Presidente do Podemos em Santa Catarina, o ex-prefeito palhocense Camilo Martins está viajando o Estado para construir o projeto do partido para as eleições do ano que vem. Um projeto de centro-direita, que atraia “pessoas que pensam parecido, mas que debatam internamente”, sem o caciquismo que marca partidos tradicionais como o Psd – que ele deixou em feveiro após 10 anos de filiação. Ele foi entrevistado por mim e por Adelor Lessa no estúdio da Rádio Som Maior, em Criciúma, na manhã desta quarta-feira, ele falou dos planos do partido e sobre a possibilidade filiações de peso no Estado e no país.
Na mira do Podemos estão a deputada estadual Paulinha (expulsa do Pdt) e o prefeito Antídio Lunelli (Mdb), de Jaraguá do Sul. Camilo diz que ambos tem o perfil que o partido procura, mas diz que a tentativa de filiar o emedebista já foi amadurecida internamente. No entanto, Lunelli está na disputa pela vaga de pré-candidato ao governo pelo Mdb e nega que vá deixar a sigla.
– Eu volta e meia procuro o Antídio porque entendo que poderemos ter, na vinda dele para o Podemos, um grande crescimento e também a oportunidade de mostrar uma candidatura. Nós respeitamos muito o Mdb, sim. Porém, ainda tenho dúvidas sobre se o Mdb vai dar a candidatura a ele. Na última reunião do nosso partido deixamos muito aberta a possibilidade da vinda do Antídio porque é o perfil que nós queremos, é uma pessoa que já demonstrou em Jaraguá do Sul que pode colaborar muito com Santa Catarina.
Sobre a deputada estadual, Camilo diz que quer levar a ex-pedetista para uma conversa ampliada com o partido.
– Paulinha é um grande quadro. Não temos vedação ao nome dela, pelo contrário, nós queremos lideranças como ela. No entanto, a discussão tem que ser em grupo. Não vai ser o presidente Camilo Martins que vai dizer sim ou não, é o grupo que vai decidir. Provavelmente devemos fazer uma reunião e convidá-la para participar para apresentar sua proposta ao partido.
Camilo tem falado com frequência com a presidente nacional do Podemos, deputada federal Renata Abreu, sobre as perspectivas de candidatura do partido à Presidência da República. A legenda procura um candidato, já convidou o governador gaúcho Eduardo Leite (Psdb) e ainda aguarda posição do ex-juiz e ex-ministro Sérgio Moro sobre filiação. O catarinense diz que a possibilidade de Moro concorrer ao Senado em Santa Catarina foi mera sugestão que não evoluiu.
– A Renata Abreu queria muito a vinda do Eduardo Leite. Acabou que ele preferiu a prévia do Psdb. Tem o nosso ex-juiz federal Sérgio Moro, que ficou de decidir se disputará ou não uma eleição presidencial pelo Podemos. Parece que ele tem um prazo, até o final de novembro, porque participa de uma empresa. Se ele for disputar algum cargo, será pelo Podemos. É a garantia que deu. Acredito que se for candidato só será a presidente da República.
Sobre o governo do Estado, além do sonho de contar com Antídio Lunelli, Camilo citou os prefeitos Mário Hildebrandt (Blumenau) e Fabrício Oliveira (Balneário Camboriú), assim como o ex-deputado federal Paulo Bornhausen, como possibilidades do partido para a majoritária. Disse, no entanto, que neste momento mais importante que definir nomes é “percorrer o Estado para se conectar à sociedade”. Quer um partido longe dos extremos, em nível nacional e estadual.
– Nós somos um partido de centro-direita. Um dos motivos de eu estar no Podemos é esse. Eu sou contrário aos extremos. Hoje a sociedade brasileira está muito no extremismo e a gente fala sociedade achando que são todas as pessoas. Na grande maioria, é 20% da sociedade em que 10% está clamando uma extrema-esquerda e 10% clamando uma extrema-direita. E a grande maioria das pessoas quer o melhor para suas vidas. Quer que tenha emprego, que o gás de cozinha não esteja esse valor absurdo de R$ 105. Somos um partido de centro-direita e não temos vedação a nenhum projeto, desde que seja um projeto conectado com os catarinenses e para que Santa Catarina volte a ser exemplo para o Brasil.
No estúdio, Camilo estava acompanhado da ex-vereadora criciumense Camila Nascimento, recém-filiada ao partido e, como ele, egressa do Psd. O dirigente evitou críticas diretas à antiga sigla, mas afirmou que “o Brasil vive nos partidos políticos muito caciquismo”.
– No Psd a participação nas decisões às vezes não era tão democrática. No Podemos nós temos debate. Na última reunião, foram debates acalorados porque há pessoas que querem vir para o Podemos e a discussão ficou meio colegiada. Alguns nomes que foram questionados. Isso que faz um partido. Com o fim da coligação na proporcional, os partidos precisam ser grupos de pessoas que pensam parecido, mas que debatam, caso contrário o partido vai minguar e ter os problemas que todos os outros têm.
Ouça a íntegra da entrevista:
Sobre a foto em destaque:
Ex-prefeito de Palhoça e presidente estadual do Podemos, Camilo Martins foi entrevistado no estúdio da Rádio Som Maior nesta quarta-feira. Foto: Vitor Netto, Som Maior.