A iminente saída do senador Dário Berger do Mdb e, consequentemente, da disputa interna pela vaga de candidato emedebista ao governo, criou as condições para que o prefeito Antídio Lunelli, de Jaraguá do Sul, conquistasse o que desejava desde o ano passado: a condição de portar-se e e articular como o único nome do Mdb na disputa. Mesmo que a bancada estadual e parte dos prefeitos deseje encorpar o projeto de reeleição do governador Carlos Moisés (ex-Psl), os passos e a forma de jogar do empresário/político neste momento de pré-campanha serão fundamentais.

Antídio terminou a semana emitindo gestos que buscam dissipar a sensação de que estava aderindo ao projeto de Moisés e de parte do partido. Foi às redes sociais bradar não ter intenção de ser vice “em nenhuma chapa”. Uma frase que pode e deve ser lida como um recado ao Centro Administrativo e à bancada estadual do Mdb, mas também serve para os pré-candidatos Gean Loureiro (Democratas, futuro União Brasil) e Raimundo Colombo (Psd), com quem manteve conversas recentes.

No mesmo dia, o deputado federal Celso Maldaner – presidente estadual do Mdb e formalmente um dos pré-candidatos ao governo – voltou a indicar que a bola está com Antídio. Em vídeo com o ex-prefeito e atual vereador Nilson Bylaardt, ele disse com todas as letras que “Antídio será o próximo governador”. A prévia, se é alguém ainda acreditava nela, parece cada vez mais um cadáver insepulto – para usar a expressão do ex-governador Paulo Afonso Vieira, aliado de Dário e antidiofóbico, em entrevista à Maga Stopassoli.

Nesta segunda-feira, Antídio anunciou uma licença de uma semana do cargo em Jaraguá do Sul, deixando o comando da cidade nas mãos do também empresário Jair Franzner (Mdb), da Urbano Alimentos, escolhido a dedo em 2020 para assumir o cargo em definitivo caso prosperasse o projeto estadual deste ano. Logo neste primeiro dia de licença, Antídio foi para Joinville, maior colégio eleitoral do Estado, onde busca se consolidar como principal nome da região na disputa pelo poder catarinense. Tem um aliado influente, o ex-prefeito Udo Döhler, que discursou veementemente contra possíveis acordos de cúpula contra a candidatura emedebista ao governo.

Convencer Joinville a abraçar o candidato de Jaraguá do Sul é a primeira e principal aliança que Antídio precisa fazer para se consolidar como candidato ao governo. A outra, mais formal, é buscar a composição política que encorpe o projeto. Nisso, ele também trabalhou fortemente nos últimos dias. Nesta segunda-feira, o Podemos ia debater e votar a resposta à carta enviada pelo União Brasil convidando a legenda a estabelecer desde já uma aliança. Embora o texto diga que o nome do candidato a governador seria escolhido em comum acordo entre os partidos através de critérios pré-estabelecidos em acordo, todo mundo leu o gesto como uma tentativa de fortalecimento da pré-candidatura de Gean Loureiro.

Na quinta-feira, Antídio foi a Balneário Camboriú conversar pessoalmente com o prefeito Fabrício Oliveira, pré-candidato do Podemos ao governo. O voto dele na executiva era tido como favorável à aliança precoce, tese defendida pelo ex-deputado federal e pré-candidato a senador Paulo Bornhausen. Além dessa conversa olho no olho, Antídio e o deputado federal Carlos Chiodini, seu conselheiro político, acionaram seus contatos no partido.

Ainda no sábado, o prefeito Mario Hildebrandt, presidente do conselho político do Podemos e anfitrião da reunião presencial que ocorreria nesta segunda-feira em Blumenau, anunciou a suspensão do encontro por motivos particulares. O Mdb de Jaraguá do Sul continua no jogo e não perdeu aquele que pode ser seu principal aliado.


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Antídio Lunelli vive o momento que pode consolidar, ou não, sua pré-candidatura ao governo do Estado. Foto: Divulgação.

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