Esperidião Amin garante que vai cumprir a promessa de não disputar mais eleições. Quinto colocado na disputa pelo governo do Estado em 2022 e com mais quatro anos de mandato garantidos no Senado, ele participou da Live do Upiara da última terça-feira, no Jazz Inn, quando avaliou as razões que levaram derrotas do Progressistas – especialmente da família Amin nas eleições deste ano. Além disso, manteve o tom crítico à atuação do Supremo Tribunal Federal (Stf) e criticou o atual presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, por não defender a autonomia do parlamento diante do Judiciário.

Pela primeira vez desde 2002, não havia nenhum Amin na cerimônia de diplomação das eleições estaduais – nas demais, quando Esperidião não estava lá, havia a deputada federal Angela Amin e/ou o deputado estadual João Amin, ambos não reeleitos. Antes de analisar o cenário que levou à derrota, Amin brincou que a família deu “férias à Justiça Eleitoral” este ano. O resultado, ele credita à polarização nacional entre Lula e o presidente Jair Bolsonaro (Partido Liberal), reproduzida aqui no Estado com a ida de Jorginho Mello (Partido Liberal) e Décio Lima (Pt) para o segundo turno.

– Em uma polarização quase que totalitária como nós tivemos, isso explica o fracasso do nosso partido, que era considerado uma linha auxiliar do Pl. Santa Catarina foi o lugar do totalitarismo da polarização. Dá para perceber isso na evolução das pesquisas, na queda do percentual do Moisés, na queda do meu percentual, que nunca foi extraordinário, mas que desapareceu. É lógico que isso fere a gente, fere o partido. A gente imaginava que o partido pudesse ter um crescimento e pagamos um mico eleitoral. Isso não diminui em nada a qualidade dos nossos candidatos – avalia Amin.

Sobre o futuro político da família Amin, o senador diz que não planeja mais disputar cargos eletivos, mas não responde pelo João Amin e nem pela mulher Angela Amin.

– Quero dizer publicamente que não tenho mais projeto de disputar eleição. Se Deus me der saúde, estarei em 2026 completando 79 anos. Se estiver em bom estado, quero escrever um pouco, aprender a tocar bateria. Respondendo por mim, meu projeto pessoal é fazer 4 anos exemplares no Senado.

Após breve interrupção pela sessão remota no Senado, a conversa se voltou à Casa e ao senador Rodrigo Pacheco (Psd de Minas Gerais). Apesar dos elogios ao perfil e ao relacionamento de Pacheco com os senadores, Amin não garantiu que votará a favor de sua reeleição como presidente. Acredita que Pacheco falha ao não defender a autonomia da Casa frente ao Judiciário, citando o inquérito das fake news, conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes, que o catarinense considera ilegal.

– Eu acho que ele está faltando na defesa do que considero que é nosso dever fundamental, que é induzir a autocontenção do Judiciário. Não quero derrotar o Judiciário, quero demonstrar, principalmente ao Tse e ao Stf, que eles estão se prejudicando. Esse voluntarismo no inquérito nº 4.781 não está me prejudicando, mas prejudicando o Brasil e envenenando a sociedade como um todo.

O fato rendeu a comparação, por parte de Upiara Boschi, da reação de Renan Calheiros (Mdb de Alagoas) quando presidia o Senado e se recusou a cumprir a decisão do Stf pelo afastamento do então senador Aécio Neves (Psdb). O jornalista perguntou se Amin esperava uma reação semelhante de Pacheco. Amin respondeu que o estilo de Pacheco é diferente, mas cobrou medidas pontuais que evitem a necessidade de uma medida extrema – ou “um tiro de garrucha”, como ele definiu – como aquela tomada por Calheiros.

– Basta uma cutucada, uma aprovação de um convite para que um ministro do Supremo venha explicar. Se não vier, já começa o processo de impeachment. Pela falta do diálogo institucional, alguém vai ter que dar um tiro de garrucha, que é isso que o Renan [Calheiros] fez.

Assista à live completa:

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