O ex-governador Raimundo Colombo (Psd) fez críticas à política distribuição de recursos aos municípios promovida pelo governador Carlos Moisés (Republicanos) e disse que “há um excesso de agressividade do governo na troca de convênios e recursos públicos com objetivo claramente eleitoral”. Em entrevista ao Plenário da Rádio Som Maior, o pessedista comparou o programa Fundam, que repassou recursos a prefeituras em seu primeiro mandato, com o atual Plano 1000. A segunda edição do programa, prevista para 2018, não saiu do papel, o que gerou desgaste político e eleitoral para Colombo.
– É engraçado que as pessoas não falam do Fundam que saiu, só falam do Fundam que não saiu. A palavra reconhecimento, na política, fica muito desvalorizada. Houve um boicote no segundo Fundam. Pessoas atrapalharam, impediram. E o Fundam é um negócio completamente diferente desse festival que está sendo feito no governo agora. O Fundam tinha um conceito: valorizar as pequenas cidades. As 295, independente de qual partido fosse, recebiam um valor que era de no mínimo R$ 1 milhão e no máximo R$ 3 milhões. O conceito era fazer com que as pessoas não saíssem dos pequenos municípios. Hoje se faz uma proposta exatamente inversa: ajudar mais as maiores cidades.
O Plano 1000 estabelece repasses equivalente a R$ 1000 para cada habitante que a cidade possua, valores que devem ser investidos em obras estruturantes. Colombo vê uma “ação polítiqueira” na forma como estão sendo distribuídos os recursos e acredita que há indícios de abuso de poder político, o que pode ser avaliado pela Justiça Eleitoral, especialmente porque os recursos são prometidos para os próximos cinco anos, envolvendo o período do mandato do próximo governo. O Fundam foi extinto na atual gestão e é criticado porque tinha como fonte recursos de financiamentos.
– A nossa ação era de desenvolvimento, essa é politiqueira. O que está acontecendo agora com os prefeitos é a ânsia de saber se vai receber alguma parcela de um convênio que é por cinco anos. Já é uma fraude eleitoral você assinar um convênio por cinco anos quando tem um período de governo de seis meses. E o convênio precisa ser assinado e pago até junho, o que faz com que os prefeitos entrem em desespero. Essa é uma realidade com que estamos convivendo. Acho que a Justiça em algum momento vai agir em favor da causa pública e contra essa politicagem nojenta que estamos vivendo.
Colombo apontou que há casos de cooptação de prefeitos de partidos adversários e citou a recente decisão do prefeitos Wilson Trevisan, de São Miguel do Oeste, que anunciou a saída do Psd para poder apoiar a reeleição de Moisés.
– Não em todos os casos, mas em alguns sim. Evidente que fazer um convênio com uma prefeitura é uma coisa normal, é um dinheiro público. É uma transferência que se fez ao longo da história. Agora, trocar isso por filiação partidária, como é o caso de alguns, se caracteriza sim.
Na entrevista do Plenário da Rádio Som Maior, Colombo também falou do encontro que teve em Criciúma na terça-feira com o senador Esperidião Amin (Progressistas) e o prefeito Clésio Salvaro (Psdb). O objetivo é construir uma aliança entre os partidos, mas o ex-governador admitiu que ainda não há definições.

Amin, Clésio e Colombo discutiram aliança entre seus partidos na terça-feira, em Criciúma. Foto: Divulgação.
– Uma conversa normal dessa fase. Nós estamos vivendo uma fase de troca de ideias. Não há uma definição. Nós temos um objetivo comum. Em muitas coisas, nós pensamos muito parecidos em termos de Santa Catarina. Mas realmente não tem nenhuma decisão, porque nem poderia ter. Apenas uma aproximação, um desejo de construir juntos. É uma fase em que se conversa muito e se decide pouco.
Sobre a possibilidade de concorrer ao governo ou ao Senado, Colombo manteve as opções em aberto.
– Eu quero colaborar, oferecer a minha experiência para o futuro. Pode ser ao governo, ao Senado, pode ser a nada. Eu já demonstrei, com as minhas atitudes, que eu consigo superar essas questões de ambição e assumir uma responsabilidade de servir à Santa Catarina. Nós temos de unir as forças.
Ouça a íntegra da entrevista:
Sobre a foto em destaque:
Colombo discursa em evento do Psd. Foto: Caio Marcelo, Divulgação.