Zé Dirceu em Florianópolis

O ex-ministro José Dirceu (Pt) passou pouco mais de uma semana em Florianópolis e conversou com gente de diversos partidos na missão de ajudar a construir um palanque catarinense para a candidatura do ex-presidente Lula (Pt) ao Planalto. Além dos petistas locais, ele se encontrou com gente do Psb, do Mdb, do Psd, do Psdb, do Pdt e do Pv. Dirceu não vê problema em palanques múltiplos, mas defende a unidade como forma de chegar, inclusive, ao segundo turno na eleição catarinense – contando com uma cenário de fragmentação de candidaturas à direita e centro-direita. Para essa composição, o Pt pode até abrir mão da cabeça-de-chapa para um nome como o senador Dário Berger (Mdb) ou o ex-deputado federal Jorge Boeira (Progressistas, a caminho do Psb). Com uma condição clara: assumirem a candidatura Lula para valer.

Amigos presentes

Zé Dirceu recebeu uma homenagem de amigos catarinenses em um pequeno evento no Rio Vermelho, na Duca Charcutaria/Smoke in Brasa. Ficou emocionado com as declarações de carinho e apelos para que ajude a conduzir a volta do Pt ao governo federal. De um artista local, recebeu uma placa com a expressão “pois, Zé” – que o ex-ministro lembrou ser o nome de um jornal que lançou nos anos 1980. Sim, Zé Dirceu chegou ao encontro de verde-amarelo – modelito Copa do Mundo no Brasil – e disse que a esquerda não pode entregar a bandeira brasileira para os bolsonaristas de mão-beijada.

Recall

As articulações de Dirceu por uma frente ampla para Lula em Santa Catarina não colidem com a pré-candidatura do ex-deputado federal Décio Lima (Pt). A construção ideal seria aglutinar os nomes na majoritária. Candidato petista em 2018, Décio tem a seu favor pontuação maior nas pesquisas internas.

Dário sem Mdb

Sobre Dário Berger, existe a clareza de que ele não conseguiria trazer o Mdb catarinense para uma frente lulista caso vença o confronto interno com o prefeito jaraguense Antídio Lunelli. O senador teria que arriscar a mudança de partido. Algo que parece improvável neste momento.

Pesos e medidas

Upiara, você está dando espaço para o José Dirceu, condenado e preso no Mensalão? Mas é claro que estou. Inclusive, ele dividiu cela com Valdemar da Costa Neto, dono do Partido Liberal (Pl), o 99% futuro partido do presidente Jair Bolsonaro (ex-Psl).

Enquanto isso, no Psdb…

Aliados catarinenses do governador gaúcho Eduardo Leite na prévia presidencial do Psdb rejeitam a ideia de que o governador paulista João Dória virou favorito na reta final da disputa que se encerra no domingo. Dória organizou uma adesão em massa dos filiados paulistas, que correspondem a 58% dos inscritos no aplicativo em que será feita a eleição que envolve os dois governador e também o ex-senador amazonense Arthur Virgílio. No entanto, a disputa entre os tucanos tem voto ponderado – os filiados sem cargo correspondem apenas a 25% do resultado.

Contando garrafinhas

Assim, Eduardo Leite espera compensar a derrota entre os filiados sem mandato com o resultado do grupo que inclui deputados federais, senadores, governadores, presidente e ex-presidentes nacionais do partido, que também vale 25%. Aí, a disputa vai ser travada voto a voto no grupo dos prefeitos e vices (25%), vereadores (12,5%) e deputados estaduais (12,5%). Nas contas dos aliados dos gaúchos, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Paraná compensam o peso de São Paulo entre quem tem mandato.

A conferir

A projeção do apoio a Eduardo Leite em Santa Catarina é de quatro por um.

Colombo testa discursos de candidato

O ex-governador Raimundo Colombo (Psd) quer ser candidato a governador, mas pode abrir mão se houver um nome mais forte que ele. Foi o que disse o pessedista em entrevista ao jornal Correio Otacilense, de Otacílio Costa, espaço em que pareceu estar testando os discursos que pretende adotar como pré-candidato em oposição ao governador Carlos Moisés (ex-Psl). Na fala de Colombo, vem forte a tese de que enquanto seu governo enfrentou crise sem aumentar impostos, a atual gestão prioriza a arrecadação à sociedade. E que “mesmo com esse mundo de recursos, o governo atual não consegue fazer nada”, “um governo fantasma” que “faz muita propaganda”.  Mas Colombo também atacou Moisés na seara política. Ironizou o governo eleito em 2018 com o discurso da “nova política” estar governando aliado a forças tradicionais.

“Ele veio para combater a classe política e hoje está sendo comandado pelos políticos que combateu. Não é ele que manda, as pessoas sabem disso.”

Raimundo Colombo (Psd), acusando Moisés de terceirizar o governo.

À disposição

Sobre a candidatura o governo em 2022, Colombo disse que o atual momento político brasileiro exige que as pessoas não se omitam e que “as forças políticas estão perdidas”. Não citou nomes de possíveis aliados, mas admitiu que pode abrir mão da candidatura.

Talvez eu seja a pessoa certa e talvez seja um outro. A gente tem que ter a grandeza de enxergar qual é o movimento que se deve fazer para colaborar. Com certeza não é omissão, que tem muito a ver com covardia. A gente tem que se colocar à disposição. Ser candidato ou não, ainda é cedo. Vamos avaliar. Eu gostaria de ser, mas se eu sentir que o momento é de ajudar outro, sem nenhum problema.

Raimundo Colombo, candidato a candidato.

Basta querer, mas não basta

Uma troca intensa de mensagens na madrugada com Gilberto Kassab garante a Raimundo Colombo a condição de candidato do Psd a governador, se ele quiser. O problema, no entanto, é unificar as demais lideranças do partido no Estado em torno desse projeto – inclusive aqueles que o ex-governador insinua que mandam no atual governo. Hoje, parece difícil. Mas a eleição não é hoje.

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