Defensor da realização da prévia do Mdb e aliado de Antídio Lunelli, o deputado federal Carlos Chiodini (Mdb) acredita que se o partido não definir seu pré-candidato a governador até novembro, seja qual for, terá um resultado nas urnas em 2022 tão frustrante quanto o que obteve em 2018, quando Mauro Mariani ficou em terceiro lugar na disputa. Na manhã desta quinta-feira, ele foi entrevistado por mim e pelo jornalista Adelor Lessa na Rádio Som Maior e criticou fortemente o que chamou de “blá-blá-blá” de caciques emedebistas que se opõem à definição preliminar da candidatura emedebista.

– A prévia pode ser cancelada por qualquer motivo, menos por blá-blá-blá. A pandemia permite fazer festa junina, andar por aí, fazer eleições gerais, menos a prévia do Mdb? Isso é uma incoerência. Ao menos mudem o discurso. Quem convocou as prévias foi o diretório do Mdb-SC. Um pequeno quórum chegou em uma reunião da executiva, de que nem faço parte, gritando alto para cancelar as prévias, para remarcar por causa da pandemia. Quem não sabe que tem pandemia desde março do ano passado? A prévia já foi convocada durante a pandemia. Acho que ela pode ser cancelada desde que o diretório discuta o assunto sem arbitrariedades e sem atropelos. 

Chiodini disse que ter três postulantes à vaga de governador gera conflitos, mas “ao mesmo tempo é bom, porque outros partidos nem tem candidato”. No entanto, ele crê que se não houver definição entre Antídio Lunelli, Celso Maldaner e Dário Berger até novembro, não haverá tempo de levar esse nome para construir junto à sociedade a candidatura ao governo. Ele faz um paralelo com a disputa interna de 2018, quando a vaga emedebista foi debatida por dois anos nos bastidores entre o ex-deputado federal Mauro Mariani, o ex-governador Eduardo Pinho Moreira e o ex-prefeito joinvilense Udo Döhler. No final das contas, Mariani chegou à convenção como postulante único.

– Na outra eleição foi igual. No processo de definição, alguns candidatos foram eliminados. Voltando no tempo, o ex-prefeito Udo Döhler (de Joinville) foi induzido a não participar da prévia, perdeu o prazo para renunciar e não foi candidato. O outro, então governador (Eduardo Pinho Moreira), queria ser candidato e desistiu uma semana antes (Moreira anunciou a desistência um mês e meio antes da convenção em 2018, quando Udo não podia mais ser candidato). Sobrou um candidato (Mauro Mariani) que ficou discutindo internamente, dentro do partido, durante quatro anos e não foi falar com a sociedade. Ali nós perdemos a eleição. E o mais interessante é que os mesmos personagens agora vem com o mesmo blá-blá-blá. Isso não funciona. Eleição é feita antes, é falada com a sociedade, por isso o Mdb precisa se definir.

O deputado federal defendeu as prévias do partido, marcadas inicialmente para agosto e agora sem data. Disse que os filiados estavam motivados para participar da decisão sobre o futuro da sigla e criticou as falas de Eduardo Pinho Moreira, que em entrevistas vem dizendo que os encontros regionais com os pré-candidatos são “reuniões frias”.

O Eduardo Moreira não foi em nenhuma reunião. Foi um infelicidade tamanha. As reuniões na região da Amrec, por exemplo, 8 horas da manhã em Cocal do Sul, em que ele não estava presente, foi uma reunião excelente, mais de 100 pessoas. Poderia ter 1 mil, mas foi uma reunião reduzida a prefeitos, vereadores, lideranças histórias do partido. Quem não participa não pode opinar (risos).

Perguntado sobre a entrevista de Camilo Martins, presidente do Podemos-SC, que ainda tenta convencer Lunelli a concorrer a governador pelo partido, Chiodini disse que o assédio é natural pelo contexto indefinido do Mdb, mas que não existe um acerto para mudança de partido.

O mundo político continua a girar. O Camilo é um grande amigo e o Podemos é um partido que tem todos os predicados necessários para crescer nessa eleição, mas não tem nada disso sendo discorrido ou acordado. O Mdb vai primeiro tomar sua decisão. Eu estive com o prefeito Antídio esta semana com os deputados estaduais do Mdb, conversamos sobre este momento. Vamos percorrer esse caminho no Mdb para que haja uma definição sobre quem é o candidato, até por uma questão de necessidade. Partido que quer ter um projeto de poder precisa definir sua candidatura.

Chiodini diz não acreditar que a estreita relação da bancada do partido na Assembleia Legislativa com o governador Carlos Moisés (sem partido) seja um problema para a construção da candidatura própria do Mdb a governador ou embrião de uma futura aliança para reeleição do atual inquilino da Casa d’Agronômica.

Não é só o Mdb que tem uma bancada próxima do governo estadual. Acho que todos os partidos, até o Pt (risos), está todo mundo de certa forma envolvido com o governo estadual. O Psd comanda a Casa Civil (com Eron Giordani), o Progressistas tem secretaria, o Psdb é base. É todo mundo base. Isso possibilita o Mdb ter uma candidatura a governador. Se fosse só o Mdb apoiando o governador Moisés ficaria mais difícil. 

Ouça a íntegra da entrevista:


Sobre a foto em destaque:

O deputado federal Carlos Chiodini apoia Antídio Lunelli na prévia do Mdb e defende que o partido defina a candidatura até o final do ano. Foto: Gustavo Sales, Câmara dos Deputados.

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