Em determinado momento do evento em que o Solidariedade declarou apoio oficial à pré-candidatura presidencial de Lula (Pt), na última terça-feira, Santa Catarina foi assunto. Com os pré-candidatos a governador Décio Lima (Pt) e Gelson Merisio (Solidariedade) presentes, o líder petista fez referência à proliferação de postulantes ao comandar a frente de esquerda. Hoje, Décio Lima e o senador Dário Berger (Psb) são os nomes mais citados para disputar o governo, mas no evento do Solidariedade, Merisio foi citado pelo presidente nacional da legenda, Paulinho da Força, e pelo próprio Lula:
– Gelson Merisio foi anunciado aqui como pré-candidato a governador e ele anunciou o Décio (Lima) como pré-candidato a governador. E tem mais pré-candidatos a governador em Santa Catarina porque eles estão construindo uma aliança que envolve oito partidos políticos. Eu acho que dessa vez em Santa Catarina vocês vão ganhar as eleições – disse o petista.
Décio e Merisio estão alinhados – inclusive sentaram lado a lado no evento do Solidariedade, logo atrás de Lula e do pré-candidato a vice-presidente Geraldo Alckmin (Psb). Estão jogando juntos, no momento, com a pré-candidatura de Décio à frente. Nas conversas da frente de esquerda catarinense, eles advogam que Dário Berger deveria tentar a reeleição ao Senado e que o petista tem mais chances de vincular-se ao voto dado a Lula entre os catarinenses. A conta é simples, é a mesma que o prefeito lageano Antonio Ceron (Psd) expôs no início da semana: em um cenário de múltiplas candidaturas e polarização nacional, quem estiver associado ao polo lulista tem chances reais de ir ao segundo turno.
As pesquisas que circulam até agora, mostram os nomes da esquerda (o leitor pode botar umas aspas se achar necessário) estão longe do potencial eleitoral de Lula no Estado – na faixa de 25% a 30%. Isso é natural e a campanha eleitoral deve equalizar. Até agosto, no entanto, o que foi considerado por Lula como uma vantagem, oito partidos e diversos pré-candidatos, pode virar um problema a ser administrado. Especialmente se entrar na conta que existem dois postulantes específicos para a vaga de senador na chapa lulista: o vereador Afrânio Boppré (Psol), de Florianópolis, e o ex-deputado federal Jorge Boeira (Pdt). Será necessária muita conversa, convencimento e paciência para manter unidos os oito partidos com apenas três vagas à disposição.
Enquanto Décio e Merisio confraternizavam com Lula e Paulinho da Força, o senador Dário Berger também fazia seu movimento de acomodação à esquerda. Único senador do Psb, ele anunciou a adesão ao bloco parlamentar “Resistência Democrática”, formado por Pt e Pros. Um gesto de aproximação com os petistas, já que o bloco partidário geralmente toma posições em consenso sobre determinadas matérias em tramitação no Senado.
– O momento exige, mais do que nunca, união para enfrentarmos os desafios do presente pensando no futuro de SC e do Brasil. Isso só será possível através da convergência, do diálogo e da política – pontuou Dário ao formalizar sua adesão ao grupo.
Sobre a foto em destaque:
No evento do Solidariedade, Décio Lima e Gelson Merisio nos ombros de Lula. Foto: Solidariedade, Divulgação.