A reação foi quase imediata. Menos de 24 horas depois que o governador Carlos Moisés (Republicanos) recebeu 46 dos 55 prefeitos do Progressistas (Pp) para um jantar cheio de manifestações de apoio a sua reeleição, o senador e pré-candidato do partido ao governo, Esperidião Amin, promoveu uma aproximação até agora inédita com o pré-candidato do Partido Liberal (Pl), senador Jorginho Mello. Na fala divulgada pela assessoria do progressistas após o encontro, Amin apontou o “respeito recíproco” às pré-candidaturas como principal definição do encontro.

– Nos encontramos hoje, Jorginho Mello e Esperidião Amin e, a principal definição desta reunião é o respeito recíproco. Ele como candidato do Pl e Esperidião Amin como pré-candidato a governador do Progressistas. Dois partidos que, em nível nacional, estamos apoiando a candidatura de Jair Bolsonaro. Primeira regra é de respeito recíproco. A segunda é de busca de formas de contribuir para que Santa Catarina tenha resgatado os compromissos dos governos federais. Os vários governos das várias sucessões de governo federal que não tem feito aquilo que Santa Catarina merece.

Até hoje, Amin havia rejeitado as tentativas de aproximação de Jorginho Mello. O encontro desta sextaf-feira acontece em uma semana que começou com o anúncio da desistência do ex-governador Raimundo Colombo (Psd) em concorrer novamente ao governo, consolidando o apoio do Psd à pré-candidatura de Gean Loureiro (União), e que se encerrava com o aceno da base progressista à reeleição de Moisés. Amin vinha dialogando com Colombo para uma parceria eleitoral, mas negou a possibilidade de antecipar desde já o apoio ao pessedista, que acabou optando por ceder ao grupo pessedista que defendia o apoio a Gean – adversário político dos Amin.

Ainda na manhã desta sexta-feira, em entrevista ao Plenário da Som Maior, o presidente estadual do Progressistas, Silvio Dreveck disse que a cúpula do partido tomou conhecimento do jantar “quando os prefeitos já estavam em movimento”.

– Não criamos nenhuma objeção porque aceitamos isso como uma normalidade, uma vez que o partido estava participando do governo até poucos dias atrás e nada de decisão foi tomada nesta reunião de ontem. Os prefeitos têm simpatia pelo atual governador e nós não contestamos isso – disse Dreveck.

O dirigente, no entanto, mostrou incomodo ao ser questionado sobre a possibilidade de que o Progressistas componha com Moisés, inclusive com a possibilidade de estar junto com o tradicional rival Mdb na chapa. Dreveck ressaltou que o governador nunca convidou a legenda e nem disse onde “poderia ser encaixado”.

– Impossível não é. Agora, temos que considerar o seguinte. O Progressistas tem 500 vereadores, tem 55 prefeitos, tem 54 vice-prefeitos, tem deputada federal, tem deputados estaduais, tem senador e tem capilaridade em todo o Estado de Santa Catarina. Não é por se tratar do Mdb, mas qual é o espaço que o Progressistas tem dentro desse projeto? Até hoje não recebemos uma proposta onde o partido poderia ser encaixado nesse projeto do governador. Não posso dizer que iremos para um projeto em que nós não recebemos nenhuma proposta ou convite nesse sentido.

Jorginho já havia tentado se aproximar do Progressistas, partido que fará parte do palanque nacional pela reeleição do presidente Jair Bolsonaro (Partido Liberal). Ano passado, o nome da deputada federal Angela Amin chegou a ser cogitado para a vaga de vice em sua chapa, o que foi rechaçado por ela na época – e também por lideranças bolsonaristas catarinenses. O flerte iniciado com Amin nesta sexta-feira – e anunciado pelo próprio progressista – é importante para o senador porque ameniza a imagem de isolamento político que sua pré-candidatura transmitia até agora, sem parceiros na política tradicional.

Ouça a entrevista de Silvio Dreveck no Plenário da Som Maior a partir de 1h26min:


Sobre a foto em destaque:

Amin e Jorginho quebram o gelo. Foto: Divulgação.

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