Uma frente parlamentar foi lançada pela Assembleia Legislativa de Santa Catarina durante o 27º Festival Internacional de Cinema Florianópolis Audiovisual Mercosul nesta terça-feira. Segundo o deputado estadual Marquito (PSOL), propositor da frente, o objetivo é estimular o setor no Estado. Durante a abertura, houve apresentação do grupo Ilu Oju Inu e leitura de um manifesto antirracista pela realizadora audiovisual Sandra Alves.
Segundo Marquito, a frente passa a ser uma das primeiras em âmbito estadual no país e surgiu com apoio de diversas associações dedicadas ao audiovisual e ligadas às causas sociais. Na Alesc, já fazem parte os deputados Marquito, Luciane Carminatti (PT), Fabiano da Luz (PT), Padre Pedro Baldissera (PT), Rodrigo Minotto (PDT), Napoleão Bernardes (PSD) e Mário Motta (PSD
– A Frente é suprapartidária, por acreditar na capacidade do setor audiovisual, na sua qualidade e diversidade, é uma grande motivação para auxiliar no desenvolvimento do setor – disse.
Para Luciane Carminatti, presidente da Comissão de Educação e Cultura da Alesc, a frente é mais uma força específica em defesa do audiovisual e celebrou o orçamento para o audiovisual neste ano. Ela destaca que entre 2010 e 2019, aumentou em 429% o número de agentes econômicos no audiovisual catarinense, de 90 para 476, mas que o Estado teria o “maior número de células nazistas do país”.
– Precisamos combater todas as manifestações racistas e este manifesto apresentado é fundamental para demarcar que povos indígenas e negros fazem audiovisual e precisam estar aqui.
Rafael Nogueira, presidente da FCC, destacou a necessidade do Executivo e Legislativo reforçarem a indústria criativa. Ainda, o recente edital incorporado à Lei Paulo Gustavo, alcançando R$ 38 milhões.
Entre os representantes das diferentes instituições presentes, Aline Belli, presidente do Santacine, afirmou que a criação da frente é um “sonho antigo” inspirado nos movimentos pela frente nacional no Congresso. Na fala, afirmou e que é preciso rever a Lei do PIC, o Prêmio Catarinense de Cinema e os desafios nacionais para a atividade. Cintia Bittar, da API, acrescentou que o setor vive um momento crítico em relação aos marcos regulatórios e que é preciso força institucional para defender os direitos autorais no ambiente digital.
Entre as representantes indígenas, Vanessa Fe Ha, coordenadora de comunicação da Arpinsul, do povo kaingang e estudante de jornalismo, ressaltou que o trabalho é “mostrar a força dos povos indígenas e suas lutas, não apenas a cultura dos colonizadores”.
Werá Eliezer, cineasta guarani do Morro dos Cavalos, criador de projeto de capacitação de jovens no audiovisual no litoral catarinense, fez uma oficina de cinema no FAM 2018.
– O audiovisual é uma ferramenta de luta, vários editais não são adaptados a povos indígenas, é preciso dar oportunidade para produzirmos nossos filmes.
Gabriel Borges, da APAN, ressaltou a iniciativa inovadora da Frente, que abre possiblidade para políticas públicas mais inclusivas e diversas, comprometida com valorização de profissionais negros e indígenas e com mudança de imaginário.
Carolina Borges de Andrade, conselheira do audiovisual, citou a reorganização da Setorial do Audiovisual e a necessidade de aprimoramento das leis e cotas nos editais, como para pessoas com deficiência. Marina Simioli, presidente da Cinemateca Catarinense, entidade de 37 anos que deu origem ao Prêmio Catarinense de Cinema, destacou o projeto Qualifica, de formação, a descentralização em diversas mesorregiões e a busca pela retomada do acervo do cinema catarinense.
Por fim, Tiago Santos, Diretor Executivo do FAM, lembrou que o Festival é feito pela Panvision, uma associação cultural, e a importância de circulação dos filmes, como faz o Circuito FAM de Cinema, que já alcançou 202 cidades desde 2005 e um público de mais de 50 mil pessoas, além do selo de sustentabilidade Ecovision, pautas que a Frente Parlamentar também pode incentivar.
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Crédito: Divulgação FAM 2023