadas ao bolsonarismo como Jorge Seif (Pl) e Kennedy Nunes (Ptb) e aos postulantes mais ao centro, como Celso Maldaner (Mdb) e o próprio Raimundo Colombo (Psd). A leitura é que a fragmentação de votos à direita possa ajudar um candidato à esquerda. Nesse contexto, Dário precisa impedir que votos petistas desaguem na candidatura do ex-deputado estadual e ex-petista Afrânio Boppré (Psol), hoje vereador em Florianópolis. É a tarefa de Fristch e, talvez, de Ideli.


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Com o candidato a governador Décio Lima na convenção do Pt, José Fritsch deve ser escalado para reforçar a candidatura de Dário Berger ao Senado no eleitorado petista. Foto: Denner Ovidio, Divulgação.

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