Tudo indica que as portas vão se fechando mais uma vez para a pré-candidatura do senador Dário Berger ao governo do Estado por um grande partido ou ampla coligação. Em março, ele deixou o Mdb após 15 anos de filiação por causa da disputa interna em que acabou relegado a terceira alternativa, atrás do ex-prefeito Antídio Lunelli (Mdb), de Jaraguá do Sul, e a possibilidade de composição com o governador Carlos Moisés (Republicanos). Filiado ao Psb, buscou liderar a frente de oito partidos que deve dar palanque para as candidaturas presidenciais de Lula (Pt) e Ciro Gomes (Pdt) em Santa Catarina. Os últimos dias praticamente definiram que o nome desse bloco será o ex-deputado federal Décio Lima (Pt).
Com o Psb isolado entre os demais partidos do grupo – Pt, Pdt, Pc doB, Psol, Pv, Rede e Solidariedade -, Dário Berger tentou criar um fato novo ao anunciar que poderia abrir uma dissidência na frente atraindo os pedetistas para uma nova composição, com palanque exclusivo para Ciro Gomes e a oferta das vagas de vice-governador e senador na chapa. Lideranças do Pdt, como o deputado estadual Rodrigo Minotto, chegaram a balançar com a proposta. A reação de Décio Lima foi a apresentação do ex-deputado estadual e segundo colocado nas eleições para o governo em 2018, Gelson Merisio (Solidariedade), como possível pré-candidato a vice. No dia seguinte, Dário concedeu entrevista ao Plenário em que culpou a dupla Décio e Merisio por não conseguir se viabilizar candidato pela frente de esquerda.
Na última sexta-feira, em meio ao feriadão, o Pdt resolveu dar fim às especulações sobre dissidência. Sob comando do presidente estadual Manoel Dias, a legenda definiu apoio público à pré-candidatura de Décio Lima e a requisição da vaga de senador na chapa – os nomes à disposição são os ex-deputados federais Jorge Boeira e Fernando Coruja. Assim, no nível da articulação estadual, resta ao Psb e a Dário Berger voltar à mesa de negociações para a vaga de senador ou lançar-se em uma aventura solo.
A outra alternativa é nacional, através da pressão da direção do Psb capitaneada pelo dirigente Carlos Siqueira e pelo ex-governador paulista Geraldo Alckmin (Psb), pré-candidato a vice-presidente na chapa de Lula. Ambos foram acionados por Dário para que a legenda coloque Santa Catarina entre os Estados em que o partido receberia o apoio petista em troca da composição nacional. Presidente estadual do Psb, o ex-deputado federal Claudio Vignatti já reclamou em entrevista que Décio Lima bloqueia o acesso a Lula.
Bloqueado ou não, os sinais que vêm de Lula é de que está convencido de que a chapa com Décio e Merisio é a melhor alternativa. Inclusive, o presidente pareceu ter ficado impressionado com as conversas do novo aliado catarinense. Enquanto isso, Dário não conseguiu transformar os apelos ao Psb nacional em real engajamento de Alckmin por sua candidatura.
Sobre a foto em destaque:
Décio e Merisio teriam a aprovação de Lula para seguir em frente na frente. Foto: Divulgação.