A política de Florianópolis das últimas três décadas tem a marca de Gean Loureiro (Democratas). Desde que em 1993, quando aos 20 anos ele assumiu o primeiro de seus cinco mandatos como vereador e começou uma trajetória em que se notabilizou por unir a capacidade de trabalho com a falta de receio de usar o marketing para expor esse trabalho – dos antigos outdoors de datas celebrativas até a abundante e bem desenvolvida presença nas redes sociais que o atual prefeito reeleito da Capital de Santa Catarina utiliza para fazer contato direto com os habitantes que governa.
Agora, aos 49 anos, Gean Loureiro quer levar esse estilo marcante para o resto de Santa Catarina. Segundo entrevistado na nova fase do programa Cabeça de Político, o prefeito evita declarar desde já que vai renunciar ao cargo em abril do ano que vem para entrar na disputa pelo governo catarinense. Mas todas as pistas estão na conversa de cerca de 30 minutos, registrada no gabinete em que o prefeito vê diariamente pela janela o Palácio Cruz e Souza – morada e local de trabalho dos comandantes do Estado (ou província) desde o Império até o início dos anos 1980.
Apesar das pistas e de antecipar que pode ter como mote em 2022 a promessa de ser o governador das grandes obras, Gean mede as palavras quando perguntado sobre o que passa por sua cabeça quando pensa na decisão de renunciar ao cargo para o qual foi reeleito em novembro do ano passado ainda em primeiro turno com 53% dos votos.
– Eu não estou pensando nisso agora. Chego à conclusão que para ter sucesso em 2022, as pessoas têm que pensar no seu trabalho em 2021, não na campanha de 2022. Quem ficar falando da campanha de 2022 em 2021, talvez o eleitor esqueça – afirma.
Na entrevista, falamos da pandemia, da gestão em Florianópolis e do que gostaria de fazer se fosse o governador do Estado. Gean também avaliou a administração do governador Carlos Moisés (sem partido) e o desempenho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na gestão da pandemia. Questões políticas como a saída do Mdb em 2018 e a troca do vice-prefeito, com a possibilidade do empresário Topázio Silveira Neto (Republicanos) assumir a prefeitura em caso de renúncia, também fizeram parte da conversa.
O Cabeça de Político abordou, ainda, a exposição da relação sexual que o prefeito teve com uma subordinada em um gabinete da prefeitura, revelada em plena campanha eleitoral. Gean foi multado, em acordo com o Ministério Público de Santa Catarina, com arquivamento do inquérito. A acusação de estupro não foi comprovada pelas investigações. Ele diz não temer que o eleitor do interior do Estado seja mais crítico que o da Capital em relação ao episódio de infidelidade conjugal em um ambiente de trabalho.
– Não teve benevolência na cidade de Florianópolis. O eleitor cobrou posição, eu me justifiquei, pedi desculpas. Agora eu estou tentando trabalhar nos acertos. O eleitor está preocupado com os acertos do administrador público. Se for pegar todos os eventuais candidatos a governador, vai se encontrar pequenas falhas de cada um. Será que vale a pena o eleitor olhar as pequenas falhas ou o contexto maior?
Assista à entrevista:
Sobre a foto em destaque:
Gean Loureiro é o entrevistado do programa Cabeça de Político no mês de julho. No canal Upiara Online no YouTube, veja também a entrevista com o ex-senador Jorge Bornhausen, de junho, e as 45 edições da primeira fase do Cabeça de Político realizadas entre 2018 e 2020.