A ex-senadora e jornalista gaúcha Ana Amélia Lemos (Progressistas) foi a convidada da última terça-feira do EcoCria Talks – live realizada pela Escola de Comunicação Criativa da Unesc. Participei da conversa e perguntei a ela sobre a possibilidade de ter que escolher entre a candidatura presidencial do conterrâneo Eduardo Leite (Psdb), governador do Rio Grande do Sul, e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que negocia filiação ao Progressistas. Na resposta, a ex-senadora – que quer voltar ao Senado – deixou claro que sua posição no Progressistas está inviabilizada por uma questão local: o senador Luiz Carlos Heinze (Progressistas) pretende ser candidato ao governo e deve ceder os outros cargos da majoritária a partidos aliados. Ao mesmo tempo, sinalizou simpatia pela aspiração presidencial de Eduardo Leite.

Leia a pergunta que fiz e a resposta de Ana Amélia:

Upiara Boschi: O que eu queria saber da ex-senadora Ana Amélia é que ela participa da gestão de Eduardo Leite no Rio Grande do Sul, que traz uma aspiração presidencial. Há muito tempo o Rio Grande do Sul não traz uma aspiração presidencial como a de Eduardo Leite. Ao mesmo tempo, o Progressistas, seu partido, convive com a possibilidade da filiação do presidente Jair Bolsonaro. Como a senhora fica, com quem a senhora vai?

Ana Amélia Lemos: Eu fico no lugar onde a decisão for melhor para mim. Não é um problema Bolsonaro no meu caso. O senador Luiz Carlos Heinze, que é do Pp, fez um lançamento da sua candidatura ao governo do Estado já há alguns meses. Ao tomar essa decisão, ele criou um fato consumado: ele tem que abrir a vaga de senador e de vice-governador, que são majoritárias, a um partido aliado. Portanto, eu estou rifada de ser candidata pelo Pp. Então, o meu problema não é o Bolsonaro, é o senador que é candidato. Eu tenho a felicidade de ter recebido convite de seis partidos para me filiar, oferecendo a vaga de Senado em alianças que serão feitas em 2022. Estou sendo absolutamente franca com vocês e é natural, é um direito do senador imaginar ser governador. Pelo partido não tenho condições (de concorrer ao Senado), temos que caminhar pelo outro lado.

Na sequência, a ex-senadora falou sobre a aspiração do governador gaúcho Eduardo Leite e adiantou que pretende apoiá-lo se vencer a prévia do Psdb. Transcrevo:

Ana Amélia Lemos: Do começo para o meio da movimentação da prévia do Psdb, eu estava vendo uma ação muito enérgica e estava assustada com uma ação muito agressiva do (João) Dória (governador de São Paulo, que também disputa a prévia do Psdb). Com a movimentação política e a habililidade que o Eduardo está fazendo junto ao Psdb de vários Estados – Minas Gerais, Bahia, Mato Grosso do Sul, Goiás, Paraná -, ele foi ampliando sua base de apoio. E na visão de outros partidos também, enxergando nele uma capacidade maior de diálogo e de aliança. Mais nele do que no Dória. Aí as pesquisas começaram a aparecer, alguns sites importantes de mercado financeiro, não sei se era wishful thinking (pensamento desejável, em tradução livre), ou seja, o desejo, que seja, mas começaram a falar que o Eduardo ia ganhar a prévia. Eu, no meu caso, que trabalho com Eduardo Leite e que em 2018 aceitei ser vice (de Geraldo Alckmin na eleição presidencial) para que o meu partido pudesse compor com ele e apoiá-lo, eu fico evidentemente torcendo para que ele vença a prévia do Psdb. Terá o apoio do Alckmin, seguramente, e de lideranças importantes em São Paulo para que ele se viabilize. Em sendo candidato, o cenário eleitoral do Rio Grande do Sul também se altera.

Veja a íntegra do EcoCria Talks com Ana Amélia Lemos:


Sobre a foto em destaque:

Quando ainda era senadora, Ana Amélia Lemos foi registrada no mesmo clique com o então senador do Psdb catarinense Paulo Bauer e com Jorginho Mello, que era deputado federal e hoje é senador pelo Pl. Foto: Geraldo Magela, Agência Senado.

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