O candidato a governador do Partido Liberal vai à Justiça Eleitoral para tentar impedir que o adversário do União Brasil use a imagem do presidente Jair Bolsonaro (Partido Liberal) em sua campanha eleitoral. Alega que o União tem seu presidenciável, a senadora Soraya Thronicke, e não poderia pedir votos para outro. Atento, um ex-governador do Progressistas que tenta voltar ao cargo com apoio dos bolsonaristas observa a briga judicial.

Parece familiar, leitor? E é, mas estou falando do Estado de Rondônia. Lá, o senador Marcos Rogério (Partido Liberal) acionou o Tribunal Regional Eleitoral (Tre-RO) para impedir o uso da figura de Bolsonaro pelo governador Marcos Rocha (União). O ex-governador progressistas é Ivo Cassol.

3.436 quilômetros separam Porto Velho de Florianópolis, as capitais de Rondônia e Santa Catarina. Curiosamente, ambos os Estados vivem essa curiosa disputa por Bolsonaro – líder disparado das intenções de votos entre rondonienses e catarinenses. Aqui, Jorginho Mello (Partido Liberal) conseguiu uma liminar no Tre-SC para impedir o uso da imagem do presidente pelo adversário Gean Loureiro (União) e seus aliados, decisão que não atinge o ex-governador Esperidião Amin (Progressistas), candidato a retornar à Casa d’Agronômica.

A coincidência veio à tona com a bronca que Bolsonaro deu em entrevista ao programa Pânico, da Jovem Pan. Reproduzo a frase:

– Teve um Estado em que um candidato do nosso partido entrou na Justiça para que outros candidatos, deputado estadual, federal, não pudessem usar no santinho a minha cara ao lado do cara do Ptb, do Pp, não sei o quê, do Pr. O cara está vendo o quê? O lado dele apenas. Eu fui para cima e autorizamos todo mundo que quiser usar meu nome, minha fotografia, até na televisão, minha cara do lado. Para mim, é muito bem vindo, porque eu preciso. Se eu quiser me eleger, é 50% mais um.

A semelhança da situação vivida em Santa Catarina fez o trecho da entrevista correr como rastilho de pólvora nas redes sociais. Imediatamente, o comitê de Jorginho buscou a contextualização rondoniense. Lá, o próprio Bolsonaro mandou um vídeo específico – a tal autorização que ele citou ao Pânico. Mesmo assim, a tese que vale em Rondônia deve valer também de aviso aos candidatos catarinenses. Nele, o presidente autoriza “candidatos ao governo do Estado, ao Senado, a deputado federal ou estadual” a usarem “meu nome à vontade, independente de qual partido você esteja filiado”.

Mesmo que Bolsonaro não estivesse se dirigindo a Jorginho, o vídeo para os candidatos de Rondônia alimenta a narrativa de que o ciúme com a imagem do presidente prejudica a campanha à reeleição ao impedir que se amplie o arco de alianças – formais ou informais. Foi essa o tom da resposta dada pelo prefeito chapecoense João Rodrigues (Psd), aliado de Gean Loureiro, ao responder à polêmica liminar dada pelo Tre-SC.

Aqui em Santa Catarina, além de Jorginho e Amin, o governador Carlos Moisés (Republicanos) também tem o direito de usar a imagem de Bolsonaro, porque seu partido integra a coligação. Gean, interditado por liminar, não alimentou a polêmica. Por enquanto, o presidente figurou apenas nos materiais e eventos com as digitais de João Rodrigues. No Cnpj da coligação União/Psd/Patriota, não apareceu nada ainda. Resta saber se é cautela ou se a estratégia é usar Bolsonaro só quando for necessário dar alguma satisfação ao aliado de Chapecó.

 

Veja o que disse Bolsonaro no Pânico:

Veja o vídeo de Bolsonaro para Rondônia:

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