Convidado para participar da live Parlatório na noite de segunda-feira, o governador Raimundo Colombo (Psd) não mediu as palavras ao criticar o governo de Carlos Moisés (sem partido). Na conversa comigo e com os jornalistas Adelor Lessa e Everaldo Silveira, o pessedista falou das articulações políticas para construção de um projeto em oposição ao atual governador em 2022 e não descartou ser candidato novamente.
– O governo do Estado é um fracasso. Eu defendo com convicção a mudança e a oposição ao atual governo porque acho ele ruim, um fracasso. Ele está cometendo erros graves para Santa Catarina.
Diante de um termo forte como “fracasso”, questionei Colombo sobre quais os motivos fazem com que ele considere assim a gestão de Carlos Moisés. Transcrevo a pergunta e a íntegra da resposta:
Upiara: O senhor usou uma palavra muito forte para se referir ao governo Moisés, o senhor falou que é um governo que fracassou. Fracasso é um termo, em política, muito forte e poucas vezes usado. O que faz do governo Moisés um fracasso na sua opinião?
Colombo: É um governo para dentro. Nós temos uma série de crises na sociedade e o governo está de olhos fechados. Nós perdemos toda relevância a nível nacional. Hoje as grandes críticas são de que nem nos documentos assinados por governadores ele não assina, não diz que é a favor, não diz que é contra. Ele não se posiciona. A nível internacional, Santa Catarina é um grande exportador, recebemos em São Paulo prêmio como melhor desempenho em nível internacional, (ex-governador) Luiz Henrique (Pmdb) deu muito força. Nós simplesmente desaparecemos. Isso é um problema muito grave. Segundo aspecto, existe uma série de medidas que precisam ser tomadas de forma urgente na proteção das pessoas mais pobres, como, por exemplo, não aumentar o gás de cozinha. (A alíquota de Icms) era 7%, vem uma crise enorme e o governo aumenta para 17%. Um botijão em Santa Catarina está mais de R$ 100 e o governo aumentando impostos. Por exemplo, agora vem uma punição para a sociedade. Houve uma seca, nós não estávamos preparados, vamos ter que sobretaxar a energia elétrica para poder consumir altos volumes em termos de energia termoelétrica. Isso vai dar um aumento na energia de 30% a 40%. O governo (estadual) vai fazer o quê? Sobre esse aumento vai aumentar mais 33% no Icms, porque é 25% por dentro (o percentual se aplica sobre o preço que inclui o próprio imposto). O trabalhador vai ter uma punição dupla: vai ter um aumento da energia elétrica e vai sofrer um aumento de imposto sobre essa punição. É um governo que cuida da tesouraria, mas não cuida da vida do Estado, da vida do cidadão. O governo está com o caixa cheio porque está arrecadando e o povo com a geladeira vazia. O governo é insensível, feito de burocratas. E é uma contradição absurda. Ele se elegeu dizendo o quê? “Contra a velha política”, odiando os políticos. É quem é que manda no governo hoje, quem está governando? Aqueles que ele diz que não dava. Ele veio com Bolsonaro e rompeu com Bolsonaro, trazendo grandes prejuízos a Santa Catarina. Bolsonaro vem aqui para mostrar sua presença política, em um ato de contrariedade ao governador. Ações administrativas não tem e eu acho que se deve muito a esse rompimento que ele fez. Ele prejudicou muito Santa Catarina ao romper com o governo federal. As obras não vieram, não virão. As pessoas com quem me relaciono e vão a Brasília dizem que quando falam o nome do nosso governador, azeda tudo. É uma contradição absurda. Sem falar do fracasso início da pandemia.
Na sequência da entrevista, Colombo foi questionado sobre como se sente em relação ao apoio que o Psd dá a Moisés na Assembleia Legislativa e a presença do pessedista Eron Giordani na Casa Civil. Ele se mostrou desconfortável com a situação.
– Acho que é contraditório o Psd apoiar o governo Moisés, acho que está errado. Mas o Psd não está apoiando, líderes estão – explicou Colombo.
Sobre Eron Giordani, o ex-governador elogiou a capacidade do correligionário e admitiu melhoras na gestão, mas pontuou diferenças entre os bastidores da política e da gestão administrativa.
– O Eron passou a desenvolver um trabalho que, por preguiça, Moisés não fazia, que é conversar com as pessoas, instituições e parlamentares. Politicamente o governo ganhou cara, mas essa cara não é a do governador. Nunca vi um líder ser liderado por seu secretário da Casa Civil.
No Parlatório, Colombo falou sobre encontros recentes com lideranças que articulam palanques eleitorais para 2022, assim como ele. Ele citou Gean Loureiro (Democratas), Esperidião Amin (Progressistas), Gelson Merisio (Psdb), e os emedebistas Dário Berger, Celso Maldaner e Antídio Lunelli. Também respondeu sobre as novas denúncias aceitas pela Justiça Federal em relação às Operações Hemorragia e Alcatraz, que investigam atos de corrupção nas secretarias de Saúde e Administração durante seus mandatos à frente do Estado. Na segunda-feira, os ex-secretários Milton Martini (Mdb) e Dalmo Claro (ex-Mdb, hoje Psl) se tornaram réus em decisão da juíza federal Janaína Cassol, com base em um suposto esquema de desvio de recursos em contratos ligados à implantação e operação do SC Saúde – o plano de saúde dos servidores estaduais.
– Está havendo essa investigação e temos que esperar para ver o que houve e se houve alguma coisa que precisa ser corrigida. Eu não tenho conhecimento e para mim o SC Saúde sempre foi um programa de grande sucesso, que prestou e presta um bom serviço à sociedade. Eu respeito a Justiça, tem que esperar as avaliações e eu não quero ser precipitado.
Veja a íntegra da live Parlatório:
Sobre a foto em destaque:
Ex-governador Raimundo Colombo (Psd) fez fortes críticas ao governo de Carlos Moisés (sem partido) na live Parlatório. Foto: Assessoria de Raimundo Colombo, sem indicação de autoria.
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