Contra novo fiasco, Amin não quer decisão na última hora

Foto: Jefferson Rudy, Agência Senado.
Ao reafirmar que o Progressistas terá candidato a governador em 2022 em entrevista à Rádio Som Maior, o senador Esperidião Amin fez uma autocrítica sobre as articulações improvisadas que acabaram deixando o partido sem cabeça-de-chapa nas disputas de 2014 e 2018. Amin disse que o partido precisa definir seu pré-candidato ainda este ano para não deixar a questão para a última hora. Reproduzo a frase, que tem embutida uma provocação aos progressistas que sonham com a filiação do governador Carlos Moisés (ex-Psl) ao partido – leia-se José Milton Scheffer.
“Nós temos é que a partir desta virada de ano nos esforçar para ter o nome. Então, quem defende a filiação de alguém no nosso partido, pede para ele definir. Isso nós temos que nos aprestar para não deixar para última hora. As nossas últimas decisões de última hora foram um fiasco. Eu faço parte do fiasco.”
Esperidião Amin, autocrítico.
Rememorando
Vou contextualizar a autocrítica de Amin. Em 2014, o partido estava sob a batuta de Joares Ponticelli e articulou para ingressar na chapa que levaria o governador Raimundo Colombo (Psd) e o vice Eduardo Pinho Moreira (Pmdb) à reeleição. Vetado pelos emedebistas na vaga de senador, Ponticelli acabou vice na chapa de Paulo Bauer (Psdb) nas últimas horas antes do fim do prazo das convenções partidárias. Em 2018, Amin chegou a ter a candidatura a governador aprovada na convenção do partido, mas acabou aceitando voltar para a mesa de negociações e compôs com o Psd de Gelson Merisio e Raimundo Colombo.
Passos de tartaruga
Na conversa na Som Maior, Amin também tratou do corte de R$ 40 milhões para as rodovias federais de Santa Catarina. O ministro Tarcísio de Freitas disse, em vídeo ao lado do senador Jorginho Mello (Pl), que a mexida foi meramente orçamentária e que era fruto de uma sobra de recursos no final do exercício, remaneja para manutenção. Amin ironizou, dizendo que só sobrou recurso porque as obras andam lentamente.
“A lentidão pode ser comparada a uma tartaruga gorda, pesada e velha. É isso que a população do Vale do Itajaí percebe, é isso que se percebe na BR-280, é isso que se percebe na BR-285 e na BR-163. Com esta velocidade, sobra dinheiro. Eu tenho o maior respeito pelo ministro. Acho que é um homem competente. Mas esse argumento de que sobrou dinheiro, isso é uma ironia. Nós brigamos o ano inteiro para recompor o orçamento federal e para acrescentar esses recursos estaduais. E aí a informação de que sobrou dinheiro é, no mínimo, de mau gosto e inadequada.”
Esperidião Amin, ironizando a fala de Tarcísio de Freitas.
Ouça a íntegra da entrevista de Amin
Novos auditores, o outro lado
O Sindicato dos Contadores da Fazenda Estadual (Sincofaz) rejeita a ideia de que há inconstitucionalidade na proposta do governo estadual que cria o cargo de Auditor de Finanças Públicas no Secretaria da Fazenda, com a transformação dos atuais contadores e analistas do Tesouro Estadual para essa nova função – em referência à nota que publiquei terça-feira. Alegam que o texto do projeto de lei foi analisado pela Procuradoria Geral do Estado e que “a junção das carreiras citadas é uma evolução estrutural que coloca em um mesmo patamar profissionais que formam uma equipe multidisciplinar, responsável pela gestão financeira, contábil e orçamentária do Estado”. Hoje a Fazenda tem dois tipos de auditores: fiscais e internos.
Há (?) vagas
A proposta prevê que a nova carreira de auditores terá 200 vagas. Destas, estarão imediatamente preenchidas 114 pela transformação das atuais carreiras de contador (96) e analistas do Tesouro (18). Há margem, então, para 86 contratações.
Auditores da Cge
O projeto questionado aportou na quarta-feira na Assembleia Legislativa. Também está no parlamento a proposta tão aguardada pelos auditores internos que formaliza a cessão dos categoria à Controladoria-Geral do Estado, com a denominação Auditor do Estado.
Lá vem o trator governista
Os projetos fazem parte do pacotão que o governo Carlos Moisés enviou para a Assembleia Legislativa analisar até o final do ano – 29 propostas, a maioria referente ao funcionalismo público. Ou seja, teremos dias animados pela frente com os governistas tratorando e a oposição reclamando da tratorada. Na tarde de quarta-feira, reunião conjunta das comissões – de Constituição e Justiça (Ccj), de Finanças e de Trabalho e Serviço Público – um calendário para análise acelerada dos projetos. Os deputados terão até segunda-feira para apresentar emendas, na quarta-feira haverá uma reunião conjunta para apresentação dos pareceres que serão votados na outra segunda-feira, dia 20. A previsão é que os projetos sejam votados em plenário da sessão do dia 21.
“É um calendário bastante estreito, mas pela quantidade de projetos, não temos muita saída. Temos que fazer um mutirão.”
Milton Hobus (Psd), presidente da Ccj e tratorista.
“Não dá para o governo colocar goela abaixo, com um monte de ‘jabuti’. Não tenho nada contra os reajustes, mas preciso ter consciência clara do que estou votando.”
Marcius Machado (Pl), membro da Ccj e tratorado.