A incógnita sobre o futuro partido do governador Carlos Moisés (ex-Psl) gera tanta especulação que até mesmo o Psd do ex-governador Raimundo Colombo apareceu algumas vezes na bolsa de apostas sobre o destino do comandante. Claro que mesmo os rumores mais estranhos costumam ter algum pé na realidade para garantir a verossimilhança. No caso do suposto flerte entre Moisés e Psd, esse pezinho é a presença de Eron Giordani na Casa Civil, as costuras parlamentares e elogios públicos do deputado estadual Júlio Garcia e o agrado generoso aos prefeitos do partido. 

Na prática, no entanto, são praticamente nulas as chances de vermos Moisés candidato à reeleição ostentando o mesmo número 55 que derrotou em 2018 quando era utilizado por Gelson Merisio (hoje no Psdb) naquele segundo turno marcado pela continuidade da Onda 17. Há limites para a composição política.

Em uma comparação exagerada, podemos dizer que Moisés no Psd seria como se o presidente Jair Bolsonaro (ex-Psl), também à procura de um novo partido, escolhesse o Psdb de Fernando Henrique Cardoso. Não se assuste, não existe essa possibilidade. Quando os tucanos estavam no poder, o então deputado federal Jair Bolsonaro já falava mais do que devia e defendia o fuzilamento do então presidente FHC por causa da privatização da Vale do Rio do Doce. Por mais que o Pt de Lula seja seu antagonista, Bolsonaro e os bolsonaristas veem os tucanos como esquerdistas que sabem usar os talheres. 

Então, ninguém cogita que o presidente possa migrar para o Psdb, mesmo que o partido tenha deputados federais votando sistematicamente com o governo federal. Os tucanos hoje têm três pré-candidatos a presidente disputando uma prévia em que se apresentam como adversários de Bolsonaro e do Pt: os governadores Eduardo Leite (Rio Grande do Sul) e João Dória (São Paulo) e o ex-senador Arthur Virgílio (Amazonas).

Voltando para o paralelo catarinense que abri, o Psd também tem dado apoio parlamentar a Moisés e tem três candidatos ao governo do Estado: o ex-governador Raimundo Colombo, o prefeito chapecoense João Rodrigues e o ex-prefeito blumenauense Napoleão Bernardes. Na relação com o atual governo, o único do trio que faz oposição sistemática e contundente é Colombo. Não sem motivo, foi o governo dele que recebeu de Moisés o carimbo de “velha política”, é a gestão do pessedista que é usada como contraponto negativo nos melhores momentos da administração de Moisés. 

Quando Gilberto Kassab, presidente nacional do Psd, esteve em Florianópolis, negou qualquer chance de apoio a Moisés e deu sinais de que Colombo poderia levar adiante o projeto de uma nova eleição. A base pessedista é mais resistente à ideia, especialmente a bancada estadual. Daí a abrigar o projeto de Moisés é outra coisa.

No programa Parlatório da última segunda-feira, o deputado federal Ricardo Guidi (Psd) disse o óbvio: Moisés não combina com o Psd. E disse isso de forma leve, após elogiar sua gestão. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Herdeiro direto do pefelismo, o Psd catarinense é uma escola de política e de governo. Está no Dna da legenda não deixar o governo dos outros na mão, mas também não importar projetos alheios.  

Além disso, a adesão ao 55 seria uma construção política difícil para Moisés explicar ao eleitor que preferiu votar em desconhecido a manter no poder os mesmos. E 2022 será uma eleição em que Moisés já terá dificuldade para explicar o afastamento de Bolsonaro, os R$ 33 milhões, o abraço ao que chamava de velha política. Por isso, não apostem que Moisés vá ingressar no Psd. Mas, podem apostar com tranquilidade, o Psd vai apoiar Moisés caso ele se reeleja. Está no Dna.

Compartilhar publicação: