Esperidião Amin está prestes a completar meio século como personagem da política catarinense. Ele tinha 24 anos em 1972 quando ocupou pela primeira vez um cargo no primeiro escalão no Estado, a Secretaria de Saúde no governo de Colombo Salles. Foram breves oito meses no comando da pasta que deram a largada em uma carreira em que seria prefeito de Florianópolis duas vezes, secretário de Transportes, deputado federal três vezes, governador duas vezes, senador outras duas. 

Entrevistado no programa Cabeça de Político, Esperidião Amin recebeu nossa equipe em seu escritório no Centro de Florianópolis – um gabinete tomado por imagens e referências a essa longa trajetória política. Especialmente os oito anos – entre 1983 e 1986 e 1999 e 2002 – em que comandou Santa Catarina. Em todas frases, gestos, expressões e olhares de Amin fica claro o sonho de voltar ao cargo de governador – mesmo que ele não o diga com todas as letras. 

– É normal que eu seja lembrado e não vou dizer “não vou” – diz Amin em determinado momento da conversa. 

Em pouco mais de meia hora de entrevista gravada, o senador não se esquiva das questões e mostra que está leve, bem-humorado e disposto a conversar várias frentes políticas – embora garanta que o Progressistas terá candidato ao governo do Estado, o que não acontece desde 2010, quando a mulher e hoje deputada federal Angela Amin ficou em segundo lugar na disputa contra Raimundo Colombo (Democratas na época, hoje Psd). Ele desafia o correligionário Joares Ponticelli ao dizer que está pronto para apoiá-lo para o governo, embora entenda a dificuldade de renunciar ao mandato de prefeito de Tubarão.

Como se vivesse uma versão “Esperidiãozinho Paz e Amor”, o senador Amin distribui fartos elogios. Diz que gostaria de voltar a compor com Colombo, Gelson Merisio (Psdb) e João Paulo Kleinübing (Democratas), seus colegas de chapa em 2018. Faz questão de enaltecer que Colombo amadureceu com a derrota na disputa pelo Senado e que conta com sua admiração. Sobrou elogio até para os eternos rivais do Mdb, com quem teve confrontos históricos e ríspidos com figuras como Paulo Afonso Vieira e Luiz Henrique da Silveira.

– Eu considero o Mdb de Santa Catarina um partido de raiz e com uma inspiração política invejável. É garra! Quantas eleições em momento adverso eles já disputaram? E se mantêm! Eu respeito meus adversários. Posso até não demonstrar, mas adversário eu trato bem porque gosto de nitidez. Assim como eu tenho nitidez – disse Amin, não sem antes ironizar que “o partido que dizia que íamos acabar hoje está menor que o nosso”.

O senador também admitiu que tem apreço pessoal pelo governador Carlos Moisés (sem partido) e que foi contra os processos de impeachment – “uma pantomima de opereta para chegar ao poder sem voto”. Não comenta que os mesmos atores hoje dão suporte ao governo de Moisés. Sobre os frequentes rumores de que o governador pode migrar para o Progressistas, ele brinca que não gostaria de ter “o voto de minerva” sobre a decisão de tê-lo nos quadros do partido.

Sobre outra filiação, Amin não esconde a expectativa e a torcida: ele quer o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no Progressistas. Afirma que com ele na legenda, a candidatura a governador do partido cresce de patamar. Além disso, minimiza os frequentes confrontos de Bolsonaro com o parlamento, governadores e ministros do Supremo Tribunal Federal. Perguntei a ele se essas manifestações não colocam em risco a democracia. Amin rejeitou a tese:

– Eu vejo risco para a governabilidade, não vejo risco para a democracia. Para a governabilidade, sim. 

Assista à entrevista.


Sobre a foto em destaque:

Esperidião Amin é o entrevistado do programa Cabeça de Político no mês de agosto. No canal Upiara Online no YouTube, onde você assiste também as entrevistas da nova temporada do programa com o ex-senador Jorge Bornhausen e o prefeito Gean Loureiro, além do acervo com as 45 edições da primeira fase do Cabeça de Político realizadas entre 2018 e 2020.

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