Aliado antigo do ex-governador Raimundo Colombo (Psd), o prefeito lageano Antonio Ceron (Psd) se viu envolvido em uma polêmica por ter dito ao governador Carlos Moises (Republicanos), em evento com outros prefeitos da Serra, que ele “pode contar com a região serrana” no reconhecimento aos investimentos feitos nos municípios. O experiente pessedista foi o entrevistado no Plenário da Rádio Som Maior nesta segunda-feira, quando afirmou que os elogios a Moisés não significam que Colombo está fora do jogo.

Na conversa com Adelor Lessa e Upiara Boschi, o prefeito lageano defendeu que o Psd não precisa ter pressa para definir a nova candidatura de Colombo ao governo ou a adesão a pré-candidatura do ex-prefeito Gean Loureiro (União), de Florianópolis, como defende a maioria da bancada estadual do partido. Ceron ironizou a posição do grupo liderado pelo deputado estadual Júlio Garcia.

– A bancada já foi pela cassação do Moisés, depois pela apoio irrestrito ao Moisés e agora tem outra frente. É uma coisa meio instável também. É evidente que a bancada tem muito peso, mas o partido está muito além da bancada estadual. A gente respeita, são todos meus amigos, mas a gente está pensando em uma eleição estadual. As interesses pessoais de candidaturas são legítimos, mas temos que ver o que é bom para o Psd e qual proposta eles podem apresentar. Não tem porque marcar agora as definições.

O prefeito lageano negou que os elogios ao Moisés sejam um indício de que Colombo esteja deixando a disputa pelo governo do Estado. Perguntado por Adelor Lessa se o ex-governador estava “batendo em retirada”, o pessedista citou as conversas de Colombo com o Psdb, o Progressistas e até com o Mdb para apresentar um projeto consistente ao partido para as eleições deste ano.

– Ele não está batendo em retirada. Entendo que tem lideranças do Psd que estão forçando que ele bata em retirada. É diferente. Ele está trabalhando no firme propósito de viabilizar a candidatura a governador. Mas ele é disciplinado ao partido e está conversando com integrantes da executiva e não vamos negar que há uma corrente forte, de deputados, por outros encaminhamentos. É legítimo.

Na entrevista, Ceron disse que vê a candidatura de Colombo com maior viabilidade que a de Gean.

– O Psd é um partido estruturado em toda Santa Catarina. Nós respeitamos demais o União Brasil, tenho o maior carinho pelo Gean Loureiro, mas nós precisamos ter um critério para a definição. Eu tive acesso a sete ou oito pesquisas nos últimos 90 dias e em todas elas os candidatos que ponteiam são Raimundo e Moisés, Moisés e Raimundo. Isso tem que ser levado em conta. O que deve avançar dia 9 é o critério para decidirmos – afirmou Ceron, em referência ao encontro marcado para dia 9 de maio para definir o futuro da legenda nas eleições.

Apesar de minimizar os elogios a Moisés e defender Colombo em relação a Gean, o prefeito lageano faz uma ressalva que serve para os três. Ceron vê acúmulo de candidaturas no espectro político de entre o centro e a direita, o que pode deixar todos pelo caminho. No recado, estão incluídas as pré-candidaturas de Antídio Lunelli (Mdb), Esperidião Amin (Progressistas) e Jorginho Mello (Partido Liberal). Esse acúmulo, acredita o prefeito, pode colocar a esquerda no segundo turno.

– Há um detalhe que todo mundo está deixando de lado. Estão se armando cinco ou seis candidaturas de um lado político e uma de outro lado. De um lado Jorginho, Moisés, Gean Loureiro, Colombo, Amin e Antídio. No outro, a esquerda. Não precisa ser muito matemático para ver que uma das vagas no segundo turno será da esquerda. Precisamos acordar para a realidade do cenário. É ser candidato por ser candidato, para marcar presença, ou é um projeto com viabilidade eleitoral?

Ceron acredita que a polarização nacional entre o presidente Jair Bolsonaro (Partido Liberal) e o ex-presidente Lula (Pt) terá efeitos em Santa Catarina e que isso deve ser levado em consideração pelos postulantes ao governo.

– O puxador da eleição deste ano não é o candidato a governador, é o candidato a presidente da República. E o Brasil está dividido em dois lados. E eu acho que em Santa Catarina vai acabar indo para o segundo turno o candidato de um lado e o candidato de outro.

Ouça a íntegra da entrevista:


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