O pré-candidato à Presidência da República pelo Avante, o deputado federal mineiro André Janones foi entrevistado por Upiara Boschi na sequência da série Presidenciáveis, na qual já foram ouvidos Sérgio Moro (Podemos), Ciro Gomes (Pdt), Felipe D´Ávila (Novo), João Doria e Eduardo Leite (Psdb) e Simone Tebet (Mdb) em parceria com a Rádio Som Maior. Ele defendeu que o caminho para consolidação de uma terceira via é a superação do discurso ideológico de confronto entre a esquerda e a direita.

– Eu sou filho de dona de casa, me formei na faculdade ganhando bolsa e sendo cobrador de ônibus, os problemas que eu chamo do povo são aqueles em que precisam focar no valor do arroz, feijão, cesta básica e qualidade de serviço prestado pelo Sus – disse o presidenciável.

Janones chamou atenção ao alcançar a marca de 2% nas primeiras pesquisas em que teve o nome apresentado – marca semelhante a de nomes mais conhecidos e há mais tempo no cenário dos presidenciáveis, como o governador paulista João Dória (Psdb) e a senadora Simone Tebet (Mdb). Ele ressalta que as mesmas pesquisas indicam que é conhecido por apenas 20% do eleitorado. Na estratégia tirar as questões que considera ideológicas do debate, Janones evitou ataques tanto ao presidente Jair Bolsonaro (Pl) quanto ao ex-presidente Lula (Pt), os nomes que polarizam atualmente a disputa. Ressaltou que há méritos em ambas as gestões – citou a redução da desigualdade no governo Lula e a atuação do ministro Tarcísio de Freitas, da Infraestrutura, na gestão Bolsonaro.

– Todo mundo tem algo bom a oferecer. Eu, enquanto deputado, sempre orientei minha assessoria para quando me passavam as matérias que seriam votadas, tirar o autor do cabeçalho. Eu não quero saber o autor, se é Bolsonaro, se é o Pt, se é quem quer que seja.

Na linha de focar nos problemas reais, o presidenciável afirmou que o problema da alta inflação no país se inicia pelo preço do combustível. Conforme sua explicação, apenas 20% da substância que compõe a gasolina vem de fora e 80% é fabricada no país.

– Estamos deixando que essa porcentagem pequena que vem de fora, fale mais alto – disse Janones, defendendo uma política onde o cálculo dos custos com o capital chegue a uma margem de risco razoável, para então estabelecer o valor, que não seria equiparado à cotação do dólar.

– Quando aumenta o preço da gasolina, aumenta o mercado de vestuário e alimentício – salientou.

Janones garantiu que não tem e que não vai buscar um guru econômico para respaldar sua candidatura. O deputado federal disse que o mínimo para um político que tem vontade de “sentar na cadeira do Presidente da República”, é ter conhecimento básico nas mais diversas áreas.

– Estou montando uma equipe sim mas não chamo de guru econômico porque isso é estratégia de campanha de política incompetente que terceiriza a sua responsabilidade. Ninguém precisa saber de tudo, mas você tem que saber o mínimo quando quer ocupar esse cargo – destacou.

O presidenciável do Avante também disse que discutir ideologia “serve para camuflar os debates”.

– O cidadão está em casa assistindo a um programa esperando o valor do salário mínimo, o preços dos alimentos e os problemas reais que atingem as pessoas. O homossexual, o hétero, o católico e o evangélico usam o mesmo transporte público.

Janones também falou sobre a possibilidade que o governador catarinense Carlos Moisés (ex-Psl) se filie ao partido. Ele disse estar otimista sobre a filiação, mas que a condução das conversas é da direção nacional. Admitiu ter encontrado o governador no dia da entrevista, realizada dia 18 de fevereiro.

Ouça a íntegra da entrevista:


Sobre a foto em destaque:

O deputado federal e pré-candidato a presidente André Janones (Avante) concedeu entrevista a Upiara Boschi. Foto: Divulgação.

Compartilhar publicação: