O Mdb catarinense viveu uma longa manhã na terça-feira. Acordou com os rumores de acerto entre o trio de pré-candidatos ao governo para que houvesse anúncio de uma chapa pura liderada por Antídio Lunelli, com Celso Maldaner de vice e Dário Berger ao Senado. Ainda pela manhã, o entendimento chegou a ser confirmado em nota oficial do partido, mas antes do almoço o acordo já havia sido chamado de “fake news” por Dário e desandou completamente em anúncio pública do próprio senador. O resto do dia foi uma mistura contemporizações e questionamentos.

O movimento pelo entendimento entre os três pré-candidatos vinha sendo costurado nas últimas semanas como forma de sobrepujar a pressão interna da bancada estadual para que a definição seja realizada apenas em 2022, quando os deputados, o partido e a sociedade terão noção real da viabilidade do projeto de reeleição do governador Carlos Moisés (sem partido), a quem hoje a bancada estadual dá suporte, governabilidade e elogios quase diários em anúncios de dinheiro para municípios. Em roteiro por Blumenau, Gaspar e Brusque na segunda-feira, o trio teve uma conversa que aparentemente foi definitiva para dois pares de ouvidos e ainda não para o terceiro.

Em entrevista na manhã desta quarta-feira na Rádio Som Maior, Celso Maldaner se mostrou otimista quando ao entendimento, mas deixou claro que não entendeu a reação de Dário Berger. Disse que houve uma conversa franca em que cada um apresentou os partidos com quem poderia contar em alianças. Ao apresentarem as cartas, o senador apresentou o Psb de Cláudio Vignatti, enquanto Antídio lançou o Podemos e outras siglas que, diz Maldaner, não podem ser citadas agora. Tem blefe aí, porque hoje nem Psb e nem Podemos confirmariam a informação.

Pelo relato de Maldaner, teria havido o entendimento de que o prefeito de Jaraguá do Sul teria melhores condições para composição com outras siglas. Pode-se entender que a partir daí nasceu a confusão. O entorno de Antídio, animado, começou a disparar as novidades. O presidente do partido, pressionado, admitiu. Foi o tempo necessário para que os apoiadores de senador que não estavam tomando cafés no Vale do Itajaí entrassem no circuito para desfritar o ovo – na Som Maior, Maldaner citou os ex-governadores Paulo Afonso Vieira e Eduardo Pinho Moreira e o ex-deputado federal Edinho Bez.

– O Dário não disse que precisava consultar mais gente – ironizou.

A dúvida que fica agora é se após esse contratempo o trio de pré-candidatos volta a mesa com a mesma postura de busca pelo entendimento antes das prévias marcadas para fevereiro de 2022. Maldaner marcou para a semana que vem uma reunião entre as executiva e a bancada estadual. Até lá, provavelmente não teremos novos capítulos da novela emedebista.

É impressionante como o Mdb caminha, meio sem querer, para repetir os erros de 2018. Na época, também tinha três postulantes ao governo do Estado. Passou o ano anterior em uma disputa interna de bastidores sobre quem comandaria a chapa do partido – tinha o governador Eduardo Pinho Moreira, o prefeito da maior cidade Udo Döhler e um deputado federal de votações exuberantes. Mas, percebeu-se logo, quem tem três candidatos não tem nenhum. Mariani bateu o pé que só sairia do jogo derrotado em prévia e levou a parada sem precisar disputá-la, porque Pinho Moreira e Döhler queriam ser ungidos. No ano eleitoral, Mariani até conseguiu uma boa aliança, mas sua candidatura não empolgou nem os próprios emedebistas e terminou em terceiro.

Na história do Mdb catarinense, o consenso e o entendimento prévio para a vaga de candidato a governador só aconteceram quando a vitória era considerada improvável demais para valer o esforço da briga interna. Paulo Afonso Vieira em 1994 e Luiz Henrique da Silveira em 2002, improváveis eleitos, foram os beneficiários.

Ouças as entrevistas de Celso Maldaner e Valdir Cobalchini à Rádio Som Maior:


Sobre a foto em destaque:

Dário Berger, Antídio Lunelli, Dário Berger e o acordo que ainda não aconteceu. Foto: Mdb-SC, sem indicação de autoria.


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