Antídio Lunelli deixou para o último dia do prazo de desincompatibilizações o ato de renúncia à prefeitura de Jaraguá do Sul para poder manter a condição de pré-candidato a governador pelo Mdb. No sábado, fez a festa em casa, passou o cargo para o novo prefeito Jair Franzner (Mdb) e entrou de vez no jogo da sucessão. O gesto mais difícil, a renúncia, está feita. Agora viverá até 5 de agosto, prazo final das convenções, a difícil tarefa de convencer o Mdb e o possíveis aliados de que seu projeto é viável e merece encabeçar a candidatura do maior partido de Santa Catarina.
Na festa que fez em Jaraguá do Sul, lotou o Teatro Scar com apoiadores emedebistas do todo o Estado. As baixas, no entanto, foram evidentes. Dos nove integrantes da bancada estadual, apenas Fernando Krelling e Ada de Lucas foram prestigiar o evento. Os deputados estaduais foram e serão sempre o maior obstáculo à consolidação da candidatura de Antídio – interessados em levar o partido para o projeto de reeleição do governador Carlos Moisés (Republicanos). Nesse contexto, interessante observar a presença do ex-governador Eduardo Pinho Moreira, que mesmo com críticas à pré-candidatura do ex-prefeito jaraguense e à condução do presidente estadual Celso Maldaner, estava lá. Também estavam os dois maiores aliados de Antídio: o deputado federal Carlos Chiodini, estrategista do projeto, e o ex-prefeito joinvilense Udo Döhler, elo com o empresariado da maior cidade do Estado.
Com a renúncia, Antídio mantém em Jaraguá do Sul às rédeas da candidatura emedebista. Se ficasse na prefeitura, a bancada estadual ia tentar controlar o processo. No momento, o futuro do Mdb catarinense continua nas mãos de Antídio, Chiodini e Maldaner. Vai ser difícil mudar isso. O jogo exigirá muita paciência até dia 5 de agosto. Se Antídio não deslanchar, o Mdb será a noiva mais cobiçada da eleição – cortejada por Moisés, o ex-governador Raimundo Colombo (Psd) e o ex-prefeito Gean Loureiro (União), de Florianópolis.
Santa Catarina tem tudo para viver sua mais aberta disputa pelo comando do governo estadual. Estão alinhados hoje nove pré-candidatos: Antídio Lunelli (Mdb), Carlos Moisés (Republicanos), Dário Berger (Psb), Décio Lima (Pt), Esperidião Amin (Progressistas), Gean Loureiro (União), Jorginho Mello (Partido Liberal), Odair Tramontin (Novo), Raimundo Colombo (Psd). Destes, é provável que apenas cinco, no máximo seis consigam ser realmente candidatos a governador em outubro.
Será uma eleição muito mais sofisticada que a de quatro anos atrás. Em 2018, Gelson Merisio (no Psd) e Mauro Mariani (Mdb) eram rostos novos capitaneando dois conglomerados de partidos que lhes fizeram crer (e a quase todos nós) que isso bastaria para que a eleição se restringisse a eles – Décio Lima estava isolado com o Pt e o verdadeiro adversário era invisível: a onda que levaria o desconhecido Moisés ao governo a bordo do 17 de Jair Bolsonaro.
Este ano, o candidato bolsonarista é conhecido de antemão: Jorginho Mello. Os demais vão se preparar para enfrentá-lo e para minimizar o efeito de Bolsonaro sobre sua candidatura. A esquerda vive um momento melhor que há quatro anos e se agrupou – atraindo nomes de centro como Dário e Merisio. Enquanto isso, Moisés será o candidato com um governo para defender e expor, mas sem o vínculo com o presidente que o catapultou. Os demais – Antídio, Amin, Gean, Colombo – vão tentar construir palanques ligados à tradição política do Estado, mesmo quando o nome for diferente dos usuais.
Será um jogo interessante. Começa agora a segunda fase
Sobre a foto em destaque:
Antídio Lunelli no evento em que renunciou à prefeitura de Jaraguá do Sul. Foto: Divulgação.