Representante de uma geração de talentosos articuladores políticos, Jorge Bornhausen não descansa. Aos 83 anos, o ex-governador, ex-senador e ex-ministro, continua no jogo para viabilizar alternativas de poder no Estado e no país. “O brasileiro quer ter esperança”, diz JKB, que considera o governador Carlos Moisés (Psl) “incapaz” e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) “alguém que não tem o mínimo equilíbrio mental necessário”.
Assim, afiado, Bornhausen é o primeiro entrevistado no programa Cabeça de Político, agora no Upiara Online. Ele nos recebeu no escritório do filho Rafael Bornhausen, no Centro de Florianópolis, em um ambiente tomado por obras de arte de autores catarinenses como Rodrigo de Haro e Meyer Filho, onde discorreu sobre a situação política do país e do Estado. Sua principal articulação, hoje, é construir uma alternativa à polarização nacional entre o presidente Bolsonaro e o ex-presidente Lula (Pt) – de quem foi feroz opositor em sua trajetória política.
– O brasileiro quer ter esperança. Não deseja nem a corrupção do passado que caracteriza um dos lados e nem a irresponsabilidade do governo atual que caracteriza o outro lado. Há necessidade de alguém que represente o Brasil como ele é. Um personagem moderado, que se dirija a todos, não a facções, que tenha bom perfil político-administrativo, que seja ficha-limpa e se dirija às pessoas mais pobres. Uma pessoa que queira construir um Brasil diferente do que vivemos no presente e do que vivemos em um passado recente.
Para construir a terceira via – que ele prefere chamar de “nova via” – Bornhausen conversa com figuras como Gilberto Kassab (Psd), ACM Neto (Democratas), Marcos Pereira (Republicanos), Luiz Henrique Mandetta (Democratas), Luciano Huck (sem partido), João Dória (Psdb) e Eduardo Leite (Psdb). Não tem pressa. Acredita que este é o momento em que todos os nomes que ambicionam a presidência têm o direito a tentar se viabilizar, desde que unam esforços adiante. A convergência, acredita ele, virá no final de março, quando fecha a janela para troca de partidos. Bornhausen acredita que a tal nova via vai enfrentar Lula no segundo turno, desalojando Bolsonaro da reta final da disputa pela presidência.
– A situação do Bolsonaro vai ser cada vez pior. Sua posição diante da pandemia vai ser uma marca muito forte. É difícil uma pessoa neste país que não tenha perdido um parente, um amigo querido, e que não veja que esse movimento negacionista do presidente foi uma das ações que prejudicaram a vacinação – acredita.
Ele admite que votou no atual presidente no segundo turno de 2018, uma experiência que não pretende repetir nem mesmo se houver um segundo turno entre Bolsonaro e o Lula – o líder petista que já disse em comício que Santa Catarina deveria extirpar a família Bornhausen da política.
– Votei no Alckmin no primeiro turno e no segundo turno votei por exclusão. Mas quero dizer que nunca mais na minha vida vou votar por exclusão – disse Bornhausen.
– E se houver segundo entre Bolsonaro e Lula? – questionei.
– Anularei meu voto.
Assista à entrevista:
Sobre a entrevista:
Jorge Bornhausen é o primeiro entrevistado na nova fase do programa Cabeça de Político. Além do cenário nacional, ele também falou sobre as articulações para construir uma aliança ampla para o governo do Estado reunindo Psd, Democratas, Podemos, Republicanos e Psc, além de rememorar fatos de sua trajetória política. No canal Upiara Online no YouTube, veja também as 45 entrevistas do Cabeça de Político realizadas entre 2018 e 2020.