Representantes das centrais sindicais de Santa Catarina se reuniram na tarde desta sexta-feira com o Diretor-Geral do Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina (Tre-SC), Gonsalo Ribeiro, para debater ações imediatas para coibir os assédios eleitorais nos locais de trabalho.
A audiência foi solicitada pelas centrais por causa do aumento expressivo de denúncias que as entidades sindicais estão recebendo neste 2º turno. A presidenta da Cut-SC, Anna Julia Rodrigues, relatou ao Diretor-Geral do Tre-SC a situação pela qual os trabalhadores do Estado estão passando, com mais de 100 denúncias já registradas no Ministério Público do Trabalho e no site das centrais sindicais de casos de assédio eleitoral
– As denúncias vão desde pressão emocional com ameaças de que a empresa fechará as portas caso o candidato indicado pelo patrão não for eleito até casos de demissão de trabalhadores que declararam apoio em suas redes sociais para o candidato que não é o do patrão -.
Ronald dos Santos, representante da Ctb, alertou que a ação das instituições como TRE-SC para os assédios eleitorais é urgente e imprescindível
– O que estes patrões estão fazendo são retrocessos que não confrontam apenas os interesses e a liberdade democrática dos trabalhadores, mas todos o edifício civilizatório que já foi construído. É uma afronta às instituições democráticas. Se nós não nos manifestarmos nesse momento, vamos dar a liberdade para que fatos ainda piores aconteçam no futuro -.
Os representantes das centrais solicitaram que o Tre-SC se manifeste publicamente sobre os assédios eleitorais, que ouça o Ministério Público do Trabalho para ter dimensão das denúncias que estão sendo feitas e que sejam tomadas ações para punir e coibir os empresários de continuarem cometendo crimes eleitorais. O Diretor-Geral do Tre-SC se comprometeu em conversar com o presidente do Tre-SC, desembargador Leopoldo Augusto Brüggemann, e repassar as demandas das centrais.
Na reunião participaram representantes da Cut, Ctb, Intersindical e Nova Central, mas a ação para combater o assédio eleitoral também conta com o apoio da Csb, Força Sindical e Ugt que não puderem estar presentes. O advogado trabalhista e presidente da Associação Catarinense dos Advogados Trabalhistas, Prudente Mello, também participou do encontro.
Em Carta Aberta, Fecesc e Sindicatos da Área do Comércio e Serviços denunciam o clima de terrorismo e medo que paira em várias cidades catarinenses. Tal situação é promovida por parte dos empresários e de suas entidades representativas, que pressionam os trabalhadores para votar em um dos projetos em disputa no segundo turno das eleições no Brasil e em Santa Catarina.
Carta na íntegra
No dia 30 de outubro de 2022 os brasileiros e catarinenses irão às urnas decidir sobre o futuro do Brasil e de Santa Catarina para os próximos quatro anos. Dois lados se apresentam na disputa, tanto a nível nacional quanto estadual, representando dois projetos para o país completamente opostos.
De um lado, disputa a eleição um projeto que, sob falsa justificativa de que iria gerar empregos, destruiu os direitos trabalhistas e sociais; rebaixou os salários dos trabalhadores; piorou as condições de trabalho; fez explodir os preços dos combustíveis e dos alimentos para agradar especuladores internacionais; jogou 33 milhões de brasileiros no drama da fome; e foi responsável por grande parte das 687 mil mortes ocorridas em meio à pandemia de Covid-19. Apoiado por setores empresariais que enriquecem às custas do sofrimento de milhões de trabalhadores e por meio de renúncias de impostos, orçamento secreto e outras formas de desvio de recurso público, a única obra deste projeto foi a divisão do país. Marcado pelo preconceito contra homossexuais, pelo ódio às mulheres, pelo racismo e pela xenofobia, este projeto usa criminosamente do poder econômico para pressionar trabalhadores a votarem em seus candidatos, mostrando sua faceta autoritária e antidemocrática, típica daqueles que exaltam a tortura e o assassinato dos porões da ditadura militar.
De outro lado, um projeto radicalmente distinto também disputa as eleições deste ano. Projeto que quando governou o Brasil foi responsável pela erradicação da fome; pelo aumento ano após ano do salário mínimo; por uma situação considerada de pleno emprego, quase que zerando o desemprego; pela ampliação do orçamento público destinado às políticas sociais; pela valorização da educação através da criação de instituições federais de ensino e da ampliação do salário dos professores; e pela defesa da vida através da ampliação do SUS. Apoiado por setores sociais que sempre estiveram ao lado das lutas do povo, tais como sindicatos, movimentos populares, organizações de bairro e igrejas verdadeiramente baseadas nos princípios do amor cristão, este projeto representa hoje o interesse da maioria da população brasileira. Profundamente democrático e baseado na convivência saudável entre as diferenças, falta muito pouco para tal projeto voltar a dirigir os rumos do Brasil, jogando para a lata do lixo da história as minoritárias tendências fascistas e reacionárias da nossa sociedade.
Nesse sentido, sobre os ombros dos trabalhadores e trabalhadoras, que representam a absoluta maioria da sociedade brasileira e catarinense, está posta a responsabilidade de escolher qual futuro desejam para si mesmos. Orientamos que os trabalhadores não cedam à pressão de parte dos empresários e suas entidades de representação, que tentam criar um clima de terrorismo e medo em diversas cidades catarinenses. Que exerçam a mais plena liberdade de escolha quando decidirem seu voto, lembrando que a pressão de empresários sobre o voto dos trabalhadores é crime e que o voto é secreto.
Votar é um direito conquistado pela luta de gerações anteriores, que combateram contra a ditadura e a favor da democracia e da paz. Que os trabalhadores possam refletir, ponderar sobre o significado dos projetos em disputa e escolher de forma livre o futuro que querem para si e para o Brasil.